O vestido Mondrian, a mulher fatal de smoking, a aventureira em traje safári: 50 anos depois da criação de sua casa de alta-costura, no dia 4 de dezembro de 1961, Yves Saint Laurent já faz parte do patrimônio cultural francês, reconhecido em todo o mundo, apesar de seu falecimento, em 2008.
? Há muito de Saint Laurent em todos os lugares, ele marcou uma época. Todos têm um Saint Laurent sem sabê-lo. Ele inventou todo um universo masculino que adaptou, em seguida, para as mulheres: smoking, capa de chuva, traje safári. Ele representa seu país ? disse à AFP Pierre Bergé, 81 anos, que o ajudou a dirigir durante 40 anos a grife YSL e se ocupa, hoje, da fundação criada em homenagem ao grande estilista e seu companheiro. ? Ele dizia que a moda não é uma arte. Eu acrescento: mas é preciso ser um artista para criá-la.
Bergé compara a posição de Yves Saint Laurent à de um grande pintor, descrevendo uma personalidade cuja influência vai bem mais além da própria moda, uma característica comum a "apenas uma outra estilista": Coco Chanel.
? Apenas os dois penetraram no território social, com uma cumplicidade com as mulheres e as ruas.
Yves Saint Laurent conheceu a glória desde seu primeiro desfile "chez Dior", em que sucedeu ao mestre, em 1957. Na época, sua linha Trapèze rompeu com os vestidos de cintura bem marcada, de vespa, fazendo um sucesso estrondoso.
No dia 4 de dezembro de 1961, criou sua própria maison, em parceria com Pierre Bergé, e se instalou no número 30 da rua Spontini, em Paris.
Juntos, YSL, na criação, e Bergé, na administração, construíram uma grife que deu a volta ao mundo, com o logotipo formado por três letras pretas entrelaçadas, ainda um símbolo de elegância à francesa. A marca, hoje propriedade da PPR, registrou no ano passado negócios de 270 milhões de euros. Os perfumes e os cosméticos estão nas mãos da L'Oréal.
Saint Laurent tinha 25 anos quando apresentou a primeira coleção, no dia 29 de janeiro de 1962. Inventou o guarda-roupa da mulher moderna: a capa e o trench-coat, o tailleur com pantalona, o jumpsuit. Serviu-se dos códigos masculinos para dar à mulher a própria liberdade. Vestiu todas as mulheres, não apenas a clientela rica. Criou para todas as artes e foi amigo dos artistas, com a confecção de coleções em homenagem (Matisse, Cocteau, Van Gogh, Picasso), estando entre eles os vestidos Mondrian, depois os da pop art, assim como uma coleção africana.
Mudou-se, em 1974, para uma mansão particular, na Avenida Marceau, que abriga, hoje, a Fundação Yves Saint Laurent. Ali são organizadas, regularmente, exposições de artistas. Retrospectivas sobre o trabalho de YSL foram realizadas em todo o mundo desde 1983. Madri acolhe uma delas, no momento, após o sucesso da organizada no Petit Palais em Paris, em 2010.