Falecida na manhã de quinta-feira (2), Gloria Maria deixou tudo pronto para que suas duas filhas não fiquem desemparadas. Em 2018, ela abordou o assunto em entrevista ao jornal O Globo.
— Minhas filhas não têm pai, eu decidi tê-las sozinha. Sou eu e ponto. Preciso estar bem para vê-las no balé, nos eventos da escola. O dia em que não puder estar, que morrer, elas terão tudo encaminhado. Vão estudar nos melhores lugares, têm padrinhos maravilhosos. Tá tudo certo — contou ela.
O jornalista Bruno Astuto é padrinho de Laura, de 14 anos, e Caio Nabuco é o padrinho de crisma dela. Julia Azevedo é a madrinha de Maria, que tem 15 anos.
Laura e Maria foram adotadas em 2009, após uma viagem de Gloria à Bahia para um trabalho voluntário em um orfanato. A jornalista contava que primeiro se encantou com Maria e, depois de conhecê-la, se apaixonou por Laura, sem saber que as duas eram irmãs biológicas. Foi então que decidiu adotar a dupla.
O processo de adoção durou 11 meses, e levou Glória Maria a se mudar de estado para ficar mais próxima às crianças enquanto a documentação tramitava na Justiça. Em várias entrevistas ao longo da carreira, a jornalista comentou que não tinha desejo de ser mãe, porque preferia se dedicar ao trabalho.
— A vida inteira (fui pressionada para ser mãe), só que eu não estava nem aí. Eu nunca tive vontade de ser mãe, porque o meu trabalho era o meu filho. Eu cuidava, amava, dependia dele, não podia pensar na possibilidade de perdê-lo — comparou, ao O Globo.