Dar vida a personagens que conquistam o público é o papel que Fernanda Souza cumpre desde menina. Aos 13 anos, chamou atenção na pele de Mili, a estrela da novela Chiquititas (1997). Depois, emendou uma produção atrás da outra, destacando-se por sua veia cômica – a simpática Mirna, de Alma Gêmea (2005), e a trambiqueira Isadora, de Toma Lá Da Cá (2007), fizeram sucesso.
Hoje, Fernanda segue encantando pela desenvoltura e pelo carisma, mas já não é a atuação que faz sua cabeça. À frente do SóTocaTop, da RBS TV, desde julho, e do Vai, Fernandinha, do Multishow, há dois anos, a paulista de 34 anos deu uma virada na carreira como apresentadora.
Foi sobre esse momento que Fernanda conversou com Donna. Além dos novos desafios, Fê também falou sobre relação com o corpo, a proximidade com os fãs e religião.
Hoje, você se define mais como apresentadora do que como atriz?
Neste momento, está sendo inviável atuar por causa do tempo mesmo. Apresentar está tomando um espaço muito grande na minha vida e eu estou muito feliz com isso. Vou ser atriz para sempre e é claro que, se surgir uma oportunidade e tiver espaço na agenda para isso, não vejo problema.
O Vai, Fernandinha foi elogiado pela crítica e repercutiu nas redes sociais. O programa marcou uma virada na sua carreira?
Foi como começar de novo. É muito gostoso começar de novo tendo trabalhado 18 anos na Globo, fazendo novelas, aprendido a me comunicar. Com certeza absoluta a minha peça Meu Passado Não Me Condena me fez querer me comunicar sendo Fernanda Souza, e não uma personagem. Conto histórias de bastidores da profissão e acho que essa maneira de comunicar foi me dando vontade de continuar. Decidi correr atrás do sonho. O não eu já tenho, então vou correr atrás do sim. As pessoas se divertem, choram, gostam, se emocionam. Tudo o que o Vai, Fernandinha quer é deixar o artista à vontade. Sou só uma escada ali. Quero que ele brinque, se divirta, seja feliz. Evito polêmica, não toco em assuntos que podem constrangê-lo.
Você é casada com um músico, o Thiaguinho, e o SóTocaTop é sobre música. Sua relação com a área sempre foi próxima?
Em Chiquititas, as pessoas achavam que eu cantava, mas nunca cantei. Lá nos encartes do CD dizia o nome das pessoas que cantavam, mas não éramos nós (risos). Cantar não é a minha praia. Mas gosto de ouvir música, ouço todo o dia. Não tenho música preferida, sou muito eclética. Se pegar a minha playlist, tem de tudo. Desde músicas antigas da Shakira, passando por alguma coisa nova da Dua Lipa, e daqui a pouco pode ter uma música gospel do Leonardo Gonçalves. Escuto de tudo mesmo. Sou geminiana (risos).
Você conquistou um público que cresceu ao seu lado. Considera sua relação com os fãs mais próxima em razão disso?
As redes sociais abriram uma porta de comunicação que antes não existia. Hoje, assisto ao Vai, Fernandinha comentando no Twitter, subindo hashtag, escutando feedbacks. É muito imediato, e isso é gostoso. A rede social é democrática e livre. Você pode compartilhar muito ou pouco, pode compartilhar o quanto quiser, da maneira que quiser e onde quiser. Gosto de usar o Instagram, mas não tem que ter regra. Às vezes compartilho mais, ou menos. Sou sincera, dou aquilo que tenho vontade e o que eu consigo também. Aviso que vou ficar alguns dias off. É saudável não compartilhar às vezes, têm fases que é bom dar uma desligadinha.
O seu canal no YouTube é fruto dessa vontade de compartilhar mais sobre sua vida pessoal, de se colocar em primeira pessoa?
É ótimo, uma delícia. Amo fazer. Fiz um vídeo importante sobre a minha fé, minha relação com Deus. Esse vídeo viralizou de uma maneira que nunca imaginei. E fiquei feliz, pois acho fundamental pessoas da minha idade falarem sobre espiritualidade, fé, religião, crença. Para que a gente aprenda a respeitar a crença do outro.
A espiritualidade mudou sua visão de mundo?
Falo sobre Deus porque acredito. Respeito todas as religiões, acho que tem um pouco de todas elas dentro de mim. Cresci numa igreja católica, tenho Bíblia no telefone, falo abertamente de Deus na peça, estudei Kabbalah durante alguns anos, li muito sobre espiritismo, minha tia é kardecista e a gente acaba falando muito desse assunto. Gosto de ler sobre, acredito no budismo. Sou uma pessoa desprovida de qualquer tipo de preconceito. Tenho duas tatuagens que são para Deus no meu corpo. Gosto de incentivar as pessoas a terem fé, não desistirem, verem que não estão sozinhas.
Seu casamento com Thiaguinho está sempre sob os holofotes da imprensa. A exposição incomoda de alguma forma?
Acho que lidamos como na nossa vida. Como lidamos com nosso trabalho, com a vida pessoal. Tudo tem que ser feito muito naturalmente. Como são duas vidas, precisamos encontrar um equilíbrio. Mas acho que é muito natural mesmo.
Você já teve que mudar muito em razão de seus personagens. Como é sua relação com seu corpo hoje?
Quando parei de fazer novela e comecei a fazer o Vai, Fernandinha, falei: “Agora eu posso ter o corpo que quiser, não tem mais briefing de personagem”. Lembro que na época era difícil conciliar os treinos com a gravação. Ficava muito cansada e acabava não treinando. Comecei a sentir falta de ter mais pique, por isso voltei a treinar, para melhorar meu corpo. É óbvio que a melhora por fora acontece, não vou ser hipócrita e dizer que não gosto, mas não foi só isso que me motivou. Ter qualidade de vida me motiva muito mais, comer saudável não é só para ter o corpo de tal maneira, é para gabaritar no exame de sangue (risos). Sou bem preocupada, então é bom ver que estou saudável independentemente do meu peso. Me preocupo mais com a saúde do que com a balança. Tem uma determinada fase da vida que você tem maturidade e consegue entender isso.
Papo é com ela
No Vai, Fernandinha, a apresentadora recebe convidados para uma conversa descontraída. E a forma leve com que Fernanda conduz as conversas agradou ao público – o programa faz sucesso nas redes sociais e volta e meia viraliza com trechos das entrevistas.
Confira os três momentos mais marcantes do programa na opinião de Fernanda:
Claudia Raia
“É um programa épico. Tenho uma relação muito pessoal com ela, é uma mãe para mim. Quem não conhecia o lado louco e divertido da Claudia ficou apaixonado, e quem já conhecia ficou mais apaixonado ainda. A maneira como ela se abriu foi um presentaço. O Jô Soares mora no apartamento debaixo de onde gravo o Vai, Fernandinha. Não é minha casa, que fique bem claro (risos). Nessa gravação, ele subiu para dar um beijo na Claudia, e eu fiquei pensando: “Meu Deus do céu, estou gravando um programa de televisão com a Claudia Raia e o Jô Soares está aqui”. Fiquei honrada.
Tatá Werneck
“Todo mundo conhece o lado extrovertido dela. Mas ela mostrou coisas que a gente não conhecia. Acho que ninguém na televisão viu a Tatá chorando. Foi bom mostrar que ninguém é uma coisa só o tempo inteiro. Ela é emotiva, extremamente devota. Nesse dia, a Tatá tinha feito uma novena para Santa Terezinha, que carrega uma rosa vermelha. A novena ia acabar dali a alguns dias, e sempre antes da novena acabar você sabe que o pedido vai ser aceito quando você ganha uma rosa. E o presente que a gente deu para ela tinha pétalas de rosa dentro. Daí ela chorou mais ainda. Foi legal uma menina que é extrovertida se mostrar espiritualizada”.
Sandy e Lucas Lima
“Outro programa que é muito incrível é o da Sandy e do Lucas. Eles nunca se abriram. Foi legar ver eles mostrando outros lados. Quando você acha que é um casamento de conto de fadas, eles abertamente falaram que nesses 18 anos brigaram inúmeras vezes, que separaram inúmeras vezes. Que são extremamente diferentes e que todos os dias escolhem estar juntos um do outro. Que não é fácil, mas que eles querem. Todo mundo olha e acha que é um mar de rosas”.
Sem medo de mudar
Fernanda não tem medo de mudança. E quando o assunto são os cabelos, a situação não é diferente. Ela já foi loira, morena, apostou em cortes longos e médios. Agora, é a vez dos curtos.
Em sua conta no Instagram, Fernanda confessou que estava receosa com o resultado, mas ficou muito à vontade para encarar a fase apresentadora de cara nova.
– Sonho há tempo com o cabelo curto. Quando soube que teria mais uma temporada do Vai, Fernandinha e, em seguida, o SóTocaTop... Aí já sabe, né. Programa novo, cabelo novo (risos). Fiquei muito feliz. Queria ter um dia o cabelo estilo joãozinho. Cabelão mesmo, mega-hair, é o tipo de coisa que não quero ter novamente – explica.
A atriz afirma não se enquadrar no time das mais vaidosas, mas gosta de cuidar da pele. Só que sem neuras, conta:
– Costumo andar sem maquiagem. Mesmo tendo melasma, chega uma hora que você fala: ‘’Tenho melasma, é isso, qual o problema? Muitas pessoas têm!’’ Não vou ficar me envergonhando disso. Acaba que saio sem, mas na televisão eu uso – diz. – Tive que aprender a me maquiar, só que não é uma preocupação do dia a dia.