Na novela das nove Um Lugar ao Sol, Rebeca, interpretada por Andréa Beltrão, tem dado o que falar. Vida profissional em decadência, conflitos com a filha adolescente, medo de envelhecer e sexualidade na maturidade são algumas das questões que a personagem tem explorado na trama e, assim, gerado identificação com o público feminino. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (13), a atriz falou sobre a importância da novela abordar temas como a menopausa, que ainda são considerados tabus.
— É maravilhoso poder falar. Na pandemia, ficou visível a discussão dos fios brancos crescendo, não dava para pintar cabelo, essas coisas que dão uma imagem "lux luxo". Abriu um portão, tipo: "Por que a gente tem que? O que esperam das mulheres?". É melhor não esperar nada, porque só vamos fazer o que tivermos a fim. Esse é o melhor lugar, o da liberdade, de sermos honestas com nosso desejo — disse Andréa.
Na sequência, foi questionada se fazia reposição hormonal.
— No começo, não. Mas o torniquete foi apertando, invadindo a questão sexual, a libido. Aí, falei: "Não dá, bicho, vamos morrer inteira, transando!" (risos). Fui na médica e pronto. Mas é um momento de passagem e tem sua beleza. Deve ser tratado como mais um momento belo da mulher — contou.
A atriz também relatou como encara a passagem do tempo.
— Tenho medo da coisa dermatológica, virar algo que não sou. Me acho tão bem... Me olho no espelho e me acho tão bonita. Não penso "nossa, estou com 58 anos", mas, "pô, estou legal hoje, essa roupa ficou boa". Muitas vezes, me acho mais bonita hoje.
A artista, que já teve que recorrer ao Narcóticos Anônimos, ainda falou à publicação sobre como conduziu o assunto drogas com os filhos.
— Falei tudo cedo. Queria que tivessem uma informação de mim, que passei por isso e conheço todas. Ainda frequento o NA, voltei há três anos. Me ajudou muito. Minha análise também tratou desse assunto. Sou exagerada. Quero chupar a vida até o caroço, viver muito. Isso é bom e, às vezes, atrapalha. No caso do álcool, começou a ficar pesado o meu dia seguinte — disse ela, que ainda falou não estar bebendo atualmente.
— A primeira vez que fui para o NA, tinha 20 e poucos e fiquei anos. Muitas coisas aconteceram, meu irmão morreu, minha avó. Voltei (a beber) socialmente, mas com minha voracidade não dá. Agora, estou muito bem. Me sinto meio Obelix, caí no caldeirão. Não preciso de nada. Vou a qualquer lugar, sou a primeira a entrar na pista de dança e a última a sair. A minha questão é só minha, não uso para valorar nem criticar nada nem ninguém. Nem com meus filhos. O que digo é o que sei, mas não "olha como foi com a mamãe". Deus me livre! As vidas são diferentes.
Na entrevista, Andréa também comentou a sua dinâmica de relação com o marido, Maurício Farias. Ao ser questionada se eles têm um acordo monogâmico, ela explicou:
— Acho que sim, não quero saber (risos). Acho um barato relação aberta, mas não sou tão evoluída. O preço é alto. Não é um acordo que tenho comigo, de sempre que tiver um casamento será assim. Já vivi vários, mais abertos, mais neuróticos. Não tenho medo do que possa acontecer. Está tudo aí, milhões de homens e mulheres interessantes, a gente não controla nada. Acontece que, nesse ofício, temos uma licença de estar com outro homem, outra mulher, beijar outras bocas. Claro, estou ali interpretando, mas a fantasia é bem alimentada — refletiu.
Cena polêmica
Por fim, a atriz falou sobre a cena que repercutiu com força nas redes sociais no fim do mês passado. Após recusar fazer sexo com Túlio (Daniel Dantas), a personagem aproveitou enquanto o marido estava no banho e começou a se tocar, em uma rara cena de masturbação feminina no horário nobre.
— Me mandaram pessoas dizendo "que absurdo uma mulher se masturbando na hora do jantar". Bom, a gente não escolhe exatamente a hora que vai se masturbar, né? Cada mulher se masturba na hora que dá vontade nela — opinou. — Foi um barato, elegante, delicado. Senti um respeito, não tive constrangimento.
Para ela, fazer com que essas questões cheguem às pessoas é importante.
— Mulheres saberem que "quer dizer que se não quero transar não é porque estou maluca, mas porque vivo uma questão hormonal?". (...) Mulheres estão se falando mais sobre transar. Antes, não conversavam pensando que poderiam se sentir diminuídas ou aquela coisa de "meu tempo passou". A própria sentença do prazo de validade que a Lícia (Manzo, roteirista de Um Lugar ao Sol) coloca, de que a mulher fica desinteressante, era bem real. A coisa de "já estou nos calores". Chaaaaato — concluiu.