Na retomada da seção O Que Vi e Vivi, conheça a história da bióloga Ana Ott, que decidiu realizar um sonho aos 45 anos: aprender a andar de moto.
Depois de ter sido representante do grupo de mulheres da Harley-Davidson no RS, ela conta em primeira pessoa como foi esta experiência transformadora:
"Nunca é tarde para novas conquistas"
Assim que ouvia o Nelson, amigo do meu pai, chegando à nossa casa de moto, corria para subir na garupa. Ficava lá até ele me levar para um passeio – escondida da minha mãe, claro, que morria de medo.
Sempre fui apaixonada por motos, mas só conheci esse mundo em 2013, quando meu marido adquiriu sua primeira Harley-Davidson. Foram anos vivendo experiências incríveis rodando juntos, e eu na garupa, fotografando nossas aventuras.
Mas queria mais... Precisava pilotar! Motorista desde os 18 anos, nunca havia feito a habilitação para conduzir motocicletas. E sempre achei que não encontraria um modelo à minha altura, já que tenho pouco mais de 1,50m. Como ia alcançar o pé no chão? E aprender a pilotar aos 45 anos?
Incentivada pelo meu marido e por meu filho, que se habilitou em julho de 2017, tomei coragem e comecei as aulas em setembro daquele ano. Após localizarem a moto mais baixa da autoescola (na qual eu ficava como uma bailarina, na ponta do pé), dei a primeira volta no circuito. Fiquei muito nervosa no dia da prova da habilitação, a ponto de ter que adiar, mas superei meus medos e consegui passar sem nenhuma falta.
Estava habilitada! E agora? Meu maior sonho era pilotar uma Harley-Davidson, mas eu seria capaz? Uma mulher pequena que nunca havia pilotado conseguiria dominar uma moto de altas cilindradas? Depois de muita procura pelo modelo ideal, comprei a La Gartixa, nome que dei à minha moto, no início de 2018: uma HD Sportster XL 1200 CA.
Um mês depois, estava rodando pelas ruas de Porto Alegre. Meu batismo em percursos longos foi uma viagem com amigos a Jaguarão. Depois, indo a Bombinhas (SC) em um feriadão, enfrentei 11 horas de estrada, com muito engarrafamento, problemas na moto e chuva. Nessas aventuras, descobri que cada viagem é um aprendizado, sempre surgem novas situações e obstáculos e seguimos aprendendo e nos superando.
Minha maior alegria é saber que, assim como tive influência de amigas que são grandes pilotas, também servi de inspiração para outras ladies que estão se aventurando no mundo da pilotagem
ANA OTT
bióloga
Desde que comecei a rodar por aí na minha moto, uma das grandes experiências que tive foi participar da Diretoria do Harley Owners Group Porto Alegre Chapter. Antes de começar a pilotar, fui fotógrafa em 2016 e 2017. No ano passado, o desafio cresceu: fui convidada para ser a LOH Officer, a representante das Ladies of Harley, como são chamadas as mulheres que participam das atividades do Chapter (pilotas, garupas e entusiastas da marca).
Sem poder rodar na pandemia, tivemos que nos reinventar. Conseguimos promover ações solidárias que arrecadaram centenas de quilos de alimentos e também tivemos a primeira edição do Ladies on the Road, que colocou na estrada as pilotas e as garupas com seus acompanhantes, rodando até Torres.
Neste ano, continuei a rodar – bem menos do que antes da pandemia, e agora em dupla, ao lado do meu marido. Sigo fazendo parte das Ladies of Harley e incentivando outras mulheres a participarem das ações. Nesta jornada de aprendizado e superações, minha maior alegria é saber que, assim como tive influência de amigas que são grandes pilotas, também servi de inspiração para outras ladies que estão se aventurando no mundo da pilotagem. E elas, com certeza, também estimularão outras a se desafiarem.
Não importa a estatura, a idade, os medos, os nossos preconceitos ou os dos outros: o que vale é sabermos que somos capazes e podemos ser felizes onde e como desejarmos. E, principalmente, ter a certeza de que tudo fica mais fácil se fizermos juntas, pois assim somos mais fortes. Nunca é tarde para novas conquistas!
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