:: Por que os mascotes têm o poder de mudar (para melhor!) o nosso humor :: Dúvida na gravidez: meu gato poderá ser um perigo para o bebê?
Imagine, nessa época do ano, os pensamentos de uma mulher que detesta o verão. E ela não detesta por capricho. Areia no meio dos dedinhos dos pés causam brotoejas e bastam cinco minutos no sol para o nariz começa a coçar. Ombros e costas, então, nem se fala. O desconforto do coça-coça é motivo mais do que suficiente para fazê-la correr em busca de uma sombra, só que não pode: a mulher precisa cuidar dos filhos, criaturas que deitam e rolam na areia, aquela molhadinha que afunda os pés e que fica bem na beira da praia.
Pois é, mães, estamos em outubro. Daqui a pouco começam as fugidinhas de final de semana e depois do Réveillon é um salve-se quem não conseguiu uma boa desculpa para não ir à praia. O parto foi uma boa razão para ficar na cidade, mas também só aquela vez que consegui fugir do veraneio, período do ano que nunca mais me livrei desde que tive filhos.
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Eles mesmos, filhos, pessoas para as quais as mães fazem grande sacrifício, não entendem o que é uma mãe não gostar de praia - grupo no qual me incluo - e menos ainda como pode uma mãe não gostar de cachorros. Essa parte eu confesso que também não entendo mas sou solidária à causa: sei muito bem o que é fazer uma coisa quando não temos a menor vocação para isso.
Mas antes de ter o início o verão e de volta à vida atual, eis que chegamos ao mês de outubro, o mês do agouro para algumas mulheres que já estão escutando o “compra, manhêêê!!” desde setembro. Sim, o mascote. O Natal já passou, aniversário também, e agora a mãe fica sabendo que a avó vai dar o dito cachorro se não partir dela a aquisição nos próximos dias.
Fazer com que uma mãe refratária ao mar fique dois meses enterrada na areia da praia em nome dos filhos ainda vá lá, mas exigir que uma mulher sem a menor afinidade com animais fique o ano inteiro em função deles pode ser pedir demais. E demais mesmo. Com os compromissos caindo em sua cabeça ao longo do ano, as chances dessa mãe dispensar o mascote meses depois de sua chegada não são pequenas.
Vale a pena a insistência? Às vezes, sim. Existem mulheres que não podiam nem falar em ter um animal no colo mas que hoje dormem agarradas nele. “Me apaixonei pelo bichinho”, vão dizer, porém não espere que todas terão essa súbita crise de paixonite por ele. Pior que não ter um mascote é tê-lo e meses depois doá-lo pela mais absoluta falta de comprometimento da mãe. E ela não pode ser 100% culpada do episódio se já era conhecida da família sua fraca disposição. Entendeu melhor agora a mulher que não gosta de mar? Não é por mal nem por querer. É da personalidade, do metabolismo, dos hormônios, vai saber? O que se vê por aí é que uma mãe pode até se esforçar por um mês ou dois em função da alegria dos filhos, mas esticar essa concessão pelo resto do ano nem sempre dá certo.
Deve-se ter em mente que, embora pedindo e prometendo que vão assumir as responsabilidades acerca do animal, crianças frequentemente acabam desistindo de cuidar deles, ainda mais depois de passada a novidade e iniciado o ano escolar. Aí quem vai cuidar do mascote? Pois é, ela mesma, pessoa que tem uma avalanche de outros compromissos e passa o mascote a ser mais um, e um cheio de cuidados, só isso, nada de emoção, o que acaba comprometendo a alegria do bichinho, este, sim, 100% inocente nessa história.
Convencer uma mãe que não gosta de animais a assumir um mascote é meio caminho andado para o fracasso. Melhor um animal ter sua tenra infância no seio de uma família mais voltada à presença dele do que perder esse precioso período, onde se criam laços de afinidade e comprometimento, com quem em seguida vai passa-lo adiante. Cabe lembrar que quem recebe um pet adulto perdeu de ter com ele essa interação inicial, o que não raro faz um animal pular de casa em casa por não ter tempo de construir essa relação com ninguém.
Então, mães de plantão, é com muito pesar que peço para mostrarem esse post aos seus filhos, crianças que precisam entender que é melhor ficar mais um tempo curtindo o cusco na casa da tia, mascote que, assim, de repente, pode passar uma semana nas férias de julho na sua casa, semaninha de sacrifício que não vai tirar nenhum pedaço. Cachorro, afinal, não é um bicho de sete cabeças nem o terror dos sete mares, esse gigante cheio de água que me abocanha já no final da primavera e só no outono pra me largar....