Confiante e focada, a gaúcha Julia Gama começa sua trajetória no Miss Universo nesta quinta-feira (6). Foi dada a largada da tradicional etapa composta por provas e ensaios que precede a grande final do concurso, marcada para o dia 16 de maio, nos Estados Unidos. A Miss Brasil desembarcou em Miami nesta semana e, agora, já está confinada com as demais candidatas para encarar os desafios da disputa.
Antes de pisar em solo americano, Julia passou duas semanas em Cancún, no México, para cumprir a quarentena solicitada aos estrangeiros que querem ingressar nos EUA. Por telefone, conversou com a Revista Donna sobre sua preparação, o que acredita ser seu diferencial e como a pandemia afetou o concurso. Veja a seguir:
Está nervosa para encarar o Miss Universo? Com frio na barriga?
É o maior desafio em concursos de beleza que já enfrentei, sem dúvida. Mas, estou com uma sensação que me surpreende, achei que estaria muito nervosa. Acredito que trabalhei tanto para me preparar nesses meses que tenho essa sensação de tranquilidade e confiança. Sinto que a minha vida inteira me preparou para esse momento. Estou indo com essa sensação positiva dentro de mim.
Como foi a quarentena no México? Seguiu focada na preparação?
Para os brasileiros, é requisitado fazer uma quarentena antes entrar nos Estados Unidos, e eu escolhi fazer em Cancún. Embora não seja obrigatório ficar presa no hotel, preciso me proteger. Se eu pegar covid-19 não posso competir no Miss Universo, por isso não curti Cancún, não foi desta vez. Não fui à praia nenhum dia. Foquei na preparação dentro do hotel mesmo, porque a prioridade é a competição. Espero voltar outras vezes para visitar porque, desta vez, não consegui conhecer.
Como está sua rotina nesses últimos dias antes da grande final?
Está intensa, não quero esfriar. Quero chegar no ritmo, não é hora de relaxar. Acordo todos os dias às 5h da manhã e passo o dia todo treinando passarela, oratória, vendo notícias, lendo, meditando, tendo aulas online, dando entrevistas, falei muito com canais dos Estados Unidos e da América Latina. Eu não paro. Quero me manter aquecida para a competição. Fiquei sozinha em Cancún e embarquei sozinha para os Estados Unidos, mas o contato com a minha família é constante, com a Marthina (Brandt, diretor do Miss Brasil) também. Estão me dando todo o apoio e suporte, ligo para eles todos os dias. Não me sinto sozinha porque também tem todo o carinho dos fãs que estão sendo incríveis comigo.
O que não ficou de fora da mala?
O que não ficou de fora foi o meu bowl tibetano, que me ajuda na meditação todos os dias, e meus óleos essenciais que uso de manhã e de noite. É para garantir o meu bem-estar nesse período. São duas coisas que não abro mão.
Nesses meses de preparação, o que mais aprimorou? Qual será o seu diferencial?
Sinto que, nesses meses, pude explorar muito meu potencial, e estou chegando o mais potente possível. Acredito que sorte é a oportunidade conectada com a preparação, estar preparada quando a oportunidade vem, e me sinto preparada para o Miss Universo. Foquei muito na oratória. É a parte que mais gosto e que acho mais importante, estou muito segura. Acho que o fato de eu falar diferentes idiomas seja um grande diferencial, vai me ajudar muito. Estou confiante nisso. Também foquei nos últimos meses em estar sólida no meu propósito, por que quero ser a Miss Universo e o que quero fazer com esse título. Por isso, acredito que tenho chance de ganhar, estou indo com esse objetivo sólido. Não é só querer, é mais do que isso.
Quais adaptações a competição vai sofrer em razão da pandemia?
Sem dúvida, a pandemia vai afetar muito o concurso, vai ser mais curto do que o normal. Todas as misses fizeram teste de covid antes de começar a interagir com as outras. Teremos que respeitar dois metros de distância entre uma candidata e outra. E sempre de máscara o que, para mim, não poder mostrar o meu sorriso me dá uma pena, adoro sorrir. Ficar de máscara traz esse desafio, mas estaremos todas nessa mesma situação. Teremos todos os ensaios e provas com público reduzido, não teremos acesso a ninguém durante a competição, só com a organização do Miss. Ficaremos confinadas mesmo para garantir a proteção e a saúde de todos. É um ano atípico, muita adaptação foi necessária. Mas fico feliz que conseguiram realizar um concurso com tanto cuidado e dentro dos protocolos.
Seu traje típico será inspirado no "algodão". Considera uma aposta ousada?
Participei da escolha e fiquei muito feliz. Normalmente, quando o estrangeiro pensa no Brasil ainda só pensa no samba. Então, poder trazer outro elemento para falar da potência econômica do nosso país acredito que seja uma oportunidade incrível. O Miss Universo é uma plataforma muito grande, o mundo inteiro olhando, por que não trazer esse conteúdo diferente? Falar do algodão é exaltar o potencial econômico do nosso país. E o traje ficou elegante, tem uma sensualidade, valoriza o meu corpo. Quero levar alegria para a passarela quando estiver com ele.
O que pode adiantar do traje de gala?
É um sonho, os dois vestidos (assinados pela Daniela Setogutti) contam uma história entre eles. O vestido da final acho que vai entrar para a história como um dos mais lindos usados na competição. Estou apaixonada, é um trabalho preciso, meticuloso, rico.
Caso vença o Miss Universo, pretende abraçar quais causas?
Seguirei apoiando a causa da hanseníase, e o Miss Universo vai me dar uma plataforma muito grande para poder seguir agindo. Também abraçarei outras causas, como a luta na prevenção contra a AIDS, o Smile Train, que é um projeto que garante cirurgia de lábio leporino e fissura lábio palatina para crianças e tantos outros projetos que o Miss Universo já apoia. Mas a minha bandeira principal será promover a empatia e união entre pessoas e nações, é o meu maior objetivo.
Você é muito ativa nas redes sociais. Gosta dessa conexão com os fãs?
A relação com o público está sendo incrível, eles são o meu termômetro. Apontam quando estou fazendo algo bem ou se posso melhorar. São carinhosos e me apoiam muito. Sigo com essa conexão com eles porque o mundo miss só existe porque há fãs calorosos no mundo inteiro. Quero que eles façam parte disso, que se sintam perto de mim. É um sonho que não é só meu, é nosso. Inclusive, convido todos os gaúchos a torcerem por mim e a me acompanhar no Instagram, pois mostro tudo da preparação e da competição.
Antes de embarcar, conseguiu se despedir da família no RS?
Minha família é incrível e me apoia incondicionalmente. Graças a eles que tenho coragem de ir para o mundo, por saber que tenho para onde voltar. Não nos despedimos pessoalmente porque, quase três meses antes de viajar, eu já não encontrava mais ninguém, nem família e amigos, para não me contaminar com a covid. Fiquei bem reservada, a despedida foi online. E mantenho o grupo da família atualizado para eles ficarem sabendo tudo em primeira mão. Somos muito unidos.
E quais são os planos após o concurso?
A atuação é a minha grande paixão, me vejo perseguindo essa carreira. Também na parte de produção audiovisual que gosto muito. Me vejo muito nesses lugares, e também sendo essa ponte cultural entre Brasil e China, que é uma ponte que já construí e quero continuar fortalecendo.