Quando criança, na Ilha da Madeira, em Portugal, Cristiano Ronaldo e sua família não ostentavam a vida que hoje compartilham no Instagram. Contudo, mesmo com as dificuldades financeiras, as refeições sempre foram um momento especial para o clã dos Aveiro. A mãe, Dona Dolores, colocava nas panelas dedicação e carinho para criar os quatro filhos, Elma, Hugo, Katia e o craque dos gramados: foi como cozinheira que ela garantiu o sustento deles. As iguarias preparadas por ela cruzaram o Atlântico e chegaram a Gramado na semana passada, quando foi inaugurado o Casa Aveiro by Dolores, o restaurante da família.
O projeto foi concebido por Katia, que, aos 41 anos, deu um tempo na carreira artística para seguir seu sonho de empreender, em parceria com a Gramado Parks e a Chocolate Lugano. Focado na culinária portuguesa, mas com algumas reinvenções brasileiras, o local é uma homenagem à matriarca e tem receitas originais e adaptadas de Dona Dolores. Ela entregou as fórmulas de suas criações a punho para Eduardo Natalicio, que está por trás de diversos restaurantes do Rio Grande do Sul, e é quem comanda a cozinha ao lado de Katia. Ele atua como chef consultor e também é responsável pela equipe de cozinheiros e pela implementação do cardápio.
Era véspera da inauguração do Casa Aveiro quando Dona Dolores e Katia nos receberam para uma conversa. Mesas cobertas de plásticos e caixas de vinhos espalhadas por todos os lados ainda escondiam detalhes do local. Funcionários caminhavam de um lado para o outro para deixar tudo pronto para a grande noite. Entre um ajuste e outro no menu, ou até mesmo na decoração, mãe e filha pararam para falar conosco. Com muita simpatia, Katia foi a primeira a responder nossas perguntas, sem esconder a alegria e a ansiedade de abrir o restaurante. Esbanjava sorrisos.
Minutos depois, foi a vez de Dolores. Acompanhada dos netos, disse a eles que precisa atender os jornalistas. Aos 63 anos, fala de forma e curta e direta. É mais reservada, mas o sorriso e candura são muito maiores. As duas se parecem. Tanto fisicamente quanto no comportamento. Não escondem o passado árduo e a vida espoliada que tiveram. Não deixam a fama e o dinheiro que hoje têm dominá-las. Há nelas uma humildade que comove e que se sobrepõe ao status que alcançaram.
Como a gastronomia entrou na tua vida?
Katia: Por força da minha mãe. Na Madeira, a maioria das mulheres, e muitos homens, cada vez mais, sabem cozinhar. Eu tinha 13 anos e sabia cozinhar, porque fazia parte da nossa educação. Os irmãos mais velhos iam trabalhar, assim como meus pais, e eu era a terceira filha, então eu era a primeira a chegar em casa e tinha que colaborar com as coisas da casa. Uma delas era justamente cozinhar. Minha mãe explicava “faz assim, faz assado”. Foi assim que eu aprendi, foi a vida que me ensinou. A gente na altura não entende muito bem as coisas porque somos crianças, então eu ficava muito feliz em pensar “tenho 12 anos e vou cozinhar”. Na verdade, olhando para trás agora, eu vejo que tudo tem um sentido, tudo tem uma razão de ser. Tudo que aprendi e fui na minha infância me faz ser quem sou hoje. Veio uma espécie de paixão por isso. As pessoas se ofendem quando um homem diz “se queres ver uma mulher feliz, aumenta-lhe a cozinha”. Isso para mim não é uma ofensa, eu adoro cozinha. É um lugar muito importante. E eu realmente aprendi isso com a minha mãe, fui gostando e hoje estou aqui.
Tens alguma memória dessa época, algo que te marcou?
Eu lembro que nós não tínhamos fogão a gás, era a lenha. Lembro perfeitamente da panela ser grande e de acender o fogo. Achava que era o fim do mundo e isso vem constantemente à minha cabeça. Olho para trás e é isso que me marcou, é a maior nostalgia. Hoje é tudo muito fácil, então de certa forma tenho que agradecer à minha mãe, às dificuldades que me fizeram ser quem eu sou. Os pratos em si não consigo me recordar, mas não eram muito elaborados porque não tínhamos muitas possibilidade e eu era pequena. Só lembro que havia muita sopa de legumes, porque na Madeira há muitas plantações.
A cozinha era o lugar de receber os amigos, confraternizar?
Era, porque assim que entrávamos na casa, dávamos de cara com a cozinha, então não tinha como fugir. Ficava todo mundo reunido ali.
E por que investir neste momento da tua vida no ramo da gastronomia?
Há uma história interessante. Eu já pensava em reduzir o meu ritmo profissional. Não perdi o amor pelo palco, mas na verdade perdi o gosto pelas viagens, a ausência constante dos meus. Então, de uns cinco anos pra cá, eu pensei em parar a minha carreira como como artista e começar a pensar no meu lado empresarial porque eu tenho esse lado de empreendedora. Chega uma hora em que cansamos de passar a vida nos aeroportos, nos aviões, e eu não sou diferente. Eu tinha planos de fazer isso que estou a fazer agora só daqui dois, três anos, mas Deus proporcionou que as coisas acontecessem. Felizmente conheci Gramado e um dos meus sócios numa das viagens para cá. Ele sabia dos meus objetivos de investir no ramo e propôs um restaurante português em Gramado. Pensei que no início seria só uma mera conversa e não iria passar disso aí, porque era do outro lado do mundo, longe da minha casa. A verdade é que me sinto muito bem aqui, comecei a sentir-me em casa, estou de corpo e alma.
Mas o Casa Aveiro não é o teu primeiro restaurante. Há três meses, tu e a tua irmã Elma abriram um na ilha da Madeira, em Portugal...
A história do restaurante da ilha da Madeira foi muito simples. Eu sou formada em hotelaria, fiz um curso aos 16 anos no qual aprendi a servir as mesas como garçonete, fiz um estágio nas cozinhas, na recepção, porque nós realmente vivemos do turismo. A cultura da Madeira passa muito por isso e eu também ganhei esse bichinho. Nunca pensei que um dia iria me tornar uma empresária, mas a vida me proporcionou isso. A minha irmã não tem paixão por restaurantes, mas sabia que eu queria parar daqui a alguns anos. Ela disse para investirmos num restaurante porque na região não havia nenhum com comida típica madeirense. Eu disse “tá” e entramos em sociedade. Como ela vive lá, controla mais. Foi o primeiro passo, que eu pensei que seria concluído mais pra frente.
Lá, vocês também têm algumas receitas da sua mãe, mas aqui, longe de casa, a homenagem é muito maior. Como a Dona Dolores reagiu a essa notícia?
Na verdade a minha mãe não fica surpreendida quando nós filhos decidimos homenageá-la, porque fazemos isso muitas vezes. Não é preciso abrir uma porta de um espaço comercial para ela entender que nós queremos sempre agraciá-la com algo. Ela ficou muito feliz porque sabia desse meu sonho, mas também ficou um pouco assustada. Ela disse “tu vais ao Brasil? Que cidade é essa? É seguro? As pessoas que tu vais trabalhar vão te ajudar no sonho?”. Ela ficou preocupada porque sabia que eu entraria cem por cento no projeto, visto que isso é um nome de família, então há uma responsabilidade acrescida de mim para os meus e para as pessoas que nos admiram. Ela quis muitos detalhes, mas ficou contente, demonstrou muita vontade de apoiar. Inclusive pedi muita ajuda para ela e continuo pedindo, porque sou uma mera aprendiz e estarei a aprender toda a vida. Não teria sentido sem o apoio dela e dos meus irmãos. Agora é fazer as coisas bem e surpreendê-la cada vez mais. A minha mãe é para toda a vida e sempre será a minha referência.
Além dessa responsabilidade, há também aquela que vem do fato de ser o único restaurante português da cidade. Qual o peso disso tudo?
É um desafio muito grande. No começo de toda a ideia, eu pensei que estaria aqui na altura da abertura, no apoio, na construção do projeto. Eu pensei “vou abrir, vou lá de vez em quando e depois vou para a minha zona de conforto que é Portugal”. Só depois comecei a ter noção das coisas, do peso que é ser o único restaurante português em Gramado, da dimensão em termos turísticos dessa cidade. Existe uma responsabilidade acrescida, eu fui sentindo isso com o passar dos dias. Então naturalmente eu vendo que havia muito em jogo, não só porque tem a marca da minha família, que é o maior orgulho que eu tenho na vida, mas também pela qualidade que existe aqui na cidade. É um desafio, mas eu adoro desafios e estou preparada para estar aqui. Se tiver que morar aqui eu venho morar, se tiver que passar temporada eu também fico. O que sei que não vai acontecer é a história de passar muito tempo em aeroportos. Sinto que essa será minha segunda casa.
Tu te apresentaste no Rio Grande do Sul em algumas ocasiões. Esse sentimento de pertencimento já existia?
Nunca imaginava que isso viria a acontecer. Quando eu estive aqui pela primeira vez, há três anos, estava frio e foi uma visita muito rápida, então não tenho muito a falar sobre isso. A única coisa boa, além de atuar, foi que as pessoas que me receberam eram muito simpática. Sempre me trataram muito bem aqui e então sempre me senti um carinho grande pelo Brasil. Senti que algum dia esse país me marcaria de alguma forma, só não sabia como.
O que mais te chama atenção em Gramado?
A arquitetura. A cidade é uma casinha de bonecas! Parece que a gente está na Europa e eu me familiarizei com isso. Eu e meu filho mais velho, o Rodrigo, passeávamos por aqui e ele disse “nossa, nem parece que estou no Brasil”, não só pelo frio mas também pelo estilo das casas. Mas mais que tudo, eu tive a sorte de conhecer as pessoas certas, fui muito bem acarinhada neste sentido. Fui aos melhores lugares quando estive na cidade pela primeira vez, tive as melhores referências desde o primeiro dia. As amizades que fiz e continuo a construir, há pessoas que já fazem parte da minha vida e convivem com a minha. Fui muito abençoada neste sentido e tudo isso ajudou para que eu me sentisse confortável e ficasse na cidade.
Da gastronomia local, o que tu mais gostas?
É muito forte a gastronomia daqui. A carne é muito boa. Nós da Madeira consumimos muito disso, então não foi um choque muito grande. A comida em geral é muito parecida com a nossa, é forte, consistente, não consigo dizer uma coisa ao certo. Tem muitos restaurantes que eu gosto mas não vou passar publicidade (risos).
Já provaste churrasco?
Sim! É muito parecido com o churrasco da ilha da Madeira, que fazemos com picanha, com filé. Adoro churrasco com um bom copa de vinho português.
Sentes falta de algo de comida portuguesa?
Sentia falta de bacalhau, agora não vou sentir mais.
Como foi ficar longe da família, principalmente dos teus filhos, para abrir o restaurante?
Não foi um choque, mas houve uma preocupação de como gerir as coisas da melhor forma, porque eu sinto muita falta deles, é muito complicado ficar longe. Agora meus filhos estão aqui e vou tentar tê-los o máximo de tempo possível comigo. Abençoadamente tenho uma família que me ajuda muito nessas mudanças, então existe um conforto nesse sentido e acredito que não será um problema. Existe avião e como eles têm mais vontade de viajar do que eu, eles vêm visitar.
Qual foi a reação deles ao receberam a notícia de que a mãe abriria um restaurante em outro continente?
Foi super descontraído porque eles conhecem a mãe que tem, sabem que sou muito corajosa, aventureira, que arrisco e gosto de sair da minha zona de conforto. Eu acho que a vida é isso, um risco constante, só assim podemos fazer análises, afinal só vai dar certo ou errado se nós tentarmos. Eu vejo as coisas dessa forma, e a minha família sabe que sou assim, embora nos últimos anos eu tenha sido mais cautelosa nas mudanças justamente porque tenho dois filhos que precisam de mim. De qualquer forma, me afastar deles aconteceria, porque o mais velho vai fazer faculdade fora de Portugal, então eu não o veria tanto. Tive que tomar uma decisão, aceitei o desafio. Bola pra frente.
E como foi a logística para abrir o Casa Aveiro, longe dos teus filhos e da família?
Sobre a logística, o segredo é trabalhar em “equipa”, equipe como vocês falam aqui, porque ninguém vence sozinho. A única coisa que eu tenho sozinha é a força de vontade, o sonho que eu tenho vontade de realizar, que é dar orgulho a minha família. Quero estar presente, porque não é só abrir um restaurante, é dar o corpo ao manifesto. Para isso, sei que preciso de uma boa equipe, que preciso de bons funcionários nas mesas, de um bom atendimento, chef de cozinha, de bar, bons sócios, uma boa imagem para fora. Eu não quero só mais um restaurante, porque a cidade de Gramado não precisa disso. Então sei que o segredo passa pelo coletivo. Tudo é um conjunto de coisas que leva ao sucesso.
Como foi o processo de criação do menu?
Falar de cor sobre todos os pratos que vamos ter aqui é difícil porque temos mais de 40, mas vou fazer um resumo. A maioria deles é de Portugal, embora tenha evoluções nossas com o toque português por causa das nossas viagens. Um exemplo bem prático é o tagliatelle, um prato italiano mas que nós adaptamos: eu vou por frango, camarão, natas, cogumelos e o sabor dos temperos portugueses. É algo que consumimos muito em casa porque nossa família adora massa. O bacalhau é o rei do restaurante, que é uma figura bem presente gastronomia do nosso país. Vamos ter o bacalhau CR7, que é o bacalhau à Brás, mas que adaptamos porque é o prato preferido do Cristiano e nós sabemos que vai ser muito procurado. Vamos ter o bacalhau assado no forno, com batatinhas, nosso azeite. Uma das sobremesas rainhas será o pastel de Belém, que será servido numa forma mais atual, visto que em Portugal não é muito usado como sobremesa; é consumido muito mais quando vamos tomar um café. Para ser algo atrativo, vamos servir com uma bola de sorvete, então terão essa inovação.
Também o macarrão com guisado, com aquela história da massa ser muito presente na nossa casa. Ela tem legumes, filé cortado aos cubos e é feito um tempero com especiarias. É um prato muito confeccionado especialmente na Ilha da Madeira, e que o meu pai cozinhava muito, visto que é um prato muito farto e que deixa a gente muito satisfeito. Bacalhau terá de várias maneiras, terá o pastel de bacalhau, que será uma das entradas. Vamos ter o milho frito, que é parecido com a polenta, a única diferença é que cozinhamos de uma forma que vai couve, depois ele é resfriado, cortado aos cubo e fritado no azeite. A partir daí podemos acompanhar com várias coisas, como filé de atum que teremos também. Basicamente é isso, mas eu acho que só provando, só visualizando e saboreando é que as pessoas conseguem ter a verdadeira noção. Vou tentar trazer os nossos sabores portugueses com o toque da nossa família.
E essas eram as comidas que vocês comiam em casa?
Eram e são. Quando eu falo das massas, é porque temos muita crianças na família e quase todas as crianças gostam dessa comida. Então minha mãe sempre utilizou a massa e adaptou com o tempero português, visto que ela é uma cozinheira profissional e não fazia o tradicional, o italiano. Ela sempre adaptou os pratos para satisfazer as nossas vontades mas ao jeito dela. Foi isso que aprendi e tentei trazer para cá. Fazemos frequentemente o tagliatelle que eu vou servir aqui. E adoro, o Ronaldo adora, minha irmã gosta muito, então eu achei que fazia sentido trazê-lo.
As pessoas sempre comentam sobre o prato favorito do Cristiano. Qual é o teu?
O meu prato preferido por incrível que pareça não vai ter aqui no restaurante, embora eu goste muito de todos porque eu sou um bom garfo como costuma e falar em Portugal. Comer é muito bom! Eu gosto muito de grão de bico com posta de bacalhau regada com azeite e ovo cozido, salsa e cebola picadinha. Gosto de todo tido de bacalhau, assado, com batatinha rústica.
E da Madeira, o que terá de específico?
O milho frito. Foi e continua a ser um prato muito consumido pelos madeirenses. Antigamente nós considerávamos essa a comida dos pobres, porque com um quilo se fazia muita quantidade. Podíamos comer frio, em papa com leite e açúcar que era o que eu e meus irmãos comíamos quando éramos crianças. Ou então, como será servido aqui, aos cubos e depois frito no azeite.
Um dos destaques da gastronomia portuguesa é a vitivinicultura. Como foi a produção da carta de vinhos para o restaurante?
Também tem a minha mão aí. Como falei, eu fiz o curso na Escola Hoteleira, mas a vida depois mudou muito e eu não consegui por em prática aquilo que aprendi. Estou conseguindo agora e uma das coisa que achei que teria sentido era termos uma boa carta de vinhos porque cada vez mais as pessoas apreciam isso, até mesmo jovens, e Portugal tem um bom componente em termos de vinícolas, principalmente no Douro. Teremos também vinhos da Madeira, que são uma referência para a ilha e nos dão muito orgulho; vinho do Porto, que é digestivo e pode muito bem ser tomado ao fim de uma refeição ou para um brinde por qualquer motivo. Além disso, rótulos do Douro, do Alentejo, e eu acho que essa parte vai ser muito positiva para nós.
Em 2016, a tua mãe fez um comercial paras as bananas da Madeira, que não muito famosas. Eles estarão aqui?
Não tinha pensado nisso! Mas vou pensar, é possível fazer uma receita! A gente tinha pensado numa receita de banana frita com filé de espada, que é encontrado só nos mares da nossa ilha e é parecido com o pescado, mas muito mais saboroso. É muito forte em termos de proteína. Como não existe esse peixe aqui e, se fôssemos trazê-lo para cá, ele não viria com a mesma qualidade, fica uma mágoa de não poder trazer isso. É uma ótima ideia, até porque a banana da Madeira é especial, não é muito grande mas é muito saborosa.
E qual harmonização da casa você recomenda para quem vier conhecer?
A Quinta da Pacheca, que é uma boa vinícola de Portugal e eu e minha família consumimos muito. É muito conhecida e conceituada fora de lá e foi um dos vinhos que eu quis ter aqui na casa. Tanto o tinto e o branco são muito bons e acompanha na perfeição o bacalhau, o atum, todos os peixes.
Nós podemos dizer que a Casa Aveiro é um restaurante feito por uma família para outras famílias?
Essa é uma das frases que eu usei, e uso muito, no meu dia a dia é essa. Este é um lugar para as pessoas entrarem e sentirem que estão em casa, sentirem o cheiro de casa, que estão sendo bem tratadas. Costumo dizer que se eu não for feliz em casa, não sou feliz em lugar nenhum. O restaurante é minha casa e quero receber as pessoas e que elas sintam essa felicidade. É isso que passo o pessoal que trabalha aqui, essa é a minha mensagem. Digo também que preciso deles para o meu sonho e que, se precisarem de mim, estou aqui, é preciso haver esse conforto.
Como é para a senhora ter suas receitas disponíveis para as pessoas provarem?
Dona Dolores: É um grande orgulho e fico muito feliz de ser aqui, porque sempre fomos admiradas por todos neste país. Sempre gostei do Brasil e está é a segunda vez que o visito, mesmo com o frio, eu gosto. É também um prazer muito grande ver a Katia continuar a minha arte.
E como a senhora começou com essa arte?
Como eu ganhava muito pouco, comecei a trabalhar em casas particulares como doméstica. Aprendi a cozinhar melhor ainda. Depois, me inscrevi para trabalhar em um hotel como copeira, na lavagem de louça. Gostava muito de estar na cozinha, então, me tornei uma cozinheira de segunda, isso me dava muito orgulho.
Tem algum prato que a senhora mais gosta de fazer?
Todos os que faço são meus preferidos e os meus filhos gostam. Mas o mais adorado é o Bacalhau à Bras, que é o que o Ronaldo adora.
Tem algum segredo, algum tempero especial?
Só de eu fazer já é especial e agrada a todos (risos).
Pra quem você gosta de cozinhar?
Gosto de cozinhar para a família e para grandes quantidades. Isso me dá muito prazer. Gosto de receber os amigos, são poucos, mas é bom vê-los feliz em casa.
Existe algum prato que tem a cara da infância dos seus filhos?
O macarrão com guisado, porque sempre foi mais barato fazer esse prato.. Mas o mais importante é que eles gostam de todos, e às vezes me pedem para fazer algum porque sentem saudades.