O horário nobre mudou da água pro vinho. É como se tivéssemos saído de um ritmo de bossa nova para um funk proibidão, em velocidade cinco. João Emanuel Carneiro trouxe de volta para a telinha uma história repleta de reviravoltas, na qual "o jogo muda o tempo todo", como dizia a chamada de Mania de Você. Quem perdeu um capítulo, ficou com dificuldade de entender o próximo, o que pode ser, ao mesmo tempo, positivo e negativo.
A impressionante atuação de Chay Suede, o Mavi, merece todos os aplausos. É um personagem complexo, que carrega sombras dentro de si, resultado de todas as rejeições que sofreu ao longo da vida. E por falar em rejeição, Adriana Esteves dispensa comentários. Mércia é controversa, passa longe das vilões escandalosas já vividas pela atriz, e toda a aura de submissão pode ser uma máscara para algo mais cruel.
Dos quatro protagonistas, Rudá é o ponto fora da curva. Nicolas Prattes pouco abriu a boca desde o primeiro capítulo, apesar de estar no centro de todos os conflitos envolvendo Mavi, Luma (Agatha Moreira) e Viola (Gabz). Faltou a trama apresentar as motivações do jovem caiçara, o que o move, do que vive, de onde veio. Desse jeito, é impossível ter empatia por ele, muito pelo contrário.
Virada
Com o assassinato de Molina (Rodrigo Lombardi), uma nova fase se apresenta, o tempo dá um salto em 10 anos e muita coisa muda. O jogo vira, novos personagens entram em cena, é quase se uma nova novela tivesse início. O certo é que, depois de muito tempo, assisto a uma trama ansiosa pelos próximos capítulos.