A Natália Frighetto, enóloga e sommelier da Casa Destemperados, foi convidada para fazer o curso Wine and Spirit Education Trust (WSet). Ela compartilhou com a gente como foi a experiência. Valeu Nati!
Nível 1: Qualificação em Vinhos
Quando fiquei sabendo do curso Wine and Spirit Education Trust (WSet) e da oportunidade de participar desta edição, logo deu um friozinho na barriga pelo fato de voltar para uma sala de aula. Tudo bem que, por ser enóloga, o assunto é o meu dia a dia, mas só de pensar em passar por uma prova, que será corrigida em Londres, dá um certo medo.
Mas vamos lá. O WSet é um curso voltado para apreciadores do vinho que desejam aprimorar seus conhecimentos em tipos e castas de vinhos e em harmonização com receitas. Também é indicado para profissionais que desejam trabalhar em restaurantes, lojas de vinhos, enotecas e no ramo hoteleiro, por incluir aula sobre o correto armazenamento das garrafas e o serviço da bebida aos clientes. A Wset é a principal organização internacional na área de educação em vinhos e destilados. Está presente em mais de 60 países e, aqui no Brasil, a Enocultura é a provedora oficial das qualificações WSET.
Por ser um curso britânico, recebemos o material didático antes para lermos e tirarmos as dúvidas na aula. Pontualmente às 19h, a aula começou. Sentamos e nos deparamos com uma sequência de taças a nossa espera.
Antes da degustação propriamente dita, conversamos sobre tipos de vinhos (tranquilo, espumante e fortificado), cor, doçura , corpo e as variedades de uvas mais importantes. O mais bacana de tudo foi a didática do professor, lidando com assuntos muitas vezes complicados de entender. Ele foi exemplificando, contando fatos e esclarecendo as dúvidas sobre corpo do vinho com uma habilidade nata (vou até utilizar o exemplo nas minhas degustações), o que quebrou a rigidez britânica e descontraiu a aula.
Depois de um longo bate-papo, hora do sacrifício! Observar, cheirar e provar, ou, na linguagem de análise sensorial, notar as características visuais, olfativas e gustativas. Para todos os vinhos servidos em aula, fizemos a ficha de Notas de Prova, onde anotávamos o vinho, a cor, o estado, doçura, corpo, características do sabor e outros pontos para irmos memorizando os tipos e características.
Por ser o primeiro nível, não tem tanta exigência quanto à descrição olfativa na ficha, mas em aula brincamos bastante com os aromas encontrados. Cada um descreve o aroma como sente. Uns sentem morango, outros sentem framboesa. E tem os mais inusitados como milho verde na beira da praia e grama verde.
Fim da degustação do dia, hora de conhecer os rótulos!
O segundo dia foi mais voltado para o serviço da bebida. Como abrir, como servir - descobrir que o espumante tem que abrir sem fazer estouro e, sim, com um leve puft -, uso do balde de gelo, com um foco muito grande na responsabilidade social, idade mínima para compra e consumo, taxa de álcool no sangue, perigo de beber até embriagar-se, risco do consumo excessivo de álcool, enfim. Nunca é demais lembrar que se beber, não dirija! E uma curiosidade que eu não sabia: o estabelecimento ou atendente pode parar de servir bebidas alcoólicas aos clientes que apresentarem sinais de embriaguez (vivendo e aprendendo).
Mesmo depois do choque dos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), partimos para a degustação do dia! Hoje, às cegas, para identificarmos as variedades e métodos de elaboração do produto. Cabe salientar que a qualidade dos vinhos oferecidos na degustação é muito boa e a escolha leva ao bom aprendizado. Nesse dia, degustamos Chardonnay fresco e Chardonnay embarricado, para ver a diferença de aroma e estrutura. Experimentamos também Riesling alemão com sua acidez inigualável e, para finalizar, um típico Pinot Noir californiano, frutado e com um toque de especiarias.
Ah, a foto me ajudou a lembrar! Depois do serviço do espumante, aproveitamos e bebemos com a desculpa de avinhar a boca antes dos demais vinhos.
Terceiro e último: dia de harmonizar! Chegamos na aula e nos esperava uma sequência de vinhos e um pratinho com os os tipos de sabor - picante, doce, sal, amargo, ácido e umani. Sim, umani, o tal do gosto saboroso, provocado pelo glutamato monosódico (Ajinomoto) e presente nos cogumelos cozidos também.
Harmonizar não é matemática, somos humanos e cada um tem seu gosto, então nada melhor do que provar cada tipo de alimento com cada vinho proposto e buscar a melhor combinação, pois não existe regra e, sim, paladares!
Depois de estar bem tontinha com a quantidade de vinho (não sei descartar, bebo todos) hora de fazer a prova. Tipo vestibular, apenas lápis e identidade sobre a mesa. Recebemos um cartão de respostas (que é enviado para correção em Londres) e o caderno de perguntas (devolvido também). Sem fotos porque o celular estava na mochila no fundo da sala! Sobre a prova: conteúdo dado em aula, mas a tradução foi feita para português de Portugal, o que depois de algumas taças de vinho pode confundir ou atrapalhar certos participantes. Tirando isso, é só aprendizado e alegria. Um curso sobre vinhos não tem como ser ruim!
A Eno Cultura é provedor oficial das qualificações Wine and Spirit Education Trust para o Brasil.