A contagem regressiva para a queima de fogos de artifício já começou. Mas o que encanta adultos e crianças costuma, literalmente, enlouquecer os animais de companhia. Com os ouvidos mais sensíveis, em especial cães de grande porte, animais que ficam reclusos em suas casas podem entrar em pânico quando têm início as comemorações de Réveillon.
E não pense que esse pavor é coisa de cachorro e gato mimados. A dor no ouvido é considerável e o medo do desconhecido pode fazer com que muitos animais tentem fugir de casa ou procurem se esconder nos locais mais bizarros possíveis – o que muitas vezes pode resultar em acidentes. Um animal grande tentando passar por grades estreitas é um exemplo do que pode acontecer quando em condições de ameaça.
Embora a preocupação seja comum a muitos tutores, os gatos correm menos riscos de acidentes nesta época do ano, uma vez que conseguem se esconder nas alturas e nos locais de eleição, ou seja, naqueles que eles sabem que oferecem segurança. Mas com cães é diferente.
Não o acostume com colo
Se você vai passar a virada em casa com seu mascote, saiba que pegá-lo no colo não é a atitude mais inteligente. Seu pet vai achar que se o tutor precisa estar do lado dele para protegê-lo, é porque a coisa é feia.
Além disso, o ato potencializa a insegurança e, com o passar do tempo, o cão pode passar a arranhar suas pernas e pedir colo em qualquer situação de apuros. Mas se ele já está acostumado a ser tratado dessa maneira, talvez você só consiga alcançar a compreensão dele de que tudo está bem estando ao seu lado o tempo todo.
Não o deixe sozinho
Deixá-lo sozinho em um cômodo da casa também não é muito prudente – muito menos no escuro. Ele pode se ferir nos móveis ou destruí-los no momento de pânico. Se não tem muita escolha, deixe-o no local com luz acesa, mas verifique a todo instante como ele está se saindo.
Uso de florais e tranquilizantes
Para quem é adepto dos florais, saiba que agora eles não poderão ser muito úteis para conter a ansiedade do seu mascote, uma vez que o uso do produto já deveria ter sido instituído duas semanas atrás.
Já o uso de tranquilizantes pode ser considerado, mas sob supervisão do médico-veterinário. Não esqueça que seu mascote ficará sonolento e isso não é bom porque também facilita acidentes. Esteja ciente de que um animal sedado deve estar sob supervisão de um adulto, pois seus reflexos estão retardados. Descer do sofá da sala já pode ser a razão de ele bater com os dentes no chão.
Seja visto
Permita ser visto por ele e mostre, através de gestos e atitudes, que está tudo bem. Cachorro e gato identificam a linguagem corporal do tutor e se você está calmo, rindo e brindando, é porque tudo está sob controle. Faça um ligeiro carinho de quando em quando e mantenha seu tom de voz suave. Saiba, contudo, que isso tem efeito limitado em cães grandes, porque a ansiedade deles se deve à sensibilidade do ouvido, não ao medo dos fogos de artifício.
Nunca o deixe amarrado
Jamais amarre um cachorro estressado!!!! O uso de coleiras e principalmente enforcadores pode ser fatal, ainda mais em cães cardíacos. Prefira deixá-lo em um quarto pequeno.
Outros cuidados especiais
Por fim, certifique-se de que não há objetos nem móveis pontiagudos no local onde está seu mascote;
Piscinas são muito perigosas no Réveillon. Cachorro em pânico e piscina descoberta é um prato cheio para afogamento. Mesmo que seu pet saiba nadar, não esqueça de que ele está sob forte estresse;
Portões, portas e janelas devem estar fechados. Cuidados com vidros fechados. Um cachorro amedrontado pode querer saltar e atravessar o vidro;
Mais de um cachorro em casa? Deixá-los juntos até pode amenizar a situação ou, em caso de cães igualmente nervosos, potencializar a tentativa de fuga. Avalie como é a relação entre os cães;
O mascote ficou na casa de amigos ou na pet shop? Certifique-se antes do dia 31 de que o local está adaptado para atender as necessidades dele;
Seu pet pode ter êxito na fuga e você perceber que começou o ano sem seu mascote. Esse risco é particularmente perigoso para quem está fora de casa, como na praia ou na serra. O animal está duplamente desconfortável por não localizar sua casinha ou cama segura. Por isso, uma coleira de identificação é tão importante.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.