A jogadora de futebol norte-americana Megan Rapinoe e a modelo brasileira Valentina Sampaio estão entre os novos rostos da Victoria's Secret. Depois de enfrentar uma crise e protestos pela falta de diversidade, a marca de lingerie anunciou nesta quarta-feira (16) suas novas garotas-propagandas, sinalizando o desejo de romper com um modelo feminino considerado caricaturado.
"Muitas vezes me senti excluída pelas marcas nas indústrias de beleza e da moda", disse a jogadora do OL Reign citada em um comunicado. "E estou feliz de criar um espaço cujo espectro envolva todas as mulheres".
Entre os nomes selecionados, além de Rapinoe e Valentina, estão a atriz Priyanka Chopra Jonas, a modelo sul-sudanesa-australiana Adut Kech, a esquiadora chinesa de estilo livre Eileen Gu, a modelo plus size Paloma Elesser e a jornalista Amanda de Cadenet.
Durante muito tempo, a grife foi referência no mercado de lingerie nos Estados Unidos, mas nos últimos anos foi substituída por marcas mais modernas que apoiam abertamente a diversidade. A primeira a promover esta mudança de estratégia foi a cantora Rihanna com sua marca de lingerie Savage X Fenty. Lançada em 2018, o valor da empresa alcança o bilhão de dólares, segundo uma estimativa da revista Forbes.
Criticada por promover a imagem da mulher como objeto, eternamente magra e quase sempre branca, a Victoria's Secret acabou abandonando em 2019 seu famoso desfile anual, considerado um evento mundial há alguns anos. Agora, mulheres famosas mais parecidas com o seu público serão a cara da grife — em vez de supermodelos, como Gisele Bündchen e Tyra Banks, que entraram para o rol de "Angels" da marca. As novas representantes, no entanto, não posarão de lingerie, mas participarão de campanhas e ações de marketing com conteúdo voltado para a defesa dos direitos das mulheres.
Tivemos que parar de pensar no que os homens queriam, para focarmos no que as mulheres queriam.
MARTIN WATERS
Diretor executivo da Victoria's Secret
— O mundo estava mudando e demoramos muito para reagir — admitiu o novo diretor executivo do grupo, Martin Waters, em uma entrevista ao jornal The New York Times. — Tivemos que parar de pensar no que os homens queriam, para focarmos no que as mulheres queriam.
Depois de sentir um impacto significativo em suas vendas (-7,7% em 2019 antes do efeito pandêmico), a Victoria's Secret planeja retomar seu desfile em 2022, mas de uma forma muito diferente, disse Waters ao jornal norte-americano.
A empresa matriz da grife, o grupo L Brands, anunciou em maio a divisão de suas atividades, o que terá como consequência a separação da marca de lingerie do restante do grupo.