A influenciadora digital Dora Figueiredo viu seu nome ganhar repercussão nas redes sociais por conta de um vídeo que compartilhou em seu canal do Youtube em julho do ano passado. A gravação, que passa de dois milhões de visualizações e tem quase 24 mil comentários, é um desabafo que levava o título "Eu vivi um relacionamento abusivo".
Além de ter levantado o debate sobre relacionamentos abusivos nas redes, Dora, que engordou 20 quilos em pouco mais de um ano, tornou-se símbolo de amor-próprio, saúde mental e empoderamento ao falar sobre compulsão alimentar e aceitação em seu perfil do Instagram.
Nesta segunda-feira (20), a revista Marie Claire divulgou um depoimento em que ela conta como foi sua relação com o próprio corpo durante toda a vida. Dora lembra que seus problemas de autoimagem começaram aos 12 anos, quando já havia decidido colocar silicone, e que cresceu acreditando que precisava ser desejada pelos homens. Na adolescência, seu maior pavor era passar dos 60 quilos - e fazia as dietas malucas na tentativa de evitar o aumento de peso na balança.
– As minhas referências vinham das revistas e novelas: para onde eu olhava, só tinha mulher muito magra. Aos 14, comecei a ter dismorfia corporal, ou seja, não me via como era. O que eu enxergava no espelho era alguém duas, três vezes, maior. Hoje, quando olhos fotos da minha adolescência, lembro, claramente, daquele sentimento. E veja só: eu pesava 50 quilos, com 1,70 de altura –, lembra. – Aos 15, já fazia as dietas mais loucas. Comecei a tomar anticoncepcional, engordava um pouco e fazia a dieta da sopa. Com a moda do detox, passava quatro dias só tomando suco e não conseguia sair da cama, de tão fraca que ficava.
Junto a isso, Dora conta ter vivido um relacionamento abusivo, o que teria agravado sua ansiedade e depressão, já que seu ex falava o tempo todo que ela "estava engordando". Depois do término, ela afirma ter "atingido o fundo do poço". E, ali, decidiu olhar para si mesma de forma mais carinhosa.
A verdade é que, depois de um tempo, com os comentários do tipo: "Ver o seu corpo me deixa bem com o meu corpo", passei a me sentir bem também dentro dele. Sem planejar, acabei inspirando outras mulheres a buscar tratamento"
DORA FIGUEIREDO
– Foi depois disso que consegui me curar e perceber o quanto a minha felicidade dependia da percepção de um homem. Então, priorizei minha saúde mental e me afastei das pessoas tóxicas com quem convivia. Percebi que me havia podado a vida inteira, me moldado pelos homens e para os homens. Assim, aos poucos, fui mudando. E, dessa vez, era por mim –, diz.
Hoje, é acompanhada por uma nutricionista, mudou a relação com os exercícios físicos e aprendeu a conviver melhor com o próprio corpo, buscando, antes de tudo, ser saudável. Por meio de tratamentos psicológicos e psiquiátricos, decidiu deixar de seguir pessoas que "a faziam mal" no Instagram e passou a pensar em si como prioridade. Foi assim que conseguiu se curar do transtorno alimentar.
– Tive anorexia, bulimia e, hoje, 20 quilos mais gorda, aprendi a gostar de mim – afirmou em seu texto.
Ao compartilhar os relatos em suas redes sociais, inspira outras mulheres a se aceitarem também.
– A verdade é que, depois de um tempo, com os comentários do tipo: "Ver o seu corpo me deixa bem com o meu corpo", passei a me sentir bem também dentro dele. Sem planejar, acabei inspirando outras mulheres a buscar tratamento. (...) Agora, peso 73 quilos e me sinto feliz. Muito feliz. Consegui diminuir a compulsão alimentar e acabei com o efeito sanfona. Mais para a frente talvez emagreça ou engorde, mas isso não é mais um caos na minha vida. Nem balança tenho mais em casa, me peso de vez em nunca. Olho para o meu corpo e acho lindo, maravilhoso. Tem as coisas que não gosto e nunca vou gostar? Tem. Coisas que vão mudar e coisas que vão ficar como está. E tudo bem –, finalizou.