Dias das Mães chegando, comerciais de nos fazer chorar na televisão, festinha na escola do filho, rosas, presentes, família reunida no domingo. Tudo lindo, certo?
Sim, na maioria das vezes! O que talvez ninguém te conte é que a maternidade pode ser maravilhosa - e sim, é -, mas é também uma caixinha de surpresas. Muitas vezes, você vai se deparar com situações e sentimentos que talvez não saiba como lidar. Também não é para menos, né? De repente uma coisinha pequena chega mudando toda a sua vida e, por mais que você estivesse preparada, alguns sentimentos são difíceis de evitar.
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Mas calma, elas acontecem com mais mães do que você imagina e é possível sair delas sem grandes traumas. Entrevistamos especialistas em diversas áreas para entender as mudanças mais significativas que podem ocorrer na vida de uma mulher depois que ela se torna mãe.
1. Você pode se sentir muito sozinha
O baby blues é uma expressão em inglês que corresponde à leve tristeza que costuma acompanhar a mãe depois que o bebê nasce. É desencadeado por alterações hormonais (os hormônios estão voltando ao estado anterior a gravidez), pela volta pra casa com o bebê e as responsabilidades que isso gera, preocupação excessiva em ser perfeita em tudo e muito pelo cansaço físico que gera cuidar de um recém-nascido.
É um período de melancolia, tristeza e fortes alterações de humor que ocorre entre quatro a cinco dias após o parto e pode durar algumas semanas, depende da mulher. Ocorre entre 60 à 80% das mulheres e pode gerar outros sintomas como: ansiedade, mudança de apetite (para mais ou para menos), irritabilidade e principalmente vontade de chorar.
O baby blues não precisa de remédios. O importante é que a mulher seja amparada pelo parceiro, a família e os amigos. A mulher deve receber ajuda nas tarefas da casa e nos cuidados com o bebê para que tenha alguns momentos do dia em que ela possa descansar e relaxar. Pequenas caminhadas ao ar livre, um passeio, um cuidado consigo mesma - como fazer as unhas -, pode ajudar muito.
Baby blues não é depressão pós-parto! Importante a família observar os sintomas: se eles persistirem por muito tempo e forem preocupantes, tais como incapacidade de cuidar de si mesma ou do bebê, ou ainda incapacidade de sentir amor pelo bebê, procure ajuda médica imediatamente.
2. Amamentar pode não ser tão instintivo assim
Quem passa por uma mãe lindamente amamentando seu bebê, não imagina quantas dificuldades ela enfrentou (ou enfrenta) com a amamentação. Por ser um ato natural, imaginamos que, assim que o bebê nasce, nasce também um bebê que sabe sugar e uma mãe que sabe amamentar. Ledo engano... Quem dera fosse assim! Infelizmente, a amamentação não é algo instintivo, deixou de ser há muito tempo, desde que o homem saiu das cavernas e se socializou.
Portanto, amamentar é um ato de muito aprendizado. É igual andar de bicicleta, requer muito treino.
Nas primeiras semanas, mãe e bebê estão se conhecendo e aprendendo um com o outro. O leite pode demorar a descer, o bebê pode machucar os mamilos da mãe, as mamas podem empedrar, o leite pode não ser suficiente, o bebê pode ficar dia e noite grudado mamando, a mãe pode ficar SUPER cansada e estressada, as pessoas ao redor podem não saber ajudar e inclusive atrapalhar. Nada disso parece um mar de rosas e quem já passou pelos percalços da amamentação sabe bem do que estou falando.
Felizmente, tudo isso é temporário. As mães que conseguem vencer as dificuldades iniciais com a amamentação saem mais fortalecidas e curtindo esse momento tão único, maravilhoso e peculiar.
Um último conselho (de mãe para mãe): não sofram sozinhas, procurem ajuda profissional especializada (consultores em amamentação, bancos de leite, grupos de apoio à amamentação). Amamentar é uma das várias formas de amor, mas, mais que amor, é ter paciência e persistência!
3. Suas noites de sono nunca mais serão as mesmas
Nos primeiros meses, o bebê é totalmente dependente, principalmente da mãe, com relação à amamentação. O sono acaba sendo uma das maiores mudanças desse período. Se você estava acostumada a dormir bastante, prepare-se! É bem possível que, depois do bebê nascer, você não tenha uma noite de sono ininterrupta tão cedo.
O sono dos bebês, pelo menos até os três primeiros, meses é extremamente leve e ativo, bem diferente do que observamos nos comerciais onde os bebês dormem profundamente. No início da vida, as crianças não têm ritmo regular para dormir. Mamam e adormecem várias vezes por dia e passam boa parte do tempo assim. É bem possível que ele só só vá aprender a prolongar o sono após o sexto mês.
4. Sua vida conjugal pode dar uma balançada
A chegada de um bebê muda totalmente a vida do casal. Ele nos exige tempo, atenção e cuidados especiais. Entre milhares de trocas de fraldas, mamadas e noites sem dormir, é inevitável que isso afete a vida sexual e o romantismo no casamento. Fatores como cansaço, insatisfação com o próprio corpo e desconforto físico são alguns dos pontos apontados para que o sexo figure no fim da lista de preocupações dos casais.
Além disso, fisiologicamente a libido da mulher é tende a diminuir após o parto.
5. Que você às vezes vai sentir vontade de fugir para as montanhas
Quando o bebê nasce, muitas mulheres são surpreendidas com pensamentos negativos, tais como: "acho que não vou dar conta de tudo", "quero fugir daqui", entre outros. Isso ocorre porque, no pós-parto, há uma ruptura do estado mágico de plenitude vivenciado por muitas mulheres ao longo da gestação, todas fantasias se transformaram numa realidade que muitas mães não estavam cientes de que iriam passar.
O puerpério mostra uma vida familiar completamente transformada, há uma nova dinâmica guiada pelas necessidades do bebê. Existem novos vínculos e papéis a serem desempenhados. Junto a isso, o corpo da mulher está fisicamente diferente, sofrendo, também, com a queda do nível de hormônios que se manteve elevado durante a gestação.
Assim, apesar da falta de informações sobre a realidade do pós-parto, é extremamente comum ter inúmeras alterações emocionais nesse período. É normal sentir-se sozinha, insegura e com muitos medos, como também é possível sentir ciúmes, raiva e ter sentimento de impotência frente a tantas novas demandas. E isso pode te acompanhar em todas as fases da maternidade, fruto da tal "culpa materna" que as mães carregam consigo.
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Fontes utilizadas para a matéria: consultora em Amamentação Rosane Baldissera; psicóloga Natacha Monteiro; doula de parto e pós parto Andréa Fontoura; orientadora e parent coach Mariana Zanotto Alves.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.