Partindo do princípio básico de que momentos valem mais do que coisas, vou contar (ou exaltar) uma das experiências mais deliciosas que vivi neste verão. Na minha opinião, o que dá mais prazer na vida é conhecer e se surpreender. O Maré Brasil é um restaurante com muita história. Se trata de um cantinho em Xangri-lá, que nos transporta para outros lugares. Com cozinha mediterrânea internacional, o lugar serve pratos vindos de visitas do chef ao redor do mundo.
Não é que no trajeto afobado da Avenida Paraguassu, onde já passei centenas de vezes, residia um pequeno oásis? Não à toa que não conhecia, já que de fora é uma singela casinha iluminada e bem arrumada, simples e humilde. Fica a dica: é sempre bom fazer reserva antes de aparecer por lá.
Com uma recepção calorosa, entramos no restaurante. Todo em madeira, com música e luz baixa, o lugar é repleto de artefatos que remetem a outros países. A primeira impressão já deu a ideia de que iríamos viajar com o chef naquela noite. O cardápio muda a cada ano conforme suas viagens, e todos os pratos servidos têm inspiração em diferentes países, até destinos incomuns, como Finlândia, Eslovênia, Áustria e Turquia. Afinal, o chef Marco Silva já passou por 48 países.
No incrível menu há opções de entradas, saladas, peixes, carnes, risotos e massas. É daqueles cardápios enxutos, com cerca de quatro opções por categoria, e absolutamente certeiro, que agrada até os paladares mais exigentes. O mais legal é que ao lado do nome de cada prato está a bandeira referente ao país da culinária.
De entrada, pedimos a impecável Alhada Portuguesa: camarões flambados no conhaque, creme de batata com alho-poró, cebolinha verde e alho branqueados em caldo de legumes com farofa picante. Deu para ter uma ideia do nível de jantar que teríamos pela frente. Todas as entradas custam R$ 68.
A carta de vinhos é bem completa, com rótulos de países como Chile, Argentina, Uruguai, Itália, França e Espanha. Para iniciar o jantar (e combinar perfeitamente com nossa entrada), pedimos o Rosé Claudeval, um francês obtido a partir das uvas Grenache, Cinsault e Syrah.
Se tem coisa que me deixa encantada antes mesmo de provar os sabores é a dedicação e cuidado em todos os detalhes. Já estávamos surpresos com a simpatia, acolhimento dos funcionários, organização e ambiente agradável, para completar, não é que antes dos pratos principais chegarem à mesa foi servida uma minipanela de arroz com amêndoas laminadas? Porque nenhum prato nega uma porção de um bom arroz soltinho, correto?
Começamos a orgia gastronômica dos pratos principais. E o primeiro pedido foi codornas peruanas! Aves, como codorna, perdiz, faisão e pato, vêm ganhando cada vez mais a atenção de quem busca diferenciação na culinária. Um tanto quanto exótico ao paladar da cozinha brasileira, esse pedido é de tirar o chapéu. Suculento, bem apresentado e ainda bem servido, com uma deliciosa farofinha e ainda um gracioso favo de mel. Todos os pratos principais custam R$ 98.
Sabe aquele filé alto, suculento e no ponto perfeito? Pois esse é o Filé Conde de Viena, que vem delicadamente servido com um suave molho com cogumelos e acompanha camarão e aspargos. É um abuso de sabor, daqueles para conquistar qualquer amante de carne.
O risoto de bacalhau norueguês é um dos mais pedidos do restaurante. E não é à toa. Amantes de um bom risoto: se joguem nesse comfort food de arrancar suspiros. Se trata do bacalhau Gadus Morhua desfiado, com zuccine, pesto de rúcula e lascas de queijo Grana Padano.
O Atum Vietnamita foi a minha escolha: simplesmente um absurdo de sabor para quem ama o peixe assim como eu. Atum grelhado com redução de balsâmico, chuva de arroz selvagem sobre colchão de couve-flor com raiz forte, minifolhas e um favo de mel. Inexplicável a combinação de sabores e texturas.
Finalizado nosso vinho rosé, optamos por um tinto para o restante da noite. Agora da Patagônia, nossa escolha foi o Saurus Pinot Noir.
Dividido entre salões, cada cantinho do restaurante traz aquele sentimento delicioso de acolhimento. Afinal, as viagens do chef (que não são poucas) estão registradas em fotos espalhadas pelas paredes do local, assim como bandeiras e objetos de diferentes países. O ambiente é extremamente multicultural.
O espaço do bar é superdecorado, de estilo mais rústico, e a cozinha fica no final de um salão, na direção dos banheiros (que diga-se de passagem, também são uma graça).
Mosteiro dos Jerônimos se trata de um sorvete de nozes com perfume de cassis, pastel de Belém e calda de morangos bêbados com espumante. Todas as sobremesas custam R$ 42 e são individuais, mas dependendo da fome dá para dividir sem problemas (nosso caso). Além da nossa escolha, têm mais duas sobremesas que brilharam os olhos, e com certeza provaremos na próxima ida: Cova d´en Xorol (sorvete de vanilla com fricassê de manga ao chocolate branco, queijo brie, filetes de limão siciliano caramelizado e crocância de amêndoas); e Torta Turca com mimo de sorvete (coco queimado, creme de ovos, favo de baunilha e ameixas pretas em calda, que companha colher de sorvete). Babou, né?
Pedimos uma dose de Limoncello para fechar a noite com chave de ouro. Afinal de contas, era sexta-feira. Que bela surpresa te conhecer, Maré Brasil. Em uma noite fizemos uma viagem ao mundo! Todos os pratos servidos têm história, já que são inspirados nas viagens que o chef realiza após encerrar a temporada do restaurante no Litoral. A cada destino, o chef Silva vive uma imersão nos países para aprofundar os conhecimentos gastronômicos e culturais dos destinos.
O restaurante é ideal para ocasiões especiais, seja jantar romântico a dois, celebração de conquistas com amigos ou comemoração de aniversário com a família. A certeza é que vai ser uma boa pedida.
Maré Brasil Culinárias
Endereço: Av. Paraguassu, 1.473, em Xangri-Lá
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 20h à meia-noite
Fone: (51) 3689-3308