Os conhecidos veranicos – dias quentes que lembram o verão durante as estações de frio – serenam, pelo menos por alguns dias, a rigidez do nosso inverno gaúcho e também podem até fazer bem ao nosso humor. Tanto que, não raro, muitos tutores se entusiasmam e arregaçam as mangas para dar aquele banho no seu animal de estimação. Um calorzinho merece mesmo um banho caprichado, mas saiba que existe um vilão oculto por trás desses intervalos de tempo que deixam nosso inverno mais ameno. A gente se ilude que o mau tempo está indo embora e comete alguns deslizes quanto aos cuidados extras que cães e gatos mais peludos exigem no período de inverno.
Ainda que tenha sol brilhando lá fora, você não deve se descuidar e deixar seu pet secando sozinho, ao natural, correndo de um lado para o outro e se chacoalhando para cair os pingos de água em excesso. Animais peludos precisam ser secos, e bem sequinhos, com um secador de cabelos. Uma toalha não é a melhor opção e não substitui o vento quente do secador.
Não é à toa que depois dos veranicos, alguns cães e gatos peludos podem começar a se coçar com maior frequência e isso deve ser investigado. Pequenos ferimentos, bem pequeninos mesmo, podem ser os responsáveis pela sessão “coça-coça” e só depois de alguns dias, ou de até semanas, é que o tutor passa a perceber que a pele do mascote está "estranha".
Essa "estranheza" se deve as feridinhas dispersas pelo corpo e, geralmente, são formadas por fungos, aqueles que acabaram por se reproduzir, sabe quando? Justamente após aquele banho em que seu pet ficou na sacada, feliz da vida, recebendo os raios de sol. Contudo, dependendo do tamanho do pelo e da imunidade do seu pet, talvez ele não consiga combater as colônias de fungos e bactérias que se desenvolveram silenciosamente debaixo do calor de um pelo molhado.
E é tiro e queda. Animais que têm pré-disposição para questões de pele acabam por ter algum tipo de dermatite nessa época do ano. Bulldog Francês e o Boston Terrier, por exemplo, são campeões nisso. E olha que o pelo deles é bem raspadinho, curtinho mesmo. Ainda assim, vira e mexe e eles desenvolvem feridas bem grandes no dorso.
Animais peludos, como Maltês, Lulu da Pomerânia, Lhasa Apso e Bichon Frisé, além de gatos peludos (pelo alto), são outras raças para as quais nunca se deve negligenciar um secador de cabelo depois do banho. E não basta uma passada leve, só para dizer que passou. Tem que secar mesmo, tipo secadora de roupas, quando a peça sai de lá seca e até dura. É necessário secar bem até a base do pelo pois é assim que se evita contratempos futuros.
Em caso de dermatites, o tratamento é medicamentoso e, muitas vezes, se torna necessário cortar os pelos da área atingida. É, pode ficar um buraco sem pelo no meio do lombo do seu pet. Se não tratadas, tais feridinhas crescem, formando uma área grande e cheia de pus. Alguns cães até conseguem combater infecções pequenas sem medicação, mas não confie nisso. Esse é o tipo do problema que é bom ser combatido assim que descoberto, pois, na maioria dos casos, de sete a 10 dias de tratamento já são suficientes para trazer saúde à pele do seu mascote.
Banhar seu pet em casa pode ser uma tarefa harmoniosa e divertida. Só tome os cuidados necessários para ter a certeza de que isso não comprometerá a pele do seu animal de estimação. Seque o pelo e a pele assim que ele sair do banho.
Ah! O mesmo vale para dias de chuva e se o animal se molhou a partir dela, ainda que por poucos minutos de baixo da água. Eles podem desenvolver o mesmo problema.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve quinzenalmente em revistadonna.com.