Uma mesada é um ótimo jeito de formar a educação financeira das crianças. Uma das principais dúvidas é sobre a idade para começar a usá-la. O educador financeiro Reinaldo Domingos explica que as crianças costumam ter desejos de consumo a partir dos três anos. É hora de mostrar o processo de troca de dinheiro por produtos. Mas a mesada deve começar mais tarde, lá pelos sete anos ou um pouco mais, dependendo da maturidade da criança.
Entre tantos ensinamentos e valores que devemos passar aos nossos filhos ao longo da vida, lidar com o dinheiro é um deles. Muitos pais têm dúvidas sobre o tema, pois afinal “qual o melhor momento para começar a dar mesada para os filhos?” ou “qual a melhor hora de falar sobre dinheiro com as crianças? Veja dicas de como incentivar a cultura de poupança e o consumo responsável dos pequenos.
Há quem diga que a criança tem coisa muito mais importante para aprender do que sobre dinheiro. Mas aí, quando adulto, lidar com dinheiro é essencial e o pessoal chega sem saber nem que só pode gastar menos do que ganha. Até mesmo em crises econômicas, é preciso falar sobre dinheiro. O assunto não pode ser tabu.
– A primeira noção que percebi que minha filha teve com o dinheiro foi provocada sem intenção. Ela sempre chorava quando eu saía de casa. Um dia levei a pequena, com menos de três anos, em uma aula de nutrição, quando a nutricionista levou as crianças com R$ 5 para comprar frutas em uma feirinha. Obviamente, minha filha não conseguiu comprar tudo que queria, devolveu parte e aí ganhou um pequeno troco. No dia seguinte, falei a mesma frase de sempre quando saía para trabalho e ela questionou se seria para comprar frutas para ela. Respondi que sim e nunca mais tivemos choro na saída para o trabalho – conta a jornalista Giane Guerra, especialista em finanças e colunista de economia do jornal Zero Hora.
Educador financeiro e pai de duas crianças, Mauro Calil defende que os pais devem falar sempre a verdade sobre a situação financeira da casa:
– Fale abertamente. Dinheiro tem limite e temos que falar desde moedinhas de cofre colocadas no porquinho até a mesada. “Papai perdeu o emprego e agora dependemos da mamãe. Então, sua mesada caiu pela metade”. Tem que pegar junto. As crianças entendem, trarão soluções criativas e leveza para esse assunto. Dizer, por exemplo, que o churrasco será menor e não teremos tanta gente em casa – sugere Calil.
Qual o momento certo para falar de dinheiro com as crianças?
Cada caso é um caso. Mas, no geral, apenas a partir dos sete anos as crianças começam a ter uma noção clara de lidar com mesada ou com o valor do dinheiro. Agora, é bem importante no dia a dia entender o custo das coisas, financeiro e para o meio ambiente, que seja. O combate ao desperdício tem um efeito incrível sobre a formação do "caráter financeiro" da criança. A economia financeira anda junto com questões de sustentabilidade.
Outra noção muito especial para se trabalhar desde cedo é a relação com o tempo. Um brinquedo caro custa dinheiro. Dinheiro é tempo. O tempo que os pais precisam trabalhar e deixam de ficar com a criança, além de combater o consumismo. Isso ensina valores e estimula a criança a analisar o que realmente é importante, o que ela valoriza mais.
E a mesada?
– Durante um mês, anote todo o dinheiro que dá para a criança, desde lanches na escola até brinquedos e passeios. Depois disso, chame a criança para uma conversa. Explique que ela está crescendo e que vai passar a controlar o próprio dinheiro. Para isso, receberá uma mesada. Sugiro cuidar ao vincular a mesada ao desempenho escolar. O estudo deve ser incentivado pela sua própria importância na nossa vida. Outro ponto é não dar mais dinheiro quando a mesada acaba. O pai que faz isso se torna o "cheque especial" – explica Reinaldo Domingues.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.