O mundo está cada vez mais rápido; os desejos, imediatos; e as tendências, igualmente passageiras. Como a moda é um retrato da sociedade, é impossível negar que esse movimento se repete também na indústria. Exceto em um lugar: na alta-costura.
Por lá, tudo leva mais tempo, cada peça tem dedicação de horas incontáveis (há bordados que levam meses para serem finalizados). Tudo é feito com paciência, excelência e uma atenção extraordinária aos detalhes. O conteúdo é carro-chefe, muitas das roupas desfiladas servem apenas para expressar os conceitos de cada coleção, afinal tudo é amplificado, exagerado, feito para chamar sua atenção e te trazer para o universo particular de cada uma das marcas.
Apesar de os vestidos deslumbrantes serem o foco principal, a semana de alta-costura é sobre exibir os melhores aspectos de cada marca, priorizando tecidos magníficos, acabamentos inacreditáveis e valorizando os códigos específicos de cada maison.
A percepção comum é de que moda é sobre futilidade, status, vaidade... É verdade que esses elementos participam com força da narrativa de muitos da indústria, mas não são absolutos. A moda, em sua melhor versão, inspira, provoca, enche os olhos de beleza e faz sonhar. Ela tem o poder de transformar nossa ideia do que é belo e iluminar pontos de vista que nem conhecíamos. As roupas que usamos são expressão de quem somos ou de quem gostaríamos de ser. As coisas têm a profundidade que nós temos.
Todas essas características estiveram presentes na coleção da Valentino, assinada por Pier Paolo Piccioli. Um mergulho fundo na riqueza incomparável encontrada na diversidade de culturas, cores, símbolos e mensagens carregando a alta-costura para os tempos atuais, sempre preservando a magia e excelência histórica dessa forma de arte. Seria impossível eleger apenas um look, portanto deixo aqui o vídeo completo da apresentação:
O que mais vale observar nos desfiles?
1) Alfaiataria
O poder de uma boa peça de alfaiataria é subestimado e, no guarda-roupa feminino, tende a ficar mais restrito aos looks de trabalho. Mas se depender da couture, as peças vão invadir seu visual de festa também com força e feminilidade.
2) Volume
Nas mangas, nos ombros, nas saias…um ode aos grandes criadores de outrora como Cristobal Balenciaga e Hubert de Givenchy, detalhes arquitetônicos e esculturais ganham espaço.
3) Heroína romântica
Pensem nos livros de Shakespeare ou na era vitoriana, corte império, influência camponesa, golas imponentes e detalhes em pérolas ou renda.
4) Deusa grega
A Grécia antiga foi inspiração nos plissados e drapeados. Vestidos em tons claros e esvoaçantes complementam o clima mitológico.
5) Disco
Direto dos "embalos de sábado à noite", a bola de espelhos foi ponto de partida de muitos looks. Os bordados excessivos com um pé na moda oitentista também fizeram bonito:
6) Animal print
A moda não cansou deles, e a onça em versão super glam com paetês e a zebra garantiram um toque selvagem e sexy.
7) Flores
Esqueça estampas florais, elas também aparecem, mas o significado de flor aqui é bem mais intenso. Vestidos que imitam formas de flores em pétalas e silhuetas como esculturas encheram os olhos:
8) Cores
A cartela focou no color blocking de cores inusitadas, com atenção especial à coleção da Valentino para conferir a melhor paleta da temporada (o desfile completo está em vídeo no início da coluna)
Verde: do pistache, ao menta passando pelo esmeralda foi favorito.
9) Mais cores
Tons de roxo e rosa foram certeiros e onipresentes:
10) Pretinhos nada básicos
Com recortes, assimetria e glamour na aplicação de cristais, nos detalhes de plumas ou nos acabamentos brilhosos:
12) Tecidos e texturas
No quesito tecidos, veludo, cetim e renda são os favoritos. A opulência oferecida por esses materiais garante o ar imponente em modelos de apelo mais minimalista.
13) Destaque: o tule
O tule especialmente em tela traz o contraponto do sex appeal com a delicadeza:
14) Trend alert
Bem fácil de adaptar e extremamente útil no inverno, as meias trabalhadas surgiram como queridinhas em várias coleções e tiram qualquer produção do lugar-comum.