A atriz Renata Sorrah, 75 anos, não costuma ficar em cima do muro e se posiciona com frequência em prol dos direitos humanos nas redes sociais. Em entrevista ao portal Universa, publicada nesta quarta-feira (10), foi questionada se a sociedade está menos machista hoje e quais mudanças sente em relação ao início de sua carreira.
— Vou citar (a escritora) Simone de Beauvoir. Ela diz que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. É uma conquista diária. Nós temos que nos manter vigilantes durante toda a vida. Hoje no Brasil estamos enfrentando um momento difícil, estranho. Se o país não tomar cuidado, vai virar decadente. Acredito que isso acabe logo. Mas existem alguns movimentos que estão explodindo, maravilhosos, que são o movimento antirracista e o movimento LGBT+ — respondeu ela.
Para ela, a sociedade está muito melhor hoje do que anos atrás, quando começou na televisão e no teatro.
— Temos atores negros protagonistas. Relações homoafetivas estão sendo vividas livremente. É um começo. Mas ainda há muita luta pela frente. Precisamos de muitas conquistas no enfrentamento do racismo estrutural, do feminicídio, da homofobia e da ameaça aos povos originários... Meu Deus, como eles precisam! Eu espero sinceramente que os meus netos façam parte dessas lutas e que a geração deles avance ainda mais nessas pautas — disse.
Sobre postar mensagens políticas em seu perfil do Instagram, Renata diz ser um "dever de todo cidadão".
— É meu dever de cidadã, em primeiro lugar. Mas acho muito importante os artistas se posicionarem, também. Porque nós temos voz — refletiu.
Por fim, a atriz afirmou esperar que, quando a pandemia se dissipar, as pessoas entendam que precisam mudar.
— Voltarmos ao que éramos antes não pode estar nos planos. É preciso que haja mesmo uma renovação. Uma renovação cultural, política, social, afetiva. A gente precisa ser mais colaborativo e menos competitivo. Não dá para superar a pandemia e continuarmos como antes, as florestas continuarem a arder, por exemplo. A gente deveria ter aprendido tanta coisa...