Em 20 anos de trabalho clínico, a psicóloga Néa Tauil recebeu incontáveis pacientes em sofrimento que tinham, em comum, falta de autoestima e de autoconhecimento. Convicta de que o amor-próprio é uma ferramenta de bem-estar e prevenção ao adoecimento psicológico, ela criou o movimento social Família EU, para promover a reflexão e o debate público sobre o assunto.
Na data em que a iniciativa completa dois anos, no próximo 28 de fevereiro, o calendário de comemorações e conscientização de Porto Alegre terá seu primeiro Dia Municipal do Amor-Próprio.
– Trata-se de um movimento dedicado a mostrar às pessoas e à sociedade que não é possível viver bem consigo mesmo nem com os outros se a própria pessoa não se ama, não tem consideração por si mesma, não se respeita – afirmou o vereador Cláudio Conceição (DEM), autor do projeto de lei, aprovado em plenário e sancionado pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior em 13 janeiro.
O corpo é um só, mas nossa psiquê tem vários “eus”: o mental, o emocional, o profissional, o sexual, o espiritual...Mas nossa cultura segmenta, prioriza uns aspectos, ignora outros, não nos educa para vermos e amarmos a nós mesmos de forma integral."
NÉA TAUIL
psicóloga
A entidade Família EU, que levou a sugestão para a criação da data a Conceição, ficou responsável pelas atividades que serão realizadas. Devido ao pouco tempo entre a sanção e o próximo dia 28, a programação da primeira edição está sendo planejada rapidamente, afirma Néa. A intenção dela e da diretora executiva, Linda Medeiros, é levar rodas de conversas e atividades de conscientização para espaços públicos como praça, igreja e hospital.
E cultivar o amor-próprio não é ser egocêntrico nem significa narcisismo, ressalta Néa. É preciso exaltar a importância de reconhecer, entender e aceitar todos os “eus” que existem em cada um:
– O corpo é um só, mas nossa psiquê tem vários “eus”: o mental, o emocional, o profissional, o sexual, o espiritual...Mas nossa cultura segmenta, prioriza uns aspectos, ignora outros, não nos educa para vermos e amarmos a nós mesmos de forma integral. Quando o paciente chega à clínica, já está destruído. Já atendi pessoas que se olhavam no espelho e se odiavam, não se reconheciam.
Como o tratamento clínico é restrito a poucos, a psicóloga acredita que é preciso haver campanhas de promoção da saúde emocional da mesma forma que há campanhas de alerta sobre câncer e suicídio, por exemplo.
A programação do Dia do Amor-Próprio será divulgada no perfil do Facebook do Família EU.