"Nós tínhamos idealizado um parto humanizado. Contratamos uma equipe para nos acompanhar em casa até o momento que fosse possível e iríamos para o Divina Providência para o Caio nascer no hospital. Quando o coronavírus se tornou uma pandemia, logo caiu a ficha de que isso implicaria uma mudança. Foi aí que decidi conversar com a equipe sobre a possibilidade de fazer todo o parto em casa.
Foi cerca de 10 dias antes do nascimento, de chegar nas 40 semanas, muito perto do parto mesmo. Mudou tudo, toda a organização e a logística. Achamos melhor e mais seguro fazer o parto domiciliar, e o Caio nasceu no sábado, dia 4 de abril. Eu já estava em casa em função do isolamento social, e confesso que o confinamento se tornou um período muito bom. Tenho um filho de sete anos, o Vicente, e conseguimos curtir juntos os momentos antes da chegada do Caio. Mantivemos a calma tentando pensar positivo, fiz exercícios em casa para manter o equilíbrio e controlar o estresse e a ansiedade.
No meio disso tudo, meu companheiro estava com suspeita de coronavírus, doente fazia quase três semanas. Foi confirmada a pneumonia e descartada a covid-19, mas ele não conseguiu acompanhar o parto. Não moramos juntos, e o quadro fez com que ficássemos mais isolados um do outro. Sobre o pós-parto, está sendo muito diferente desta vez. Não estar em um ambiente hospitalar e não receber visitas faz diferença. Por enquanto, estou contando com a ajuda da minha mãe, a única que está participando da rotina neste momento. O meu outro filho está com o pai, veio ontem conhecer o irmão e voltou, mas usou máscara.
No mais, estamos tomando todos os cuidado, não saio há quase um mês, limpamos tudo diariamente, esterilizamos o que chega da rua. Não recebemos visitas. O pai está vindo de máscara também, tomando todos os cuidados. A mensagem que eu gostaria de deixar para o Caio daqui a 10 anos é que ele é um vencedor, que escolheu o momento certo para vir. Ele veio no meio da pandemia para provar que a gente, sim, pode ser resiliente e menos egoístas".