Estreou esses dias a quarta e última temporada de uma das melhores séries já criadas no mundo das séries, Succession. Pena ser exibida na HBO, bom seria se passasse na TV aberta para a audiência simplesmente ligar a TV e assistir, sem necessidade de assinatura.
Aliás: agora a gente precisa assinar até para ver futebol. Antes se dizia que, tendo os estádios se transformado em espaços quase que exclusivos para sócios, restava ao público em geral assistir aos jogos dos seus times pela televisão. Agora, nem isso. É Prime, Paramount, Conmebol TV e por aí vai. Desse jeito, só vai sobrar o radinho para o torcedor raiz.
Voltando à Succession. Para quem não sabe, a série mostra a saga para suceder Logan Roy, um magnata norte-americano do ramo das Comunicações. Falando assim pode até parecer chato, “já me basta o Oliveira querendo o lugar do Pereira lá no escritório”.
Acontece que os Roy são tão bilionários, tão obscenamente bilionários, que Succession é quase uma obra de ficção científica. Tudo aquilo que quem se acha rico nas nossas relações nunca vai ter, os Roy têm — e sobra troco.
Não foram poucos os fãs que, ao final do segundo episódio dessa última temporada, desligaram a TV decepcionados, prometendo abandonar Logan e seus filhotes Ken, Roman e Shiv porque, bem, parecia mais do mesmo. Pois vejam o terceiro episódio e depois conversamos, seus apressados. Ou vocês abandonam um livro se não conseguem se empolgar nos primeiros movimentos?
A paciência protege nossa paz de espírito diante das adversidades, crava o Dalai Lama. Embora a cena do selinho — ou selão — mais a sugestão do chupa-língua com uma criança tenham trazido sérias dúvidas sobre seguir os ensinamentos do santo homem.
Do homem, melhor dizendo.
Sobre Succession, fiquei pensando em uma alternativa brasileira no mesmo espírito de sucessão dentro de uma empresa. Faltam-me dados sobre a vida dos grandes ricos nacionais, não dos nouveaux riches, que desses temos todas as informações no Instagram e, pelo que se vê nas fotos, o argumento ficaria pobre demais. Se pareci despeitada agora, fui mesmo.
Seja como for, tive uma ideia.
À ela.
Marise começou a fazer bolo de pote na pandemia e logo estava cheia de clientes. As encomendas vinham de todos os lados da cidade, ela até constituiu uma MEI e comprou uma moto para o filho mais moço fazer as entregas.
No começo, Marise trabalhava com a comadre Jessi, que era responsável por colocar as camadas nos potes, mas não participava da feitura da coisa. Nem a Su, filha do meio da Marise, sabia o segredo da receita que a mãe guardava a sete chaves. Só que o ciático da Marise começou a incomodar e ela já não podia ficar tantas horas na cozinha.
Jessi se ofereceu para dar seguimento ao negócio da comadre, mas Su foi contra, aquela era uma empresa familiar, a agregada que ficasse no seu devido lugar. Junior, o filho mais velho, que nunca havia chegado perto do fogão, se ofereceu para aprender a receita e suceder a mãe como CEO da Pote’s.
E assim começou a guerra entre os irmãos — e a comadre Jessi — pelo comando da empresa que tinha clientes até no Terravile. Como declarou a Su: não é pelo bolo de pote, é pela minha honra.
Se alguém gostou do argumento, é só mandar o contato para o meu e-mail. A trama rende várias temporadas e ainda dá para fazer ações promocionais com o bolo de pote da Marise.
Aguardo contatos...
Só não aguarde para assistir Esperando Godot, a nova montagem da peça de Samuel Beckett dirigida por Luciano Alabarse e com um elenco formado exclusivamente por grandes atrizes. Até dia 30 de abril, de sexta a domingos, no Teatro Oficina Olga Reverbel, o novo e lindo espaço do Multipalco Eva Sopher.