Você sabia que algumas mulheres têm alergia a absorvente descartável - tanto o interno quanto o externo? Como explica a ginecologista e sexóloga Cristina Grecco, pessoas que já apresentam uma propensão a alergias de vários gêneros - sejam de pele, alimentares ou até mesmo respiratórias - são as que costumam enfrentar este problema.
Quem tem a pele da vulva e a mucosa da vagina mais sensíveis também está mais sujeita a processos alérgicos. Isso acontece quando a região fica muito tempo exposta aos aditivos químicos presentes nos absorventes, explica a médica. E, sim: absorventes contêm químicos para amenizar cheiros e absorver melhor o sangramento menstrual, lembra Cristina.
A dermatologista Gabrielle Adames acrescenta que o problema atinge um quinto das mulheres no mundo todo. Ela explica que a alergia apresenta uma resposta inflamatória na pele por causa da exposição a substâncias que são estranhas ao organismo. A dermatite pode ser de dois tipos, afirma ela:
Dermatite de contato alérgica
Pode acontecer pelo uso recorrente do absorvente - mesmo que a mulher já tenha utilizado o produto antes -, por conta do contato da pele com componentes como perfumes, inibidores de odor, películas plásticas, algodão, fibras de celulose, poliacrilato de sódio, adesivos termoplásticos, polietileno, fibras de polímeros e papel siliconado, lista Gabrielle.
Para saber se você tem alergia a alguns destes componentes é preciso realizar um teste de contato, feito com fitas adesivas contendo as substâncias que poderão desencadear a reação. O procedimento determinará qual composto está causando as alergias - e só então o médico indicará o melhor tratamento.
Dermatite de contato não alérgica ou irritativa
Ocorre pelo aumento da temperatura e umidade no local associado ao atrito de substâncias com potencial irritante, como o próprio sangue e a superfície do absorvente.
Como identificar?
É possível identificar a alergia quando há vermelhidão na região vulvar, ou mesmo uma espécie de assadura local, exatamente no local onde o absorvente fica em contato com a pele.
Além disso, ardência, coceira, fissuras, pápulas, vesículas (pequenas estruturas dentro das células) e até corrimento podem também aparecer, afirmam as médicas. Em uma fase crônica, é possível que alergia cause descamação e alteração de coloração da pele. É aconselhável procurar um médico o quanto antes para não agravar o problema.
— A alergia a absorvente é frequentemente confundida com uma assadura pelo fluxo menstrual intenso, com o uso de sabões não adaptados a essa região ou ao que usamos para lavar a roupa — explica a dermatologista.
Como tratar?
O tratamento varia de acordo com cada caso, pontua a ginecologista. Vai desde o uso de cremes e pomadas à base de corticoide para reduzir a inflamação até banho de assento para amenizar o prurido local. Mas a primeira atitude é descontinuar o uso do absorvente que está causando a alergia, lembra Gabrielle.
Veja outras dicas da dermatologista para evitar alergias:
- Lave a região íntima com água fria abundante e use produtos de higiene adaptados a esta região, evitando sabonetes antibacterianos.
- Evite versões perfumadas e coloridas, pois estão entre as que mais provocam reações alérgicas.
- Evite absorventes com coberturas “super secas”, pois têm a superfície plastificada e são os mais propensos a causar este tipo de problema.
- Em alguns casos, a alergia pode ser causada pelo plástico que constitui as abas do absorvente externo. Neste caso, substitua pela versão sem abas.
- Evite usar roupas muito justas durante o período menstrual, pois podem aumentar a temperatura e a umidade no local. O contato intenso, associado à fricção do absorvente contra a pele, poderá causar a chamada “assadura menstrual”, confundindo o quadro alérgico.
Alternativas ao absorvente
Para as mulheres que procuram outros métodos para lidar com o fluxo menstrual, a ginecologista sugere o uso do copo coletor, bioabsorventes e calcinhas absorventes.
— O copo coletor está em alta. É feito de silicone médico e por isso não causa alergia, bem como os absorventes e calcinhas absorventes ecológicas em tecido de algodão ou outro tecido hipoalergênico — diz ela.
Outra sugestão da médica é fazer acompanhamento com uma médica especializada em ginecologia natural, que costuma trazer boas soluções para tratar esse e outros tipos de problemas ginecológicos, aconselha.
Gabrielle reforça que é necessário procurar um dermatologista o quanto antes ao perceber a reação alérgica. A médica lembra que, após um período prolongado, os “machucados” podem virar uma porta de entrada para contaminação bacteriana.
Produção: Luísa Tessuto