Sem saber, Fabrício Carpinejar foi o “cupido” de Mírian Soares. A empresária, que havia enviuvado recentemente, foi a uma palestra do escritor e passou a segui-lo nas redes. Foi lá que esbarrou na cena de homens disputando um buquê de noivas em uma brincadeira realizada na sessão de autógrafos do autor. Um deles viria a ser seu novo amor.
Conheça a história de Mírian e Lucas em mais um capítulo da série O Que Vi e Vivi.
"Estava recomeçando de uma forma que jamais imaginei"
Perdi o meu ex-marido em dezembro de 2018. Aos 38 anos, Geison foi diagnosticado com um câncer ósseo, o osteossarcoma, e, três meses após o diagnóstico, ele faleceu. Fomos casados por 14 anos, relação da qual nasceu meu filho, Henry, que tinha 12 anos na época. Muitos me falavam: “Nossa, como tu és forte”. Mas não é sobre ser forte, e sim sobre entender que nem tudo está em nosso controle – que dirá quando se trata de uma vida. Quando vi, éramos apenas meu filho e eu. Meu trabalho não estava fazendo mais sentido, eu me alimentava para sobreviver. Me perguntava: “Qual o sentido da vida quando perdemos uma vida que está ao nosso lado?”.
Aos poucos, comecei a aceitar que existem diversas vidas – não só a que perdemos, mas também a que eu tinha pela frente. Na busca por me sentir viva novamente, pude contar ainda mais com as minhas amizades. E foi justamente o convite de uma amiga que fez tudo mudar. Ela me chamou para assistir a uma palestra do escritor Fabrício Carpinejar, em abril de 2019. Não sabia qual seria o assunto, mas fui. Quando começou o bate-papo, descobri: o tema era “vida”. Ironia do destino, não é?
O que mais fazia era tentar fugir de pensamentos sobre a minha vida. Mas, desta vez, fui em direção a eles. Empolgada com o que ouvi, decidi seguir o Carpinejar nas redes sociais – afinal, mesmo que estivesse triste, em alguma parte de mim pude sentir vida nas palavras dele.
Os dias se passaram iguais, eu seguindo a vida, trabalho, filho, contas, redes sociais – que, para mim, se tornaram um novo caminho. Enquanto tentava ocupar o tempo, lembrei da palestra e resolvi abrir o perfil do Carpinejar no Instagram. Para a minha surpresa, o escritor havia publicado um vídeo de uma de suas sessões de autógrafos. A cena era inusitada: vários homens tentavam pegar um buquê de flores, como as solteiras fazem em um casamento. Achei tão curioso e, ao mesmo tempo, tão legal, que resolvi mostrar para uma amiga, que estava à procura de um amor. Mal sabia eu o que aconteceria.
Alguns dias depois, recebi uma notificação de mensagem de um desconhecido. Só então percebi que a minha amiga havia enviado uma mensagem do meu perfil, sem me avisar, para o rapaz que pegou o buquê no evento do Carpinejar. Naquela ocasião, o escritor lançava o livro Minha Esposa Tem a Senha do Meu Celular – no meu caso, era a amiga que tinha.
Inicialmente, não dei bola, mas o cara do buquê enviou outra mensagem. Lucas havia olhado meu perfil e percebeu o momento de luto que eu estava vivendo. Então, aquele “oi” se transformou em uma pergunta: “Como está tudo por aí?”. Tive vontade de responder que estava tudo uma grande merda, mas disse: “Tô meio deprê”. Lucas prontamente respondeu: “Cheguei na hora certa”. O papo se estendeu por mais de seis horas, madrugamos conversando.
No dia seguinte, combinamos de nos encontrar para um café. Perto da hora marcada, estava prestes a cancelar, mas me controlei e fui. Era final da tarde da véspera do Dia das Mães, estava bem frio e eu com os pés congelando. Conversamos muito e ele notou o frio que eu sentia, quando tirou da mochila uma camiseta e cobriu meus pés. Fiquei completamente sem jeito, afinal, ele falava e fazia coisas que me deixavam sem reação. Me senti bem, conversando sobre tudo.
Nunca seguimos um protocolo de como as coisas devem acontecer, muito menos em relação ao momento em que devem ocorrer. Tudo simplesmente acontece.
MÍRIAN SOARES
Passamos a nos falar diariamente, mas a minha vontade era de não manter mais contato – afinal, nossas histórias eram muito diferentes. Eu recém viúva, com um filho; ele mais novo, sem filhos. Sentia medo do que os outros pensariam. Será que me julgariam? Na minha cabeça, era cedo para me envolver com alguém. O tempo foi passando, e o Lucas, que era só um “amigo da mãe”, como o apresentei para o meu filho, se tornou meu namorado. O Lucas, na verdade, não me pediu em namoro, mas, sim, perguntou para o Henry se nós poderíamos namorar. Ele estava preocupado em saber como o meu filho reagiria. Ao contrário do que imaginávamos, foi tranquilo.
Como previa, recebi julgamentos pelo meu novo relacionamento, mas não dei bola. Estava recomeçando de uma forma que jamais imaginei.
Em fevereiro deste ano, noivamos. Como Lucas adora fazer coisas improváveis, quando notei, ele estava de joelhos dentro do carro, em frente ao local em que nos encontramos pela primeira vez, me pedindo em casamento. Toda confusa, falei “não”, mas era um “sim”. Quando fui consertar, ele, como bom psicólogo, brincou que era um ato falho, mas que iria deixar passar. Noivamos!
Nunca seguimos um protocolo de como as coisas devem acontecer, muito menos em relação ao momento em que devem ocorrer. Tudo simplesmente acontece, e, sem planejar, engravidei. Infelizmente, perdemos o bebê no início da gestação. Isso nos uniu mais ainda. Sabíamos que, se fosse para estar em um momento ruim e triste, que fosse um ao lado do outro. Vendo e vivendo tudo aos olhos do nosso amor.
Ouça a entrevista do noivo, Lucas Vijande Valladares, à Rádio Gaúcha
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