Por Juliana Forner
Todo sábado à tarde, Angélica entrevista celebridades com a naturalidade de quem encontra um amigo no mercado da esquina. Não à toa: aos 42 anos, está celebrando 30 de carreira como apresentadora, 10 deles à frente do Estrelas. Ela cresceu diante dos olhos do público, convivendo com a fama – e os famosos – desde a infância. Angélica estreou o primeiro programa aos 12 anos, mas antes disso já havia sido escolhida “a criança mais bonita do Brasil” no Cassino do Chacrinha e atuado em novelas.
– Ao mesmo tempo em que eu mostro a celebridade, me mostro junto com ela. É uma grande troca, porque eu não estou só entrevistando, acaba sendo um bate-bola – afirma.
Em frente às câmeras, Angélica bate papo com colegas de trabalho ou personalidades acostumadas aos estúdios da Rede Globo, sempre no clima de conversa na sala (ou cozinha, ou jardim...) de casa. Quando a gravação se encerra, a descontração segue com os convidados e os membros da equipe. Nem podia ser diferente, já que boa parte do programa é feita na base no improviso.
Donna acompanhou a passagem da equipe do Estrelas pela serra gaúcha, na produção da temporada de inverno que volta ao ar logo após o fim da Olimpíada. Na entrevista, que seguiu depois por e-mail, Angélica falou de fama e carreira, do casamento de 12 anos com o também apresentador Luciano Huck, de como é ser mãe de três filhos – Joaquim, 11 anos, Benício, oito, e Eva, três – e do que mudou em sua vida desde o acidente aéreo que quase matou toda sua família.
Luciano e você representam o ideal de muitos: profissionais de sucesso, famosos, com três filhos lindos. Como lidar com a imagem de família de comercial de margarina?
Não existe perfeição. Na verdade, é o que as pessoas idealizam mesmo, o que elas imaginam. Acho que a gente lida bem com isso, no sentido de não acreditar nessa imagem em que somos perfeitos, porque não existe tal coisa. Nós vivemos muito bem, mas também temos problemas, como todo mundo. Ao mesmo tempo, é sempre muito bom servir de exemplo positivo. Ser exemplo de algo bacana como família, ainda mais quando muitas pessoas estão desacreditadas dessa instituição, é muito bom.
Você cresceu diante dos olhos do público. Seus filhos têm pai e mãe famosos. Como vocês administram a exposição deles?
Para eles, é tudo muito natural, estão acostumados. Nasceram dentro disso. Mas a gente tenta minimizar o máximo possível para eles, expor o menos possível, porque eles não são artistas. Se quiserem ser, daremos apoio. Assim como eu tive o apoio dos meus pais, vou apoiá-los. Mas, enquanto são crianças e não demonstram esse desejo, a gente tenta preservar o máximo que dá. É claro que tem momentos que não dá e não tem jeito. Mas o máximo que conseguimos fazer fazemos.
Eles sabem que a mãe foi um ídolo infantil no Brasil, com direito a virar boneca?
Sabem, mas não entendem muito. Os meninos, que são maiores, já entendem, mas têm um pouco de ciúme. Eles assistem aos meus vídeos brincando com outras crianças e não gostam. Eu acho que é ciúme mesmo, sabe? Aquela coisa: ver a mãe deles brincando com outras crianças. Já a Eva adora. Ela assiste e fica meio encantada. Não sei muito o que se passa na cabeça dela (risos).
Quais são desafios de ser mãe de três crianças?
O maior desafio é mesmo a rotina. Levar tudo com leveza, fazer a rotina existir, porque criança precisa disso, e dar conta de todo mundo, porque são três personalidades diferentes. Então é bastante trabalhoso. Acredito que o trabalho da mãe, aquela que é mãe de verdade, em tempo integral, é um dos mais difíceis que existem. Educar é uma arte.
Falou-se recentemente de sua intenção de adotar uma criança.
Tenho a sensação de que em algum momento a gente vai querer um bebezinho de novo, porque a gente sempre desejou casa cheia, com muitas crianças. Então, acredito que em algum momento a gente vai querer de novo. Mas, agora, estamos curtindo os três. Fazendo viagens que não daria para fazer com eles bebês, por exemplo. A Eva já está completando quatro anos. Mais para frente, se acontecer – e eu acredito muito nessa onda das coisas acontecerem e se encaixarem, ainda mais em relação a uma adoção –, nós somos superabertos a adotar. Mas temos três filhos, está tudo bem.
Que mudanças você gostaria de ver no mundo, pensando no futuro de seus filhos?
Eu gostaria que houvesse mais tolerância e que as pessoas fossem mais suaves e tranquilas. Que elas usassem a internet, por exemplo, que é um meio tão maravilhoso, como tem que ser usada, e não para agressão ou para divulgar a violência. Usá-la para o bem.
Você passou por uma experiência de risco de morte com toda a família. Passado um tempo do acidente, como avalia o impacto desse episódio na sua vida e na família?
Esse episódio só veio para concretizar ainda mais a fé que a gente já tinha, a necessidade de estarmos juntos que nós já tínhamos. Veio confirmar o valor que nós já dávamos à família, comprovar aquilo que a gente sempre acreditou. E acho que ter mais uma chance na vida assim não é para qualquer um, né? Ficamos muito gratos. A hashtag gratidão, no nosso caso, é bem colocada (risos).
A garota que o Brasil viu crescer
Apresentadora mirim
Angélica estreou como apresentadora de TV aos 12 anos, no programa infantil Nave da Fantasia. A atração da Rede Manchete misturava personagens, música e desenhos animados. Um ano depois, ela assumiu o comando do Clube da criança, sucedendo Xuxa.
Foi de táxi
Na carona do hit Vou de táxi, Angélica vendeu nada menos do que 1,2 milhão de cópias de seu primeiro álbum, lançado em 1988. Ao todo, foram 13 discos – o último de 2001. Ela voltaria ao universo da música no ano seguinte, como apresentadora do reality show Fama
Anjôlica e Angelicastrid
Busque no YouTube e você vai encontrar: no início dos anos 1990, Angélica interpretava personagens que parodiavam as personalidades da TV. Anjôlica (em alusão a Jô Soares), Angélia (imitando a chef Ofélia Anunciato) e Angelicastrid (baseada em Astrid Fontenelle, na época apresentadora da MTV) eram atrações da Casa da Angélica (1993), do SBT.
Novelinha infantil
Em sua estreia na Globo, Angélica comandou o programa de auditório infantojuvenil Angel mix (1996). De novo investiu no lado atriz nas novelinhas que fizeram parte da atração – Caça talentos (1996) e Flora encantada (1999). Voltaria a atuar em Bambuluá (2000).
Pergunta e resposta
De 2001 a 2012, apresentou o Video Game (2001), quadro de sucesso do Video show, que promovia uma competição entre celebridades sobre assuntos de TV.
Sábado em família
Desde 2006, Angélica e o marido, Luciano Huck, dividem as tardes de sábado na Globo. Ela revela a intimidade dos famosos no Estrelas, atração que completa 10 anos, e ele, o Caldeirão do Huck, logo depois. E um dá pitaco no programa do outro:
– Damos palpites, opiniões, falamos o que achamos sobre os programas um do outro. Não tem jeito: televisão tem essa magia de você poder imaginar, de usar muito a criatividade. Então, trocar com ele – e, na verdade, com todo mundo – é muito bom.
Atriz outra vez?
Angélica nos contou que pode ter novidade por aí no futuro:
– Tenho vontade de fazer alguma coisa atuando. Mas teria que conciliar isso com o programa, que sempre é a prioridade. Existem alguns projetos nesse sentido, mas ainda não tenho nada fechado.
In love no Instagram
Não raro, Angélica e Luciano Huck fazem declarações de amor no Instagram. Ela conta como é manter o romantismo depois de 12 anos juntos:
– Tendo amor, você vai lapidando tudo. Acho que o mais importante é não deixar de olhar para o outro, de cuidar. E cuidar em todos os sentidos: no romantismo, na saúde, no dia a dia. Em tudo. Cuidando, o romantismo vem.