A atriz Viola Davis, a primeira mulher negra a ganhar um Emmy como melhor atriz pelo seu trabalho no seriado How To Get Away With Murder, estrela a edição de julho/agosto da revista americana Vanity Fair. Na entrevista à publicação, divulgada nesta terça-feira (14), Viola discorre sobre como enxerga toda sua vida como uma forma de protesto.
Com a eclosão das manifestações antirracistas nos Estados Unidos, depois da morte de George Floyd, um homem negro que teve o pescoço prensado no chão pelo joelho de um policial branco, Viola, com medo do coronavírus, optou por acampar com alguns amigos e familiares na Avenida Laurel Canyon Boulevard exibindo cartazes contra a violência policial em vez de comparecer aos protestos. Questionada se já havia protestado antes, respondeu:
— Sinto que toda a minha vida tem sido um protesto. Minha produtora é meu protesto. Eu não ter usado peruca no Oscar de 2012 foi meu protesto. É uma parte da minha voz, assim como me apresentar a você e dizer: "Olá, meu nome é Viola Davis" — disse ela.
Na mesma entrevista, Viola ainda confessou que não foi sempre que enxergou valor na própria voz.
— Quando eu era mais jovem, não exercia meu poder de falar porque não me sentia digna de ter uma voz — relatou.
Com o apoio das irmãs e da mãe, a atriz melhorou sua autoestima. Durante o bate-papo, questionou a valorização das mulheres negras pela sociedade.
— Quem está dizendo a uma garota de pele escura que ela é bonita? Ninguém diz isso. Estou lhe dizendo, ninguém diz isso. A voz da mulher negra de pele escura é tão intrínseca à escravidão e à nossa história. Se nos manifestássemos, isso nos custaria a vida. Em algum lugar da minha memória ainda havia esse sentimento, de que eu não tenho o direito de falar sobre como estou sendo tratada, que de alguma forma eu mereço isso. Não encontrei meu valor sozinha — refletiu.
Confira a capa da edição, divulgada no Instagram da revista: