Se o prêt-à-porter foi criado para ajudar as mulheres no dia a dia, é inegável que a alta-costura tem outro sentido, o de inspirar. Não há preocupações com praticidade e sim com excelência, com vender um conceito que depois será traduzido em peças mais acessíveis nas araras das lojas.
A alta-costura está a serviço da maison e é a celebração de uma arte lindamente executada com os melhores tecidos, bordados e produção manual. Mas dá para prestar atenção nas principais tendências que surgiram nas passarelas e adaptá-las para a vida real.
Romance açucarado
Tons de algodão-doce, camadas e camadas de tule, mangas bufantes, babados, caudas e saias volumosas, flores estampadas ou aplicadas, tudo em versão exagerada. Se você imaginou figurinos de contos de fadas, entendeu exatamente a intenção. Porém, essa princesa é desconstruída, como apontam as frases impressas nos vestidos de Viktor & Rolf, algumas divertidas como “Desculpe o atraso, eu não queria vir” ou fortes como “Eu sou minha própria musa”, que causaram barulho nas redes sociais. Clássicos do estilo romântico revisitados, mas com muita atitude para acompanhar.
Quem prefere um romance mais discreto pode apostar em vestidos plissados e com movimento. Tons metalizados ajudam a modernizar o look.
Anos 1980
A década do excesso é perfeita para alta-costura – afinal, drama é inerente às coleções independentemente das tendências. Tafetá e cetim, mangas volumosas e sobressaia com short ou calça são marcas registradas e foram frequentes em shapes arredondados e curtos. Ombros pronunciados e assimetria não ficam de fora. Lembra da saia mullet? Pois ela está de volta com o revival 80’s. Tomara que caia e ombro só também são hits para quem quiser se jogar no clima oitentista.
Os laços são favoritos da época e aparecem em versões oversized como ponto alto de qualquer look.
Alfaiataria
Terninhos em versão deluxe, bordados riquíssimos e materiais nobres garantem que o clássico possa ser usado em qualquer ocasião festiva. Elementos do guarda-roupa masculino surgiram em vestidos com detalhes de lapelas e abotoamento. Chique!
Couro e verniz
Verniz não é um material normalmente relacionado com moda festa, mas surge impecável em formato de casacos estruturados na Armani e na Givenchy, criando contraste em looks com renda. O couro marcou presença na Chanel na forma de boleros com botões decorados. Contrapor com peças leves e femininas é o jeito mais atual de apostar.
Plumas e paetês
Plumas são queridinhas do momento e, além de serem parte essencial das peças, adornaram as orelhas das modelos na Chanel e os cílios das modelos na Valentino.
Brilhos nunca são demais e chegam com tudo, dando um efeito irresistível aos minivestidos. Peças de alfaiataria também ganham toque extra e cintilante. Na Dior, as botinhas de glitter encantaram. Continuando no clima animado, as franjas em versão canutilho garantem movimento e sex appeal aos vestidos mais charmosos da temporada
Cores
Tons de rosa, com destaque para o clarinho e o magenta, além de variações de azul, imperam. De novidade, as peças multicoloridas em paleta suave são bela alternativa para atualizar os vestidos de festa.
Circo de luxo
Especial para a gente pensar nas produções de Carnaval, toques circenses estavam por tudo! Na Dior de forma literal, já que circo foi tema da coleção. Quem ama um acessório vai se deliciar com as opções de tiaras, véus e até máscaras. Vale prestar atenção nas makes e combinações de cores e levar um pouquinho do glamour couture para pular na avenida, festa ou bloquinho.
Influência religiosa
Um clima sagrado e austero permeou vários desfiles, especialmente em forma de capas e véus com transparência, invocando imagens sacras e emprestando um ar celestial aos looks. Destaque para as composições monocromáticas em branco.
Pool party
De mais inusitado, a moda resort ganhou atenção especial: das sereias de Zuhair Murad ao maiô mais chique que você já viu, cortesia da noiva do gran finale da Chanel. Saídas de praia com brilhos e bodies bordados foram as melhores surpresa da estação.
Explicando a alta-costura
O nome é protegido e só podem desfilar nesta semana os membros da Câmara de Comércio de Paris (Chambre de commerce et d´industrie de Paris). Os desfiles acontecem duas vezes por ano e movimentam milhões para as marcas de luxo – não pelas vendas das peças apresentadas (apenas duas mil mulheres no mundo tem acesso à alta-costura, e somente 200 são clientes regulares), mas pela publicidade gerada em razão das celebridades nas primeiras filas e, principalmente, pelas roupas impecáveis. A alta-costura vende o conceito da marca, os melhores tecidos possíveis, bordados inimagináveis, tudo feito em perfeição e maestria. As peças são confeccionadas sob medida para a cliente, que geralmente precisa fazer três provas de roupa até recebê-la. Perfumes, maquiagens, acessórios como bolsas e sapatos sustentam financeiramente estas grandes maisons, mas a chamada couture sustenta o sonho.
Quem se interessou pelo assunto não deve perder o episódio cinco da série Reta Final, produção original do Netflix, que mostra os bastidores de um desfile de alta-costura da Chanel.