Hoje a gente queria propor um pequeno desafio a vocês, que não é propriamente de moda, de estilo, mas de vida, de autoestima, de amor próprio, um olhar sobre a relação que você tem com o vestir e de como você se relaciona com certos, errados, tendências, elegância. A gente queria que você revisse certos conceitos que não fazem mais sentido algum – ou melhor, nunca fizeram. Bora lá?
Você já deixou de vestir algo por acreditar que não combinava com seu corpo?
A maioria das mulheres, sim. Afinal, a indústria de moda é uma das principais responsáveis por disseminar o padrão de beleza irreal de mulheres magérrimas, logo, se você consome moda, consome magreza, o que não deveria ter qualquer relação. Não vamos debater aqui sobre o porquê do padrão de beleza ser tão inatingível e distante da realidade da maioria das mulheres, mas, como diria a escritora Naomi Wolff, autora do livro O Mito da Beleza, “uma cultura fixada na magreza feminina não tem uma obsessão pela beleza, mas uma obsessão pela obediência feminina”. Só queremos que você comece a perceber o quanto deixar de vestir algo porque o nosso corpo não é o padrão limita nossas escolhas, nossa felicidade, nossa relação de sonho e desejo com a moda, que é o que realmente importa. Exercite este desapego. Olhe seu corpo com carinho e vista o que você quiser vestir.
Já passei da idade para vestir tal roupa
Essa é outra grande mentira que nos fizeram acreditar e está muito relacionada ao mesmo padrão que dita mulheres magras, já que todas também são jovens. Mentira esta que ganhou força em consultorias de moda que defendiam que o decote ia subindo e a barra da saia ia descendo conforme os anos vão avançando, que mulheres maduras não podem isso e aquilo. Oi? Não podemos acreditar que a beleza é única nem em silhueta, nem em cor, nem em estilo, nem em idade. Temos que ensaiar nosso olhar para perceber a beleza em cada fase da vida, que pode vestir a roupa que desejar. E esta mudança começa por cada uma de nós. Pode usar short, minissaia, biquini, decote, roupas divertidas, cores extravagantes, misturas ousadas depois dos 40 anos? Pode usar a vida inteira o que fizer você feliz.
Vou usar porque está na moda
A cada temporada, surgem tendências em cores, peças, modelagens, texturas, materiais, acessórios. A cor do ano, a bolsa perfeita, o jeans ideal. Isso movimenta a indústria, desperta desejos, reflete movimentos, nos dá assunto. E tudo bem. É isso. A moda é cíclica, vive de novidades, é agitada, inovadora, mas será que estas novidades devem impactar sempre nossa relação com o vestir, será que precisamos “estar na moda”, será que precisamos vestir o it da estação? Claro que não. A gente não precisa usar nada que não nos represente, que não tenha a ver com quem somos, com o que gostamos, com o nosso cotidiano. E pode usar sempre que tiver. Estilo também é isto, a maneira como você seleciona entre as tendências o que combina de verdade com você. Com paciência, tranquilidade e relevância.
Não sou uma pessoa estilosa
Toda mulher pode ter estilo, basta olhar para si, se ouvir, se entender. Como é seu dia a dia, quais são as cores que você mais curte, quais são as peças que você gosta, quais os detalhes que você acha bacana, que mulheres inspiram você no vestir? A gente sempre indica um ensaio para quem está perdida: escolha cinco peças que você adora do seu closet e as desvende, busque compreender o que elas têm em comum, o que agrada em cada uma delas. São lisas ou estampadas, são amplas ou tem corte seco, são coloridas ou neutras, tem babados, detalhes, aviamentos ou um visual mais limpo, são comportadas ou ousadas? Este é um bom começo para lhe apontar caminhos. Faça o mesmo com três mulheres que lhe inspiram, observando o que elas vestem semelhante uma da outra, os elos nos visuais. E preste atenção em você, no que lhe agrada no seu corpo, no que você se sente à vontade, se ouça mais. Estilo é estudo e atenção. Basta começar. Boa sorte!