Se você está sofrendo altos e baixos com a rotina alterada pela pandemia e sofre com a falta de previsão de retorno a uma vida estável, fica o alerta: com seu mascote, pode estar ocorrendo algo parecido. Animais de estimação, em especial os cães - que podem ser verdadeiras esponjas dos sentimentos de seus tutores -, talvez estejam estressados com essa história do dono passar mais tempo em casa, e depois voltando a ficar fora. Essas mudanças podem afetar o equilíbrio e a saúde do seu pet.
Animais ansiosos podem desenvolver alguns comportamentos até então inéditos. Isso pode ter a ver com a quebra de rotina e até mesmo com o maior número de pessoas que, de um dia para o outro, agora está em casa.
Apesar de ser divertido para muitos animais passar mais tempo com a família, essa não é a realidade da maioria dos brasileiros, que precisaram deixar o confinamento para retornar ao trabalho, com a reabertura do comércio e dos serviços.
Fique atento aos sinais
- Seu cachorro resolveu morder seu pé toda vez que você vai fechar a porta da casa?
- Está se escondendo debaixo do sofá?
- Nega a comida no horário de costume?
- Uiva?
- Resolveu implicar com um dos membros da família?
- Faz xixi no tapete, o que não fazia antes?
- Se coça sem parar o dia todo?
Se você respondeu sim, seu pet pode estar vivendo um período estressante.
A "sessão coça-coça", um dos sinais de estresse em cães, pode se instalar em qualquer parte do corpo, mas costuma se apresentar com maior frequência nas patas da frente. E há casos em que o pet se lambe tanto que pode até mesmo abrir feridas na pele, como na foto ao lado.
Entenda a mente do seu mascote
De uma hora para outra, o tutor passou a ficar mais em casa. Isso pode ser bom, claro, mas nem todo tutor está animado e de bem com a vida.
Após essas semanas em casa, alguns retornaram ao trabalho - muitas vezes, em meio-turno, e com uma movimentação totalmente atípica no dia a dia -, o que pode impactar no humor das pessoas. E outros tutores sequer voltaram à rotina: o desligamento do emprego foi em caráter definitivo.
Essa gangorra de sentimentos nos humanos pode fazer com que os mascotes absorvam a ansiedade deles. E tutor ansioso é tutor inseguro. É justamente essa falta de segurança que faz com que seu pet tenha medo do dia a dia. Se o tutor não está tranquilo, é porque viver está complicado - e isso quer dizer que vai complicar a vida do mascote também.
Se o dono tem esquecido de manter (por força involuntária) a rotina do animal, isso pode desencadear quadros de estresse e depressão.
As consequências (ruins) do confinamento
Os efeitos do período de confinamento podem ter sido benéficos para alguns animais, que passaram a receber mimos e quitutes. Mas se eles tiveram a rotina substituída por outra menos atrativa, isso não teve impacto positivo.
Muitos cães pararam de passear como de costume. Para eles, essa quebra de rotina pode ter pesado muito, a ponto de desenvolver problemas no aparelho urinário, já que estavam acostumados a fazer xixi na grama.
Também há a questão da higienização. Alguns tutores refizeram cálculos e o Totó passou a tomar banho em casa. Essa alteração pode ter sido a glória para muitos animais, ser banhado por seu humano querido, mas aqueles que apreciavam a rotina de serem banhados em petshops - seja por terem construído laços afetivos com o tosado ou pelo simples fato de dar uma voltinha de carro e trocar de ambiente - ficaram bem abalados.
Outro ponto que pode ter mudado com o confinamento é a qualidade da comida. Houve quem cortasse a ração boa pela mais em conta ou até mesmo o básico arroz e feijão. E se esse aporte energético foi racionado, tudo ficou ainda pior.
Entende porque seu pet pode estar ansioso e com medo da vida? Cachorros e gatos não entendem nada de vírus, mas percebem as emoções que abalam a vida de seus tutores. Por isso, esteja atento ao comportamento bizarro assumido por seu animal - esse pode ser o primeiro sinal de insegurança e desequilíbrio no seu animal de estimação.
Converse com o veterinário para entender se o seu pet está “esquisito” nestes últimos dias. Esse estado, se prolongado, pode evoluir para quadros de ansiedade e depressão, a ponto de abalar seriamente a saúde do seu mascote.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve semanalmente em revistadonna.com.