Quando eu tava no Ensino Médio, vez ou outra ia depois da aula no Sebo da Torre, que fica no bairro de mesmo nome, numa casinha daquelas em que você quase não repara, espremida entre outras casinhas tão pequenas quanto ela. Fico feliz por saber que o tal sebo resiste ao tempo e à digitalização. E mais feliz ainda foi descobrir que ao lado dele existe hoje o café Vovó Nice, tão discreto e simpático quanto seu vizinho, lembrando que comidinha de vó e atendimento familiar também merecem resistir ao tempo - e à concorrência das grandes redes de cafeterias.
A simpatia começa pelo nome. Em um mundo em que marcas de sorvete inventam histórias fofinhas (e falsas) pra encantar os consumidores, fico feliz ao encontrar lugares autênticos que provocam empatia. :) O Vovó Nice não só tem carinha de casa de vó, mas é comandado por uma família, que atende os clientes com o carinho de quem recebe uma visita em casa. Na decoração, ladrilhos hidráulicos, rendinhas e uma vitrola reforçam o tom familiar.
Mas com profissionalismo, é claro. A barista da casa fala de cafés com propriedade, enquanto serve um charmoso cafezinho coado. Nada como aquele cheirinho de café que sobe na hora, né?
O café também é a base pra deliciosas bebidas geladas, daquelas de arrematar corações recifenses (#calor #hellcife). Provei o tradicional frapuccino (espresso batido com sorvete, calda de chocolate e chantilly) que a esposa do meu pai pediu e dei um grande joinha pra ele.
Pensei em pedir o mesmo pra mim, mas quando bati o olho no nome Affogato de Oreo no cardápio, não tinha mais jeito. Com sorvete de chocolate afogado no espresso, calda, farofa de Oreo e chantilly, ele tá entre os melhores cafés gelados que já provei por aqui. E sim, podia ser sobremesa, mas foi minha entrada, porque sou vidaloka assim mesmo. :P
Retomando à ordem correta das coisas, pedi uma tapioca. E aí não tem como não falar de novo no fator “família”, já que cada tapioca tem o nome de uma avó, homenageando as avós dos donos do café e de amigos e clientes. Amor demais, né? A Vovó Rosa, como se chamava minha vozinha, tem lombo canadense, abacaxi e queijo – uma combinação que ela adorava. <3 O coração ficou aquecido com essa coincidência, mas o estômago acabou optando pela tapioca Vovó Maria, que leva queijo mussarela, frango e bacon e fazia parte, na época, da "sugestão do barista" pra o festival Recife Coffee. Bem recheadinha e com a massa fininha, no ponto que eu gosto, ela também tá de parabéns.
E tem coisa com mais cara de comida de vó do que sopa? Na cafeteria, são oferecidas diferentes opções a cada dia, servidas numa panelinha fofa com torradinhas pra acompanhar. Meu pai pediu uma de legumes e super aprovou.
Já a sogra do meu pai (que também se chama Nice :D) pediu uma porção de pães de queijo recheados com requeijão e ficou feliz com a escolha. Tem outras opções de recheio também. E quem mais acredita que o pão de queijo nasceu pra casar com o café?
E aí chegou a hora das sobremesas ~de verdade~. Meu pai apostou no bolo do dia, que era de caramelo com doce de leite e castanhas. Super fofinho e com uma cobertura generosa, o bolinho arrancou suspiros da pessoa mais fã de castanhas que eu já conheci.
O resto da mesa dividiu um cheesecake de frutas vermelhas, que é – merecidamente – uma das vedetes da casa. Com geleia artesanal, ele não é muito doce, nem economiza na cobertura, e a base não é enjoativa nem pesada. Ou seja: alcança o equilíbrio cheesecaquístico perfeito. :)
No fim, todo esse aconchego alimentício custou uns 70 reais e o único ponto negativo que encontrei no lugar foi a dificuldade pra estacionar. Tá valendo transformar em visita semanal - tipo aquele almoço com a avó. :)
Vovó Nice Cafeteria
R. José Bonifácio, 668, Torre
Recife/PE
Fone: (81) 3032-0112
Aceita Visa e Master
* Conteúdo produzido por Luísa Ferreira