O talento de um ator se mede não só por sua atuação em um tipo de personagem, mas pela capacidade de se transformar totalmente de um trabalho para outro. O melhor exemplo disso é Irandhir Santos, o Tião Galinha de Renascer. Ao vê-lo em cena na trama das nove, entendemos o real significado de “visceral”. O ator faz com que nos arrepiemos até o último fio de cabelo com cada olhar, fala ou gestos. E o mais impressionante é que Tião em nada lembra o Zé Lucas de Pantanal (2022). Nesta mesma trama, aliás, ele teve outro papel no início, o de Joventino, mas sem qualquer semelhança entre os dois personagens. E o que dizer do Álvaro, de Amor de Mãe (2019), um empresário cheio de estilo e sem qualquer escrúpulo? Isso só contando os últimos trabalhos de Irandhir na telinha.
É como se o ator se metamorfoseasse completamente de uma novela a outra, despisse uma carcaça para se vestir com outra, como se fosse fácil interpretar novos personagens sem qualquer resquício dos anteriores. Não é, tanto que vários atores ficam “marcados” e levam um tempo para desapegar de papéis de destaque. Não é o caso de Irandhir.
Tião Galinha ficou célebre na interpretação de Osmar Prado – outro monstro da atuação – na trama de 1993. Coube a Irandhir dar seu próprio tom ao personagem, o que tem feito brilhantemente. Nesta semana, por exemplo, foi do inferno ao céu no enfrentamento a José Inocêncio (Marcos Palmeira), tudo por conta da história do diabinho na garrafa. Tião se mostrou decepcionado, irado, revoltado, humilhado, tudo em poucos minutos. Arrebatou, mais uma vez, o coração dos telespectadores.