Quem é “das antigas” em Capão da Canoa sempre soube que duas coisas não podiam faltar quando começava a temporada de verão: bandeira vermelha na beira da praia (do tempo que só haviam três cores) e um almoço no Maquiné. Desde 1956 o Restaurante (que também é Hotel) serve os mesmos pratos, não perdendo o tradicional sabor caseiro que o acompanha todos esses anos.
O sistema da casa funciona com algumas opções de pratos que o garçom leva direto na mesa e também oferece um buffet para você se servir. Tanto um, quanto o outro, podem ser repetidos quantas vezes quiser. Eu considero o lugar um estilo de comfort food, porque os pratos não tem muita elaboração visual, mas o sabor, o tempero e a diversidade de opções tornam o local uma nostálgica retomada àquela Capão da Canoa do passado.
Como eu já tenho algumas (poucas) décadas de visitas ao Maquiné, já conheço alguns “atalhos” e logo na chegada pedimos o tradicional limãozinho do Cláudio (um dos proprietários), que não faço a menor ideia se tem um nome certo, mas eu peço para o garçom o “limãozinho” e ele entende, então, está ok! A bebida é praticamente uma caipirinha um pouco mais adocicada, muito boa para abrir o apetite.
Mas, como a intenção também não era enxergar cinco pedaços de bife ao invés de apenas um, pedimos uma limonada que vem em jarra bem gelada. Já aviso que ela não vem adoçada.
A primeira opção que vem à mesa é uma sopa, normalmente canja ou sopa de legumes, mas como ninguém quis comer sopa nesse calor senegalês, não tem foto.
Bem pouquinho depois disso o garçom já traz os tradicionais peixes: vem bolinho de peixe frito, peixe à milanesa, grelhado e à dorê. Bom, eu falei que conheco os atalhos, certo? Preciso confessar que uns 80% da minha motivação em ir ao Maquiné é esse peixe à dorê. Pensa em um peixe bem leve, sem nenhuma espinha (pode me cobrar se achar alguma), saboroso e exatamente igual todo ano? Pois então, sou muito fã e indico para todos, inclusive para quem não gosta de peixe ao menos experimentar uma vez.
Mas vamos em frente que a recém começamos. Quando você está ali meio perdido em meio a tantos pratos, balbuciando algo tipo “o que é peixe à dorê”, vem outro garçom e te traz mais pratos com bifes feitos na chapa e batatas fritas, daí não tem aquela história de “ai, não gosto de peixe”. O bife também é tradicionalíssimo, mas se você quiser manter a ordem na bagunça e pedir o bife para mais tarde, não tem problema nenhum. Da mesma forma, se você quiser comer tudo junto e pedir tudo de novo depois, também é tranquilo, você que converse com seu estômago e decidam até onde vocês aguentam ir.
Bom, eu já entreguei o ouro dizendo que meu maior motivo de ir ao Maquiné é pelo peixe, mas como havia dito que existe opção de buffet, vamos a ele. O Restaurante tem duas ilhas: uma de saladas com alguns outros pratos quentes.
E outra ilha de feijoada com caldos, paio, linguicinha, laranja, farofa, etc. A passada ali é obrigatória, embora o calor do verão não permita eu me empolgar tanto quanto eu gostaria na feijoada.
Por fim, vem a única parte que eu não me empolgo muito, a parte dos doces. É, de fato, uma dura realidade para mim, praticamente descendente da Paratrechina Fulva, nome científico da nossa querida formiga doceira. Apesar das muitas opções disponíveis, confesso que raramente pego algum doce (talvez por falta de espaço no estômago). Nesse dia acabei pegando a torta de bolacha e a mousse de chocolate, mas de repente por me empolgar tanto com o cardápio caseiro, a sobremesa acaba se tornando secundária.
Para arrematar essa nostalgia gastronômica toda, um bom cafezinho passado por conta da casa.
Tradição cumprida, bandeira vermelha hasteada na praia e todos saindo satisfeitos de mais um almoço que se repete há muitos e muitos anos na família. Confesso que escrever sobre o Maquiné é retomar um pouco da minha infância, pois com o passar dos anos o modus operandi e o saborandi (é, eu sei, sou muito bom no latim) se mantêm os mesmos. De qualquer forma, sejam antigos ou novos moradores/visitantes do nosso litoral gaúcho, a visita é sempre muito válida.
O almoço para quatro pessoas (valor fixo), “limãozinho”, limonada e dois refrigerantes saiu por R$ 218 no total.
Hotel e Restaurante Maquiné
Rua Andira, 320 – Centro
Capão da Canoa/RS
Fone: (51) 3365-2323
Aceita cartões Master, Visa e Diners.
www.hotelerestaurantemaquine.com.br
* Conteúdo produzido por Giovanni Aloise