Todo ano, uma polêmica (ainda) reacende-se no dia 8 de março. Enquanto muitas se negam a "comemorar" com qualquer tipo de presente, outras não se importam em receber mimos - mesmo que ambas concordem que a data tenha se tornado um momento de reflexão e cobrança dos direitos das mulher. O debate sempre ganha vez: é legal ou não dar flores no Dia da Mulher? Como você se sente quando recebe esse tipo de presente nesta data?
Donna compartilhou este questionamento com as colunistas de GaúchaZH. Veja as respostas:
"Sim, gosto de ganhar flores em qualquer dia do ano. No Dia de Mulher sinto um certo estranhamento, porque na minha profissão não sofro discriminação, apesar de transitar em uma área que por muito tempo foi território masculino. Considero o Dia da Mulher uma data importante para a reflexão sobre os problemas que afetam as mulheres em geral. Fico feliz quando recebo flores de alguém que em outros momentos demonstra respeito pelo meu trabalho. " Rosane de Oliveira, colunista e apresentadora
"Gentileza nunca é demais! Em especial nestes dias sombrios em que vivemos. A minha resposta é, sim, eu gosto de ganhar flores no Dia da Mulher e em qualquer outra data. Amo também distribuir rosas, margaridas e violetas, presentear o meu marido e o meu filho com a beleza e o carinho que o gesto significa. E é disso que trata a minha luta por respeito e igualdade de condições em nossa sociedade ainda tão machista e desigual. É por falta de respeito que a violência contra a mulher virou praga no país, que há diferenças salariais e assédio pelas ruas. O Dia da Mulher não vai resolver nada disso, as homenagens ao feminino não vão enterrar preconceitos arraigados, mas sempre será mais um momento de reflexão e alerta. Então, por que não com flores? Eu gosto da flor e exijo o respeito!" Carolina Bahia, colunista, comentarista e apresentadora
"Tanto pelo que marca o Dia Internacional da Mulher - a luta por igualdade econômica e política, em contexto de más condições de trabalho desde 1908, na primeira marcha de março - quanto pelo que significa sua própria existência, nunca fui muito fã da data. Vê-la transformada em dia para dar e receber flores é ainda pior. Não se trata de homenagem à figura da mulher. Trata-se de, na prática, atuar para eliminar as diferenças que ainda existem, 111 anos depois, seja no tratamento, seja no contracheque. " Marta Sfredo, colunista e comentarista
"Eu não tenho problema com flores. Aliás, eu adoro flores. Gosto de ganhar sempre. De aniversário, de Natal, de Páscoa. Quer me deixar feliz? Flores (e, aliás, chocolate também). O que eu vejo de problemas em relação à data é uma celebração exacerbada deste dia, com ausência de reflexão. É sim um dia para celebrar conquistas, mas é especialmente para refletir o tanto que a gente precisa ainda avançar. Precisamos lutar por igualdade de direitos, por respeito, precisamos aprender a ter mais compaixão e mais empatia. Mais importante do que distribuir flores é lutar por um mundo onde homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, os mesmos salários. E um mundo em que as mulheres não precisem conviver com o medo de serem mortas e agredidas pelos seus companheiros." Kelly Matos, apresentadora e colunista
"Teve um tempo em que eu achava a coisa mais cafona do mundo ir ao supermercado e receber uma rosa vermelha. Preferia a minha parte em preços mais baixos. Hoje eu ainda acho cafona, mas com tanta coisa mais importante à nossa volta, a coitada da rosa virou a menor das preocupações no Dia da Mulher. Falando nisso: força para todas e viva a gente. " Claudia Tajes, colunista
"Mãe, o que é 8M?“. Na semana passada, minha filha Aurora, de seis anos, pegou seu calendário de março, onde anota atividades como aula de teatro, jazz e capoeira e encontrou uma sigla que desconhecia. Expliquei que era o dia das mulheres. Brinquei que no dia 8 de março os homens levantam mais cedo, fazem nossa comida, lavam nossas roupas, limpam a casa e nós cuidamos apenas de nós mesmas.
"Então todos os outros dias são dos homens?”, perguntou-me surpresa. “Mais ou menos, filha”. O 8 de Março é o dia internacional das mulheres trabalhadoras. É o dia de nos juntarmos e repetirmos para a sociedade que somos fortes, que não podemos ser mortas por ciúmes, raiva ou pelo simples fato de sermos mulheres. Nossa pauta é muito ampla, na verdade: queremos liberdade, dignidade, direito ao trabalho, à educação, à livre crença religiosa, saúde, segurança e planejamento reprodutivo.
Tudo isso deveria ser óbvio, mas não é. Mulheres não são bibelôs nem fonte de trabalho invisível e não-remunerado, somos pessoas completas, com força física e intelectual plenas. Quando alguém dá uma flor para uma mulher no 8M está reforçando justamente ideias que lutamos contra, a de ser frágil, bela e perecível. Somos muito mais do que isso. Não queremos presentes, queremos ser ouvidas. Por isso, fazemos esse barulhão.
“8M pode ser dia das meninas, também, né?”. Ganhei mais uma adepta para a causa, que, a bem da verdade, é mais importante para ela do que para mim. Ana Cardoso, colunista