Você pode achar que é brincadeira, e até rir de algumas situações, mas saiba que, quando o assunto é cão e gato veraneando fora de sua área de conforto, muita coisa estranha pode acontecer.
Seguem abaixo algumas das situações mais comuns a qualquer clínica veterinária nessa época do ano para você prestar atenção e evitar ao máximo.
Intermação
Intermação é uma hipertermia que acontece por resposta sistêmica inflamatória, causando múltiplas disfunções orgânicas e, frequentemente, morte. É comum no no verão e tem aumentado nos últimos anos, já que os animais também têm conquistado mais espaço nas férias de seus tutores.
Os casos de intermação, geralmente, acontecem com animais que ficam muito tempo dentro do carro e desmaiam em função do calor. Acredite, eles morrem por conta disso. Bastam 20 minutos em um carro estacionado no sol, ainda que esteja com as janelas abertas, para que seu pet comece a dar voltas querendo sair. Costuma ser grave e os tutores não se dão conta.
Outro fator predisponente para que aconteçam intermações é os tutores não conhecerem bem o local onde alugam estadia. Por isso, acabam deixando o animal acondicionado em determinado lugar da casa sem saber que o sol incide diretamente sobre seu mascote, que não tem para onde ele fugir. Esses pets também acabam sofrendo com internação.
Viroses intestinais e diarreias
Questões envolvendo diarreia são para lá de comuns nessa época do ano. Algumas têm a ver com parasitas, cujos ovos podem ser encontrados até na areia da praia. Quando seu pet "fuça" a areia pode acabar se contaminando com os ovos dos parasitas depositados ali, geralmente por outros cachorros de rua.
Outro motivo comum para as diarreias é a qualidade da água oferecida ao mascote. Não que seja suja, mas a composição pode ser bem diferente daquela que ele está acostumado, o que acaba por causar indisposição intestinal.
O mesmo vale para alguns alimentos. Aquele restinho do churrasco oferecido pode ter um pouco de salada de maionese, o que compromete a flora intestinal do seu bichinho.
Parasitas de pele
Pulgas e carrapatos, seguidos pelos fungos, são outros problemas que aparecem muito no verão. Enquanto os dois primeiros costumam vir de locais e animais contaminados, os fungos são mais frequentes quando o animal envolvido é peludo. Mas isso não quer dizer que não venha de outra fonte, pois fungos se reproduzem por esporos e podem estar em qualquer lugar.
Queimaduras
Animais de pele e focinho claros não combinam com sol. Não combinam mesmo! Aquela vermelhidão no focinho e na testa do seu bull terrier ou no seu poodle branquinho é queimadura e deve ser tratada, pois pode trazer aborrecimentos futuros como câncer de ponta de orelha e nariz.
Alguns animais de pelagem clara podem também coçar a região dos olhos, isso porque o sol machuca a área adjacente, o que inclui a conjuntiva, o que pode também desenvolver para questões mais sérias.
As queimaduras nas patas é outra realidade e geralmente são percebidas pela constante lambedura do animal na área afetada. Dói muito, pode abrir feridas e seu pet fica relutante quando o assunto é sair para caminhar na calçada quente.
Desidratação
Animais também bebem mais água no verão e pode acontecer de o tutor deixar pouca água para seu mascote, ou esquecê-la em local que acaba por aquecê-la demais. Esteja atento a uma fonte de hidratação sempre acessível para o seu pet.
Atropelamentos
Isso também ocorre e, às vezes, nem é por um veículo automotor, mas uma por uma bicicleta ou um patinete conduzidos por uma criança. Por conta disso, esteja atento nos parques e nas ruas quando sair com seu mascote. Também não vacile ficando parado junto aos meios-fios de calçadas.
Outro acidente que pode acontecer é protagonizado pelo próprio tutor quando dá ré no carro ou avança para dentro da garagem. Antes de mexer com o carro, vale a pena conferir por onde anda seu pet.
Mordida de cão ou arranhadura de gato
Parece piada, mas não é. Cachorro que nunca viu gato pode levar aquela arranhada de um felino em pânico. O mesmo vale quando o assunto é gatos e cães pequenos perto de cães grandes. Por mais fofo que um cão grande possa parecer, seu mascote pode exalar odores (de cio, por exemplo) que captam a atenção do animal, que acaba mordendo o menor. E não adianta dizer que isso nunca aconteceu antes, porque a praia pode alterar momentaneamente o comportamento de alguns animais, o que surpreende até mesmo seus tutores.
Cio
Fique sabendo que cadelas irem para a praia e voltarem barrigudinhas de filhotes não é impossível. O cio nos animais acontece e, por 15 dias, sua mascote, seja gata ou cadela, pode chamar atenção de algum macho das redondezas. Às vezes, os tutores nem percebem o ocorrido, e só se dão conta cerca de 30 dias depois.
Olhos
Dispensa apresentações. Areia e sol podem irritar e até danificar a córnea do seu mascote. Às vezes, querendo se livrar do incômodo inesperado, ele coça o olho com a pata, o que acaba comprometendo ainda mais a região com a invasão de bactérias.
Osso trancado
Outra situação que pode ocorrer é seu mascote ficar com o pedaço de um osso trancado entre os dentes ou até mesmo no céu da boca. Pode parecer imperceptível em um primeiro momento, mas o animal fica bastante incomodado com aquela "coisa" presa na boca que acaba gerando mal cheiro nos dias seguintes. O animal pode parar de comer e beber, procurando meter as patas dentro da boca.
Fugas e desaparecimentos
O terror de todo tutor zeloso, saiba que mesmo que você encha seu pet de cuidados ele pode sim se perder na praia, seja pela multidão em que se encontra, seja pela falta de familiaridade com o lugar em que habita. Por isso, costume sempre deixar o portão fechado e, na ausência da cerca, não deixe seu pet sem supervisão.
Não se pode descartar também os roubos, algo mais sério e sem solução, uma vez que sequer coleira de identificação consegue trazer seu mascote de volta para casa. Reduza as chances de ficar sem seu mascote no verão e deixe uma coleira com telefone e DDD sempre visível. Outra alternativa é recorrer aos chips de identificação. Informe-se em uma clínica veterinária.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.