Martha Medeiros
Normalmente, vou bastante ao supermercado. Duas vezes por semana, no mínimo. As pessoas estão acostumadas a me encontrar pelos corredores e, quando falam comigo, são sempre muito simpáticas. Mas um cliente, certa vez, conseguiu me constranger. Sem dar bom dia e sem se apresentar, fitou meu carrinho com os dois olhos arregalados e exclamou num tom de voz muito acima do razoável: “Vamos ver o que a Martha Medeiros come!”. Fiquei muda, perplexa. Quando ele fez menção de tocar nas minhas compras, desviei e dei-lhe as costas — não disse o que ele merecia escutar. Sou covarde diante da iminência de um barraco.
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