Maior artista pop viva, Madonna completa 60 anos nesta quinta-feira, 16. Ditando moda ou quebrando estereótipos, a cantora é uma referência de comportamento para muitas mulheres de várias gerações, no mundo todo.
Quando Madonna surgiu na mídia, na década de 1980, tinha 24 anos. Já exibia uma postura provocadora e sensual, fazia caras e bocas em clipes e lançou tendências ao usar roupas que, quase 40 anos depois, se mantêm em alta. Mas mais que isso, Madonna foi pioneira em tratar de temas como liberdade sexual e direitos da mulher poder fazer e ser o que ela quiser.
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Hoje, Madonna ainda chama atenção, e pelos mesmos motivos, embora choque menos.
"Me recuso a ter uma vida convencional", disse ela à revista Harper's Bazaar no ano passado.
De fato, Madonna nunca foi convencional. Para celebrar a data, convidamos fãs para comentar a influência da cantora em suas vidas e mostrar que, o ditado faz sentido: quem é rainha, nunca perde a majestade.
Moda: crucifixos, rendas e corset com sutiã em cone
Para a fashion stylist, consultora de moda e colunista da Revista Donna, Roberta Weber, Madonna tem um estilo que mescla sensualidade, força e autenticidade.
– Rainha da reinvenção, Madonna há décadas imprime sua personalidade confiante, sexy e versátil aos seus looks, nos palcos e fora deles. Seu visual é parte fundamental de cada novo trabalho e a quantidade de produções icônicas usadas pela rainha do pop é inesquecível – comenta ela.
Madonna estreou em 1982. Já os primeiros anos da carreira, inspirou a mulherada com um estilo cheio de influências do movimento punk, iniciado na década anterior. Os acessórios eram muitos: lenços na cabeça, pulseiras, colares e crucifixos, em vários formatos. Nas roupas, reinavam peças como croppeds, leggings e saias, com muitas rendas.
Quem não lembra do clipe de Like a Virgin?
E Lucky Star?
É nessa fase que a jornalista Gabriela Loeblein mais se inspira.
– Eu gosto muito da Madonna dos anos 80. Essa coisa da meia-calça arrastão, que voltou à tona agora, da blusa de telinha, que também é bem tendência, o sutiã usado como um top, não só como uma roupa íntima. E a cruz eu também adoro, e está bombando agora com os brincos da personagem da Giovanna Antonelli na novela Segundo Sol – observa.
É inegável que Madonna tinha Marilyn Monroe como inspiração. E Debbie Harry também é citada como referência pela própria cantora. O blonde hair bebe direto nessas fontes.
Mas sem ter medo de ousar, a cantora transitou por vários estilos e, inclusive, já foi morena – mais de uma vez. A última aparição assim foi em 2003, com o lançamento do disco American Dream.
Uma das heranças mais representativas foi a parceria de Madonna com o estilista francês Jean Paul Gaultier. Quem não lembra do icônico corset com sutiã em formato de cone? Mudou para sempre o mundo da moda e inspirou outras versões de lingerie.
– A parceria de Madonna com Gaultier foi um marco. Prova de que ela tem um legado que é realmente incontestável – opina Gabriela.
A peça foi usada pela primeira vez em 1990, como figurino especialmente desenvolvido para a turnê Blonde Ambition. Era uma Madonna tomada de sex appeal. O modelo ficou eternizado na cultura pop.
Na década seguinte, em 2000, o clipe de Music apresentou Madonna num clima cowboy chique. Na capa do disco, ela também veste um chapéu e uma camisa no maior estilo country woman.
Em 2005, Madonna voltou aos anos 1970 com o álbum Confessions on a Dance Floor, numa pegada disco, com muitas cores e brilhos.
Na nova turnê, do álbum Rebel Heart, Madonna leva ao palco um estilo japonês.
– Tem uma frase que é atribuída a ela que diz mais ou menos o seguinte: 'Eu não sigo as tendências, eu as faço'. E isso diz muito sobre ela. Porque realmente, poxa, veja há quantos anos ela está aí, influenciando e se reinventando – completa Gabriela.
Comportamento: uma ativista pelos direitos da mulher
Além da moda, Madonna também chama atenção pelo comportamento considerado transgressor, muitas vezes criticado.
– A Madonna claramente é uma mulher que viveu todas as fases da vida e a gente consegue se identificar ao menos com uma delas. É claro que o lado artista é exagerado, às vezes polêmico, mas com a Madonna mulher é muito fácil de a gente se identificar em momentos – opina a também jornalista Rodaika, fã declarada de Madonna.
– Teve a época mais jovem, de descobertas, de dar a cara pra bater, teve a fase de rebeldia, que é uma época que todos nós vivemos, depois também vieram as relações amorosas, os acertos, erros e tropeços, problemas no casamento, e ainda a Madonna mãe. Por tudo isso, ela sempre foi, para mim, um ícone muito grande. E vejo também como uma direção para onde as mulheres estão indo – completa ela, que chegou a se vestir como a cantora em uma reportagem na TV, reproduzindo o look do corset dourado.
Madonna é mãe de seis filhos. Ela adotou quatro crianças do Malauí, que se somaram a Rocco e Lourdes Maria, seus dois filhos biológicos.
Ainda no campo dos relacionamentos, Madonna já foi casada, mas separou-se do ator Sean Penn e do diretor Guy Ritchie. Ela se relaciona homens mais jovens e não são raras as vezes em que é criticada por isso.
Quando recebeu o prêmio Mulher do Ano, dado pela revista musical Billboard em 2016, a cantora reivindicou o direito a envelhecer em paz.
– Envelhecer é um pecado. Você será criticada, será desprezada e, definitivamente, não tocarão sua música no rádio – criticou.
No mesmo discurso, a cantora lembrou suas influências na infância e comentou que regras de postura só existem para os meninos.
– Eu me inspirei, é claro, em Debbie Harry e Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas meu muso verdadeiro era David Bowie. Ele personificava o espírito masculino e feminino e isso me agradava. Ele me fez pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não há regras se você é um garoto. Há regras se você é uma garota. Se você é uma garota, você tem que jogar o jogo. Você tem permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não pareça muito esperta. Não aja como se você tivesse uma opinião que vá contra o status quo.
Madonna também se envolve em causas políticas. No ano passado, ela discursou na Marcha das Mulheres, um dia após a posse do presidente Donald Trump.
– Hoje é o início da nossa história. A revolução começa aqui. A luta pelos direitos de sermos livres, de sermos quem nós somos, de sermos iguais. Vamos marchar e atravessar a escuridão – declarou.
– Para nós, mulheres, acho que esse tipo de referência e de atuação feminina é de extrema importância. É uma bandeira que a gente levanta no sentido de 'somos fortes, somos capazes, vamos atrás e não vamos desistir'. Assim como ela, a gente é capaz de se reinventar, independente da nossa idade. É fácil a gente lutar quando é mais jovem. Depois que a gente fica mais velho e amadurece, muitas vezes a gente se volta para outras coisas. E a Madonna permanece nessa luta e mostra diariamente que tem fôlego para seguir lutando, e por isso é uma grande inspiração – diz Rodaika.
Na música I don’t give A, do disco MDNA, Nicki Minaj diz: "There’s only one Queen, and that’s Madonna, bitch! (Há apnas uma rainha, e ela é Madonna)".
E nós não podemos concordar mais.
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