Para quem deu uma passadinha na praia durante o feriado de Páscoa, ou que ainda vai fazer esse passeio neste próximo feriado de Tiradentes, uma cena passa a ser comum aos nossos olhos, nesse início de outono. Se antes eles estavam despercebidos no meio da multidão, animais abandonados na praia agora já começam a ser notados. E não pense que estamos falando apenas de animais vira-latas, não. Cães de raça, como este da foto, podem ser vistos transitando livremente pelas ruas das cidades litorâneas, só que sem o devido cuidado que o pelo exige, e, por conta disso, logo pulgas, carrapatos e até sarna começaram a ganhar espaço no denso pelo que se acumula de nós e sujeira. Para um veranista mais atento, o número de gatos mortos na beira da estrada também aumentou, e isso não é coincidência: felinos que moravam em apartamentos não sabem o que são as ruas e os automóveis e, não raro, perdem a vida enquanto buscam por alimentos, água e abrigo.
Tutores que abandonam uma criatura isenta de autonomia à própria sorte merecem um capítulo inquisidor à parte. Contudo, o importante agora é facilitar a ajuda àqueles que caminham na contramão da maldade, indivíduos que se entopem de animais em suas casas para não sucumbirem à fome, às doenças e aos atropelamentos.
O abandono é uma realidade constante, mas felizmente ainda não se instala o caos porque contamos com a preciosa ajuda de pessoas com poder de iniciativa, além das ONGs que se organizaram não apenas para albergar os animais, mas para fornecer medicação e tutela sempre que possível aos animais que estão provisoriamente na casa de voluntários aguardando por adoção.
Trabalhando com poucos recursos, essas pessoas fazem o que podem, e por isso sempre é bem-vinda a prática da adoção. Para quem está pensando em recolher um desses animais, agora seria um bom momento. Isso porque a fome e as doenças de inverno ainda não se instalaram na maioria dos abandonados que podem manter a saúde tão logo tiverem acesso a um novo lar.
Como adotar um pet abandonado na praia:
- Ter acesso a esses animais não é dificil. Agrolojas locais costumam saber quem são as pessoas que albergam os pets abandonados no veraneio e podem indicar o contato.
- Muitas dessas lojas e até petshops fazem feira de adoção em determinado dia da semana, ocasião em que é possível ver de perto os candidatos a um novo lar.
- Também é possível ver fotos do seu novo amigo pelo perfil no Instagram das Ongs e dos protetores.
- Embora seja possível adotar por meio do site, uma boa olhadela presencial reforça a empatia pela melhor escolha.
- Animais que se mostram mais agitados costumam ter mais vivacidade e, por conta disso, necessitam de um lugar maior para correr. Para esse perfil, apartamentos não são indicados. Lembre-se de que, muitas vezes, esses pets são deixados para trás exatamente pela falta de adaptação dos antigos tutores, que não anteviram os problemas advindos com mascotes grandes em espaços reduzidos, e que acabou deixando os pets nervosos e agitados.
- Aquele bichano com carinha de anjo, com as orelhinhas para trás, mais apático em um canto do canil, é o mais indicado para pessoas que ficam pouco tempo em casa, gente que não pode com grandes tensões e latidos constantes.
- Se o mascote é para crianças, animais jovens costumam ter mais gás para aguentar as brincadeiras da meninada, mas aqui vale a questão do espaço. Não adote animais grandes e que necessitam gastar energia para viver em espaço pequeno. Não incorra no mesmo erro dos antigos tutores. Falta de espaço é uma das razões do abandono.
- Prefira fêmeas castradas àquelas inteiras. Um problema a menos com cadela no cio.
- Atenção ao adotar gatos!!! Animais submetidos a maus tratos por muito tempo infelizmente podem se tornar agressivos demais para conviver com crianças. Verifique com o tutor voluntário qual é o gatinho mais tranquilo que ele tem.
- Filhotes que nasceram nas ruas também são uma boa opção para adoção porque ainda estão isentos dos traumas e das chagas provocadas pelo abandono.
- Uma lambida na sua mão e aquela sensação de que "é este aqui" é uma intuição que deve ser levada a sério.
Outras formas de ajudar
Na falta de espaço para adotar um mascote, uma alternativa para dar prosseguimento à corrente de solidariedade aos pets é adquirir medicamentos e rações nas lojas conveniadas pelos grupos ou entregar mantimentos diretamente nas casas daqueles que os abrigam. A Campanha da Tampinha Legal é outra prática que tem ganhado reconhecimento até da mídia internacional sobre o litoral gaúcho no que diz respeito ao acolhimento dos pets abandonados e castração dos animais cujos tutores não têm condições de fazê-lo com recursos próprios. A adesão à campanha sempre é muito boa e é possível verificar em diferentes estabelecimentos comerciais do litoral uma caixa para depositar tampinhas de garrafas plásticas com a finalidade exclusiva de custear os gastos com animais.
Mas não pense que a ajuda chega de todos os lados, não. O cotidiano costuma absorver os cidadãos nos problemas do dia a dia e poucos se lembram de dar uma mãozinha também aos animais sem tutores. Abaixo a gente deixa uma listinha de quem vai ficar feliz da vida se receber a sua visita, mas lembre-se de que a petshop e a agroloja da cidade que você veraneia vai te indicar onde é possível de encontrar os animais que precisam se não de seu abraço, pelo menos de sua ajuda.
- Em Torres/RS:
- ATPA - Associação Torrense de Proteção aos Animais (fundado há 25 anos).
Contato: Mari (51) 98111-6834
- Em Tramandaí/RS:
- Grupo Te Amo Bicho - Animais de Tramandaí
Facebook: teamobicho.tramandai
Instagram: @teamobicho.tramandai
- Em Viamão/RS:
- Sítio da Eneida (400 cães acolhidos)
Contato: (51) 99302-2380
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.