Quando estava com 21 semanas de gravidez, Samia Covolan Torresini descobriu uma insuficiência placentária, que fazia com que sua filha não crescesse como deveria. Mesmo com a mãe seguindo as recomendações médicas, Violeta nasceu prematura. O fim da história não foi como a empresária sonhava, mas sua jornada pode inspirar outras mães.
Conheça a história de Samia e de Violeta em mais um capítulo da série O que vi e vivi:
Quando escolhemos o nome Violeta, sabíamos que a nossa bebê seria especial, mas nunca imaginamos que ela marcaria as nossas vidas desta forma. Descobri que estava grávida na manhã do último Natal. Levei a gestação tranquilamente, afinal, era o meu segundo filho – já sou mãe do Antônio, que tem três anos. Quando estava à espera dele, foi tudo tão tranquilo que nem lembrava que estava grávida, sabe? Achava que tiraria de letra minha segunda gravidez.
Quando estava com 21 semanas, descobri que, devido a uma insuficiência placentária, Violeta tinha restrição de crescimento. A gestação era considerada de risco e eu precisaria de acompanhamento semanal – então, fui internada com 26 semanas para monitoramento diário. Descobrir isso foi traumático. Tive que aprender a lidar com o medo da minha bebê não nascer viva, a ter paciência para esperar sete longos dias pela próxima ecografia, a filtrar os mil diagnósticos que o Google nos apresenta e entender que aquela era a nossa nova realidade. Fiz tudo o que estava ao meu alcance: repouso, alimentação de qualidade, descanso, hidratação contínua, mas não havia uma fórmula (ou um remédio) para nos “curar”. Conforme o tempo passava, fui ganhando confiança e tendo esperança de que nosso desfecho seria de sucesso, pois, apesar das condições adversas, Violeta se mantinha evoluindo firme e forte.
Um dia, após identificarmos a piora de um dos indicadores de saúde da bebê, fui encaminhada para uma cesárea. No dia 22 de junho, com 29 semanas e cinco dias, pesando 965 gramas e medindo 35 centímetros, Violeta nasceu. Apesar da prematuridade, chegou de olhos bem abertos e choro baixinho.
As primeiras semanas de UTI neonatal foram angustiantes, pois tudo era desconhecido e as informações pareciam confusas. Com o apoio carinhoso de técnicas de enfermagem, enfermeiras e outros pais e mães, fomos nos acostumando com a rotina, os exames, as terminologias e até os sustos que envolvem a internação de um prematuro: bradicardias, apneias, perda de peso, infecção…
Com o passar das semanas, Violeta foi crescendo e se desenvolvendo, mas os médicos ainda suspeitavam que ela tivesse um problema raro no intestino e uma biópsia foi indicada para investigação. Mesmo apreensivos, no dia 3 de setembro, com 73 dias de vida, nossa filha realizou o procedimento. Naquela tarde, porém, Violeta começou a apresentar problemas devido a uma grave complicação pós-cirúrgica e, no final do dia, depois de esperar por horas por uma cirurgia de emergência que não aconteceu, seu corpinho, tão forte e batalhador, mas também cansado de lutar, não resistiu mais e ela faleceu.
Nunca vou esquecer da sensação de tê-la em meus braços minutos após sua morte e de querer parar o tempo para sempre, só pra poder ficar segurando minha bebê ainda quentinha perto de mim. Meu marido e eu cantamos e agradecemos a ela por fazer parte das nossas vidas. Ela foi o presente de Natal mais lindo que já ganhamos! Violeta sempre foi amor e delicadeza. Foi como um raio de luz: chegou rápido, iluminou tudo e partiu. Deixou todos encantados, inebriados com sua presença e despedaçados com sua partida. Acima de tudo, plantou saudade e gratidão no coração de quem a conheceu.
É isso que este projeto significa: a transformação da dor em amor, da fragilidade em força e da solidão em amparo
SAMIA COVOLAN TORRESINI
sobre a criação do Violeta Borboleta
Por todas essas razões e, provavelmente, por muitas outras, criei o projeto Violeta Borboleta (@violeta.borboleta) que visa a aumentar o foco na prematuridade e oferecer tudo que esses bebês precisam em um só local, especialmente entregando amor e cuidado às famílias desses pequenos guerreiros. A ideia surgiu ainda nos tempos de UTI neonatal, entre colinhos e mamadas, quando conversava com outras mães sobre a falta de sites e marcas especializadas em prematuros. Poucos sabem, mas roupinhas, acessórios e demais itens do enxoval precisam ser em tamanho menor ou em um modelo específico. Decidi que, quando a Violeta tivesse alta, eu criaria um negócio focado nos bebês prematuros. Escolho itens cuidadosamente garimpados em marcas nacionais, com um design legal e matéria-prima de qualidade e que levam amor, carinho e incentivo para as famílias dessas crianças, que vivem momentos de medo, tensão, cansaço e fragilidade.
Pais de prematuros são tão guerreiros quanto os bebês, e tentamos abraçá-los através das nossas entregas, mostrando que não estão sozinhos. Para mim, foi muito natural nomear o projeto com um dos apelidos da Violeta, Violeta Borboleta, e ainda trazer a simbologia de transformação que a borboleta carrega. Porque é isso que este projeto significa: a transformação da dor em amor, da fragilidade em força e da solidão em amparo.
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