A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU nos brinda com uma definição sobre biotecnologia de forma muito didática: “biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”.
A biotecnologia, utilizando técnicas de genética molecular, permitiu a obtenção de proteínas úteis para a medicina como é o caso, entre outros, de bactérias produtoras da insulina humana. Também impactou na genética vegetal com a criação de cultivares transgênicas: organismos geneticamente modificados (OGM), que são manipulados de modo a favorecer características do ponto de vista agrícola como resistência a determinadas pragas.
Essa tecnologia está aumentando a produção de alimentos, mais baratos e de melhor qualidade. Estamos vivendo a primeira onda por meio de plantas tolerantes a herbicidas e a insetos praga, que reduziram os custos e melhoraram a produtividade. Uma segunda onda de transgênicos está por chegar e será interessante aos consumidores: aumento da qualidade nutricional dos grãos e óleos com menor teor de gorduras saturadas, entre outras.
Na cultura da soja no Rio Grande do Sul, a semente é o insumo mais importante para o agricultor, embora a taxa de utilização da certificada fique em torno de 47%. A produtividade de uma cultura não consegue superar os limites determinados pela semente. Somente nos últimos cinco anos, a produtividade das lavouras de soja aumentou 25%.
Precisamos deixar claro ao agricultor as três alternativas na escolha da semente: para uso próprio, prática legal que permite que o agricultor salve seus grãos para plantar na safra seguinte, mas que não remunera o obtentor da cultivar. Outra alternativa é o grão pirata, ato ilegal e que traz prejuízos ao sistema. A terceira opção é pela semente certificada, onde atuam empresas de biotecnologia, obtentores vegetais, produtores de sementes, indústrias de tratamento e distribuidores. Essa cadeia quer ver o produtor rural cada dia melhor. Pois bem, tendo estas formas claras e definidas, quem decide é o produtor.
A Apassul busca esclarecer sobre esta escolha. Para nós, não resta dúvida de que a melhor escolha é pela certificada. Com certeza, a semente é a principal responsável pela transferência de renda para o agricultor.
Narciso Barison Neto é presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul)