Ter a visão do potencial de um imóvel antes de uma reforma reserva boas surpresas, como neste apartamento, no bairro Menino Deus. Muito compartimentado e sem criar a devida hierarquia aos ambientes sociais – que deviam ser valorizados de acordo com o estilo de vida dos moradores –, poderia ter sido descartado no período da compra. Mas a aposta feita pelos clientes junto com os arquitetos que assinam o projeto, Bruno Carneiro, do Atelier Aberto Arquitetura, e Diogo Sant'Anna, mostrou-se acertada.
Duas camas com espaços internos que ajudam a organizar o quarto
Casa térrea com arquitetura contemporânea, em Lajeado
No segundo andar de um edifício construído na década de 1970, o apê de 65 metros quadrados e dois quartos tinha alguns elementos da época ainda presentes, como um quartinho de serviço próximo à cozinha. Abrir mão de cômodos enxutos em nome de um living mais amplo resultou também em um dos pontos estruturais mais marcantes do visual: as vigas metálicas estão dispostas onde antes eram as paredes divisórias.
– De certa forma, houve uma valorização da história do imóvel – conta Bruno, antes de elencar uma série de ideias que têm como partida trazer nova vida a pontos fortes da edificação.
O piso de parquê foi mantido, e as placas, restauradas. Assim como a madeira de uma das janelas. Efeito interessante também é visto no nicho onde uma antiga porta era disposta. No lugar de nivelar e fazer uma parede plana, os profissionais jogaram luz à abertura e colocaram prateleiras de compensando naval, madeira que predomina na marcenaria.
Para a iluminação, o efeito das lâmpadas PAR 20 foi o escolhido, assim como o uso de spots, que criam novos focos de luz conforme o dia e a ocasião.
Layout para todos
Ao unir cozinha, sala e um depósito (onde provavelmente era uma dependência de serviço) a distribuição do espaço permitiu um living flexível, com mesa de jantar com cadeiras com design de Charles Eames. O aparador atrás do sofá também é uma bancada de suporte à cozinha – embaixo do tampo, comporta micro-ondase espaço para despensa
Paredes xodós
Os tijolos robustos da edificação foram valorizados e estão expostos na maior parede da sala – antes, foram lixados e ganharam uma resina.Abaixo, a parede preta colore o volume do banheiro com tinta acetinada. O mesmo tom foi usado na porta do toalete – porém, na versão esmalte. As vigas metálicas usadas como reforço na estrutura denunciam onde antes ficavam as paredes retiradas
Menos é mais
O quarto do casal tinha um carpete que foi removido, e o parquê, assim como nos demais ambientes, passou por restauro. A marcenaria branca, sem puxadores, deixa com que o desenho dos criados-mudos, feito pelos arquitetos, fosse o toque de bossa do cômodo com seus tons mais vibrantes de amarelo e azul. Luminárias pendentes com fios substituem os abajures
Materiais em sintonia
Na cozinha, o cinza é impresso pelo uso do cimento queimado na parede e pelo basalto na bancada da pia (o material passou por um tratamento impermeabilizante). Com uso inusitado para este perfil de ambiente, o parquê ganhou uma resina que ajuda na resistência aos respingos de água e tem mantido o viço após um período de uso. Com isso, o apartamento ganhou mais unidade visual