Esqueça os especialistas em educação infantil que pregam rotinas rígidas. Para termos uma geração de adultos bem resolvidos e felizes, o psicólogo infantil Stephen Briers afirma que os pais devem se tornar orientadores emocionais dos filhos.
– Não é uma arte mística. Muita gente poderia fazer uma tentativa – diz.
Pelo menos ensaiar a possibilidade de orientar uma criança emocionalmente é tarefa importante principalmente porque as estatísticas são alarmantes – 10% das crianças com menos de 16 anos são diagnosticadas com algum distúrbio mental, por exemplo. Mais exatamente, psicologia é a chave para uma boa criação.
Autor de um guia de bolso – Superpowers for Parents: The Psychology of Great Parenting and Happy Children – Briers acredita que se você entende seus filhos e, mais importante, se eles entendem a si mesmos, serão adultos felizes e bem resolvidos.
– Nós nos tornamos muito obcecados com a ideia de que a marca de uma excelente criação é ter crianças imaculadamente comportadas. Esquecemos que uma das tarefas de ser pai é tentar preparar os filhos para a vida, dando-lhes os conhecimentos que eles precisam – lembra o autor.
Para seguir o caminho da orientação, é preciso evitar frases como “Eu mandei e pronto!” e não apelar para o castigo. A prioridade é a inteligência emocional. Crianças que são emocionalmente educadas, que demonstram uma grande capacidade de empatia e têm habilidade para resolver conflitos de relacionamento, tendem a ser imunes de todas as maneiras a problemas psicológicos. Além disso, ele acredita que este tipo de inteligência não é apenas a chave para a felicidade futura, mas também uma importante conquista intelectual. Então, o trabalho dos pais não consiste somente em ensinar as crianças a como dizer “por favor” e “obrigado” e a saber a tabuada. Eles também devem expandir o vocabulário emocional dos filhos.
– Leia e discuta com o seu filho como os personagens podem estar se sentindo. Pergunte: você acha que ele está se sentindo assustado, nervoso, feliz ou chateado? – aconselha Briers.
Ele também recomenda aos pais que ensinem sobre personalidades que se destacaram pelo altruísmo, como Madre Teresa e Martin Luther King, e os auxiliem a entender e interpretar a linguagem do corpo.
De acordo com estudos, se as crianças têm uma educação emocional, estão menos propensas a ter problemas de relacionamento. Ser uma pessoa gentil não quer dizer que você tem de ser ingênuo. E, se pensarmos sobre o que realmente valorizamos nas pessoas que amamos, não é comum citar o desempenho ou o QI.
Estimule o equilíbrio
A ideia de fazer seus filhos ficarem mais em contato com suas emoções (e as dos outros) é de ajudá-los a controlar a si mesmos. Stephen Briers defende o ponto de vista de que há uma conexão entre pensamentos, sentimentos e comportamento.
– Olhe além do exterior de uma criança desobediente e malcomportada. Provavelmente você encontrará uma alma “atormentada” de alguma forma. O comportamento será, em algum nível, uma forma de comunicação, com um sentido, um contexto – afirma.
O trabalho dos pais será o de mostrar à criança como juntar as peças. A forma como os pais interpretam uma situação irá determinar como eles se sentem a respeito e o que farão sobre isso.
Observar para ensinar
Na opinião do psicólogo infantil Stephen Briers, os pais devem ser orientadores emocionais dos filhos. É preciso ser um bom observador e saber ensinar lições às crianças no momento certo. Conheça outras dicas do especialista inglês para os pais.
Ensinamento precoce
Certa vez, Shakespeare disse que não há coisa alguma que seja, em si própria, boa ou má. O pensamento é que seria responsável por isso.
Para o psicólogo, livrar-se de maneiras erradas de pensar é uma coisa que a família pode ensinar às crianças desde muito pequenas. Por exemplo: na próxima vez que seu filho fizer alguma coisa errada na escola e voltar para casa dizendo “eu fiz papel de bobo e não quero ir para aula”, você pode afirmar que ele está fazendo "tempestade em copo d’água". Explique que o caso está sendo lidado de forma errada, encarado como uma consequência mais grave do que precisa ser.
Ajudar a criança a manter hábitos mentais saudáveis é um processo particularmente longo e demorado, pois envolve muitas questões, como “O que você acha?” e “Como tal coisa fez você se sentir?”.
– Trata-se de desenvolver uma nova forma de relacionamento, tornando-a parte da interação diária. Se não investirmos o tempo e a energia que temos, só restará culpar a nós mesmos se produzirmos uma geração de filhos brigões e propensos a ter problemas – diz Briers.
Escute sempre
Quando se fala em ensinamento, há uma atitude que faz diferença: ouvir. De acordo com Stephen Briers, passar o tempo escutando os filhos ajuda a desenvolver a capacidade deles para a empatia e faz eles se sentirem seguros.
Para isso, é preciso manter um bom nível de contato visual, sem mostrar atenção beirando o sufocamento.
– A louvação em demasia pode facilmente perder valor quando a criança sentir que você está dando elogios falsos, por exemplo – diz o psicólgo.
O principal é ter atitudes equilibradas. Até a forma de iniciar conversas pode ser crucial. O ideal é encontrar o momento certo, de forma espontânea.
Autocontrole
As técnicas para a conquista emocional exigem muito autocontrole dos pais. As crianças irão absorver aquilo que veem no comportamento dos pais e no conteúdo daquilo que lhes é falado.
Evite gritar com seu filho e tente se acalmar quando evidentemente não está calmo. Você deve ser o exemplo.