Ex-bailarina do Domingão do Faustão e agora atriz, Aline Campos, 34 anos, tem vivenciado uma nova fase na carreira. Recentemente, gravou o filme Férias Trocadas na Colômbia. Na trama do longa, interpreta a mãe de Klara Castanho, que recentemente comoveu o país ao revelar ter sofrido um estupro, engravidado e entregado o bebê para adoção.
Na ocasião, Aline usou as redes sociais para apoiar a jovem e relatar que ela também sofreu a mesma violência. Em entrevista à colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira (14), relatou que foi vítima do crime em duas ocasiões.
— Durante alguns anos, passei por esse processo de curar, de reconhecer. O que acontece? Muitas meninas e mulheres se cegam para a violência que viveram e se sentem culpadas. A mulher pensa que provocou, a sociedade machista nos faz sentir assim. Hoje em dia, agradeço por eu ter conseguido superar e me fortalecer. Quando relatei na internet, disse que estava abrindo meu coração na intenção de ajudar — começou contando ela.
Em seguida, detalhou mais o caso.
— Essas violências aconteceram comigo em duas situações. Eu tinha pouco menos de 18 anos. Foi numa época em que eu queria trabalhar, ter as minhas próprias coisas, saía, bebia... E em muitas ocasiões o homem usa da bebida para tirar a culpa e passar para a mulher, que está vulnerável. Por isso é tão importante a gente falar do que não se deve fazer. Muitos homens usam da bebida para aliciar. A bebida faz com que, se a mulher disser "não" e a pessoa forçar; ou então se a mulher dormir, ou então ser drogada por alguém, como aconteceu comigo, ela acorda do pesadelo e acha que a culpa é dela. Essa falta de consciência traz dúvidas por algum tempo. Foram duas situações bem chatas que eu ressignifiquei. O que posso falar hoje é que, sim, fui abusada sexualmente, fui estuprada. E fui curada em processo terapêutico. Isso me fortaleceu.
Mãe de um menino de 11 anos, a atriz ainda opinou sobre a importância da educação para evitar abusos.
— É importante conscientizar os homens, é fundamental as famílias abordarem o assunto. Torço para que pais e mães parem de ser machistas e de ensinar que os filhos têm que sexualizar a mulher — disse ela.
Por fim, falou sobre a mudança do nome artístico — de "Riscado" para "Campos".
— Não me representava mais. Foram 11 anos sendo reconhecida como Aline Riscado e nem todo mundo entende a alteração. Mas os momentos em que mais cresci e me destaquei foram aqueles em que tive coragem de seguir meu coração — concluiu.