Escrevi recentemente sobre as principais mudanças que o autor Bruno Luperi fez em Renascer, originalmente criada por seu avô, Benedito Ruy Barbosa. Atualizar situações, modificar histórias ou inventar novos personagens, tudo isso é válido. Porém, até que ponto se deve mexer em um clássico?
Pensem na história de Romeu e Julieta, escrita por William Shakespeare (1564-1616). Por mais modernizadas que tenham sido as adaptações da obra, dar um final feliz para o casal descaracterizaria por completo a maior história de amor de todos os tempos. Só é Romeu e Julieta se for trágico, não tem jeito.
Voltando a Renascer, quanto mais se aproxima o desfecho da novela, maiores são as especulações a respeito do final de José Inocêncio (Marcos Palmeira). Em 1993, quando era vivido por Antonio Fagundes, o coronel morreu nos braços do filho caçula, João Pedro, não sem antes pedir perdão ao rapaz.
Despedida
Na nova versão da trama, Inocêncio chegou a ensaiar um final feliz ao lado de Aurora (Malu Mader), mas não resistiu ao chamado do Bumba. A alma do protagonista está plantada no Jequitibá-Rei, e é na fazenda que ele terá seus momentos finais. Não seria coerente afastar o coronel de seu destino, que sempre foi reencontrar Maria Santa (Duda Santos). No capítulo do dia 30, José Inocêncio será vítima de mais uma tocaia, chegará a ter uma visão de sua amada, mas João Pedro (Juan Paiva) chegará a tempo de socorrê-lo. A essa altura, já podemos ter a certeza de que o desfecho será igual ao da primeira versão. Neste caso, o protagonista morrer no fim não chega a ser algo negativo, pelo contrário. José Inocêncio cumpriu sua missão, deixou um legado e irá realizar seu maior sonho: ir ao encontro de sua Santinha.