As pessoas nesta capital escandinava sonham com um museu Guggenheim de madeira finlandesa sendo erguido perto do Mar Báltico e, um dia, atraindo milhões de turistas e passageiros de cruzeiros. Porém, os custos enormes do projeto estão provocando uma reação adversa contra a instituição já acostumada a pretendentes ansiosos.
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A proposta para a cidade de Helsinque se unir à fundação Solomon R. Guggenheim, em Nova York, e construir um museu está dividindo políticos entre os que defendem o negócio buscando a riqueza e a atenção que vêm com uma marca internacional, e os de partidos de esquerda, céticos quanto a bancar os custos de 130 milhões de euros do acordo de construção.
Em grande medida, a decisão final será determinada pela competição arquitetônica internacional aberta que começou em junho e está no primeiro estágio (designguggenheimhelsinki.org). Os apoiadores esperam que o vencedor impressione os críticos com um projeto inovador de museu, a ser construído em área nobre diante do mar, junto ao centro da capital finlandesa e de seus prédios neoclássicos.
O projeto integra uma iniciativa global agressiva da Fundação Guggenheim de aumentar o número de museus já instalados em Nova York, Veneza e Bilbao, na Espanha. Uma unidade deve ser aberta em Abu Dhabi, em 2017, e a fundação está negociando uma nova parceria com o museu de Bilbao, cujo contrato acaba em dezembro.
Todo ano a Guggenheim recebe perto de uma dúzia de pedidos de cidades buscando uma franquia do efeito auréola do museu de Bilbao, que ajudou a estimular a economia e o turismo na região basca.
- Temos de promover Helsinque, por isso precisamos de marcas internacionais como a Guggenheim - afirmou Jussi Pajunen, prefeito da capital.
Porém, a reação adversa ao projeto surpreendeu a direção da Fundação Guggenheim. Em 2011, críticos começaram a questionar os termos do projeto de construção, que daria à entidade o poder de decisão, cabendo à cidade bancar os custos.
Guggenheim se esforça para expandir a marca
Desde que a proposta de Helsinque foi anunciada, a Fundação Guggenheim defendeu-a tenazmente e, apesar das críticas , remodelou o projeto em 2013. A fundação aceitou não cobrar a taxa de licenciamento, preferindo ajudar apoiadores locais a solicitar donativos particulares por meio de uma nova fundação. A proposta elevou a estimativa de receita anual com ingressos e reduziu pela metade os custos de operação do museu, ficando ao redor de US$ 1,4 milhão anual.
O museu de Helsinque poderia gerar um impacto econômico de US$ 56 milhões, criando quase 500 empregos no museu e na cidade, além de 800 empregos na obra, conforme estimativas do Boston Consulting Group.
Richard Armstrong, diretor da fundação e do Guggenheim de Nova York , disse que, embora o concurso arquitetônico gerasse muito interesse, não estava claro se arquitetos famosos como Gehry participariam. Acrescentou que o projeto de Helsinque provavelmente seria menos chamativo e teria uma área menor do que o de Bilbao.
Mikko Aho, integrante do júri e diretor de urbanismo da cidade, disse que, apesar de os projetos dependerem dos concorrentes, todos deveriam incorporar madeira natural finlandesa.
Armstrong disse considerar "estranho que neste lugar incomum e cheio de charme exista um estacionamento".