Cientistas dizem que a fertilidade natural vai diminuindo progressivamente ao longo da vida, mas não dá pra dizer que existe uma idade realmente certa para se ter um filho. Para homens e mulheres, é normal que em cada fase da vida se viva a experiência de formas diferentes.
Segundo a psicopedagoga Juliana Rosendo Vargas, a verdade é que os desafios e alegrias são enormes, independentemente da idade. O mais importante é ser uma mãe e um pai presente na vida dos filhos.
No próximo domingo, dia 12, é comemorado o Dia dos Pais. Por isso, convidamos homens de diferentes faixas etárias para comentar a experiência vivida com os filhos.
Veja os relatos:
AOS 20 ANOS
“Minha filha Maria Laura nasceu em agosto de 2015. Na época, eu estava com 24 anos. Ela foi fruto de uma relação de uma noite que tive – de forma irresponsável, sem uso de preservativo – com a mãe dela. Quando a menina me procurou para dizer que teríamos um filho, eu tentei acompanhar de perto tudo que pude, mas sem ter a certeza de que o filho era realmente meu. No dia em que a Maria nasceu, acompanhei de longe na sala de espera do hospital, ainda com aquela angústia da dúvida. Após o nascimento dela, fizemos o teste que confirmou a paternidade e foi aí que a chave virou. Naquele momento, lendo aquele papel, me senti pai e comecei a entender toda a responsabilidade que eu teria a partir daquele dia. Foi um sentimento estranho, mas um estranho bom, que veio acompanhado de muito medo. Costumo dizer que meu processo de paternidade foi diferente do "convencional", que não me arrependo de ser pai, mas, sim, da forma como aconteceu. Essa foi a minha maior dificuldade como pai. Para o futuro, planejo ter mais filhos, quem sabe adotar, mas aí de uma forma mais planejada".
Luckas Cabral, 27 anos
AOS 30 ANOS
“Tenho dois filhos, o Bernardo de 1 ano e 9 meses, e o Bento, de apenas 1 mês. Na gravidez do Bernardo, fomos “tentantes” por um ano e meio, até a confirmação do positivo. Fiquei muito feliz, pois sempre planejei e sonhei em ser pai, ainda mais quando descobri que o primogênito seria um menino. Mesmo sendo um sonho meu e da minha esposa Talita, eu não tinha exata certeza de como era a realidade da vida de um pai, mas foi quando Bê nasceu que levei mais a sério essa questão. Já o Bento, nosso segundo filho, nos pegou de surpresa. No início foi um susto, afinal, ainda tínhamos um bebê pequeno em casa. Mas hoje me sinto muito realizado como pai. Minha maior preocupação é não saber se conseguirei ser um bom pai e se terei condições de poder dar tudo aquilo que eles precisarem. Mas a paternidade, sem dúvida, me tornou uma pessoa melhor e mais leve. Hoje, levo a vida com mais alegria e tranquilidade. Vivo o agora".
Leonardo Feck Trajano, 30 anos
AOS 40 ANOS
“Minha esposa já tinha dois filhos quando nos casamos. O Joaquim, de 7, e a Joana, de 9, que considero meus filhos de coração. Há quatro meses, iniciou a minha verdadeira experiência "100%" como pai, com o nascimento da Antonella. Já planejávamos esse filho para esse momento, muito, mas acabamos atrasando a vinda dela porque queríamos ajustar as coisas ao máximo, para que tudo fosse tranquilo na sua chegada. Até o nono mês de gravidez, a ficha não tinha caído ainda. Mas quando ela nasceu, aí sim, entendi qual era a grande missão que tínhamos. Sempre imaginava que a vida de um pai era mais tensa, cheia de atropelos e até uma certa ansiedade. Imaginava uma cara de sono o dia todo (risos). Mas nada disso aconteceu. Como dupla, Juliana, minha esposa, e eu estamos tirando de letra por enquanto, tentando com muito planejamento dar a atenção aos três da mesma forma. É um desafio, mas estamos aprendendo, dia após dia. Hoje enxergo a paternidade como uma forma que a vida naturalmente oferece para nossa evolução como ser humano. Hoje elenco prioridades. Melhorei a gestão do meu tempo e não deixei de ter uma vida profissional e social junto com a Juliana. Daqui a 20 anos, me vejo como um pai que cumpriu sua missão, de ver os filhos encaminhados, vendo que cada um seguiu o seu caminho.
Leandro Custódio, 43 anos
AOS 50 ANOS
“Me tornei pai pela primeira vez com 41 anos, sendo padrasto das gêmeas Jéssica e Stella, ambas de 19. Quando conheci a mãe delas, resolvemos morar juntos. Assumi o pacote completo. Não existiu um planejamento, somente uma decisão de querer ser pai delas. Foi uma experiência fantástica. Cansativa, mas gratificante ser pai de gêmeas de três anos de idade logo de início. Assumir um filho, e neste caso duas, e ainda não ter sido gerado por você, é muita responsabilidade. Foi um momento de enfrentar receios, dúvidas, desafios não imaginados. Como não tinha experiência anterior, foi na leitura de livros especializados em educação infantil que alimentei meu conhecimento teórico de como cuidar delas, aliando a isso a minha intuição e a vivência da educação dada pela minha mãe. Hoje, aos 57 anos, estou em um novo relacionamento e sou pai do Vicente, de 8 meses, fruto dessa união. Minha atual esposa já era mãe de um menino de 1 ano, o Heitor, hoje com 4, que crio como meu filho. Eu vejo a paternidade de muitas formas, algumas certas outras nem tanto, mas acredito que cada pai repassa ao filho aquilo que recebeu; Por isso, procurei repassar às meninas o que eu acreditava ser certo. E assim farei com o Vicente e o Heitor. Com o Vicente, creio que parei por aqui. Uma criança exige muito. Tempo, carinho, dedicação, atenção. Chega uma hora que os pais precisam de um descanso, até para poder dar o que se deve dar com qualidade".
Sergio Abi dos Santos, 57 anos
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Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.