A atriz Juliana Alves, assim como muitos brasileiros, teve sua rotina interrompida pela pandemia e agora divide as tarefas domésticas e os cuidados com a filha Yolanda, de dois anos, com o marido Ernani Nunes em casa. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta terça-feira (7), ela falou sobre a série Pra Nós, que vai ao ar todo domingo em seu perfil do Instagram.
Nos episódios, levantam-se vários debates sobre questões raciais.
— As desigualdades ficam mais evidentes e minha militância se intensificou nesse momento de pandemia — contou ela.
No início, porém, a ideia era falar sobre os desafios da maternidade e da vida em família durante o confinamento nos vídeos.
— No início da maternidade foi importante ouvir certas pessoas e trocar certas ideias. O Pra Nós nasce como uma forma de acolher as pessoas que estão vivenciando isso durante a pandemia, pensando em como está a cabeça dessas mães e pais recentes. Mas quando fomos decidindo os temas, ficou claro para mim, pela minha trajetória, que eu não posso falar de maternidade sem falar de combate ao racismo — afirmou Juliana.
Para ela, ser mãe é uma oportunidade de construir uma sociedade mais igualitária por meio de uma educação com empatia e consciência.
— Quando eu penso em criar uma criança, penso que tenho a missão de permitir que essa pessoa seja feliz e que possa contribuir para uma sociedade melhor. Eu não quero alienar a minha filha. Eu quero que ela possa atingir todo o seu potencial, que seja uma grande mulher, e que possa fazer escolhas. Mas, para isso, ela precisa ter uma sociedade mais justa, que não diga que ela não pode fazer alguma coisa por conta de uma determinada condição. E eu desejo isso para todas as crianças, para todas as pessoas — disse.
Na mesma entrevista, Juliana também falou sobre a importância da representatividade na dramaturgia.
— Desejo que mais pessoas negras estejam envolvidas em todas as etapas do processo para que a gente desconstrua padrões e estereótipos que são reforçados pela mídia, pelo audiovisual e pela dramaturgia que foram perpetuando o racismo. Todas as pessoas da minha área têm um compromisso histórico de interromper esse processo e prestar um serviço à humanidade. A arte tem esse poder político — refletiu.