Disputa por terras, cenário rural, saga familiar no Mato Grosso do Sul, relações abusivas, trilha sonora nostálgica e elenco estelar: elementos que fizeram do remake de Pantanal (2022) um retumbante sucesso também estão presentes em Terra e Paixão, novela das nove que estreia nesta segunda-feira (8).
Dramas e conflitos
A trama de Walcyr Carrasco, com direção artística de Luiz Henrique Rios, traz um folhetim clássico, com histórias de amor, superação, dramas familiares, disputas e segredos inconfessáveis. Uma jornada de esperança e luta que se passa na fictícia cidade de Nova Primavera. O fio condutor é a saga de Aline (Barbara Reis), uma jovem que vê sua família ceifada por um crime. Na coragem de quem enfrenta tudo e todos para defender seu legado, essa mulher mostra que a força e o amor, juntos, podem promover transformações.
Em meio a um Brasil rural e moderno, Aline retoma sua história, movida pelo desejo de justiça, quando cruza seu caminho com o da família de Antônio La Selva (Tony Ramos), dividida pela ambição e muitos segredos. Ele é pai de Caio (Cauã Reymond), com a primeira esposa, Agatha (Bianca Bin), e culpa o jovem pela morte da mãe no parto. Casado com Irene (Gloria Pires), teve com ela mais dois filhos, Daniel (Johnny Massaro) e Petra (Debora Ozório). Como se não bastasse todo esse drama e uma sucessão familiar em jogo, os irmãos Caio e Daniel ainda vão disputar o amor da mocinha Aline.
Barbara, que também faz a vilã Débora em Todas as Flores — trama do Globoplay — conta como é viver sua primeira protagonista:
— É um momento de extrema felicidade. Ao mesmo tempo em que comemorei, duvidei. Mas desisti de duvidar, pois foi uma conquista muito batalhada. Fui pro teste com a certeza de que Aline era minha. É uma responsabilidade ser a protagonista do produto de maior importância dentro da maior emissora do país, mas espero que muitas mulheres se sintam representadas com a luta da Aline, a luta por um mundo melhor, de que quem acredita e faz por onde para conseguir o que quer pela força da ação, do trabalho.
Tony Ramos, que interpreta o vilão latifundiário, reflete sobre o que o estimula a viver tipos como esse:
— Gosto e prefiro ser surpreendido por projetos, como agora com Walcyr, que me convidou há um ano. O que sempre me estimula é o conflito que o personagem possa trazer. A reflexão comportamental que possa trazer para o espectador.
Expectativas altas
Autor de grandes sucessos da teledramaturgia e vencedor do Emmy com Verdades Secretas (2015), Walcyr Carrasco define Terra e Paixão como uma novela clássica:
— A história apresenta um grande drama amoroso e uma luta por herança, dentro de um ambiente agrícola, rural, uma parte do país ainda desconhecida por muitos, de uma maneira que não estamos acostumados a ver em novelas. Estou fascinado pela tecnologia implantada na agricultura nos dias atuais, me apaixonei por esse ambiente e quis trazer para as telas.
Intérprete da megera Irene, Gloria Pires acredita que a nova novela das nove arrebatará o público:
— As pessoas podem esperar muitas surpresas, uma característica forte do gênero, especialmente do Walcyr, que trabalha com isso de forma muito interessante. A novela ressalta todas a qualidades de um folhetim. É uma celebração do gênero em grande estilo.
Guardiã de segredos
Dona de um dos papéis centrais da história, Susana Vieira detalha como é a construção de Cândida, que conhece todos os dramas dos moradores de Nova Primavera, já que é dona do bar da cidade, um ambiente dançante, ao som de shows sertanejos e palco de grandes segredos da trama.
— Eu me atrasei um pouco para gravar Terra e Paixão, porque tive de fazer uma cirurgia no pé (em janeiro). Fiquei dois meses com bota ortopédica e, quando tirei, achando que o osso estava "colado", não estava. O médico disse que eu tinha que operar e colocar um pino. Aí, eu fiquei mais ou menos 20 dias de repouso, o que atrasou o meu convívio com as pessoas da novela. Os estudos, eu fazia online — contou Susana.
A atriz também revelou como começou a construir a personagem:
— Quando cheguei para gravar no primeiro dia, tinha 10 cenas pela frente com um sotaque complexo, mas o meu figurino estava perfeito. Isso já me adiantou uns 50% da personagem. A caracterização me botou um batom vermelho, coisa que nunca usei na vida, porque acho que fico feia. Também não queria pintar o cabelo de branco, porque sempre fui loira ou morena. Conseguiram uns tufinhos de uma senhora e trouxeram pra mim. E assim fiquei pronta fisicamente. A personalidade, eu não costumo me inspirar em filmes nem em ninguém. Chego no estúdio e sinto a energia em volta. À medida que vou gravando, vou melhorando. A essa altura, já estou fazendo Cândida com mais naturalidade, soltura.
Gauchada em cena
Falando no bar de Cândida, está por lá Luana, personagem da gaúcha Valéria Barcellos, estreante em novelas. Fiel escudeira da dona do estabelecimento, ela administra os serviços dos funcionários, sonha em ser proprietária do local e tenta desvendar os mistérios que só a sua patroa conhece.
— Luana é gaúcha. Ela é solar, muito feliz. Foi acolhida pela Cândida como uma filha, elas se amam — conta Valéria.
Além de Valéria, outros gaúchos marcam presença na produção da Globo: Leona Cavalli (Gladys), Ignácio Luz (Fernando Galego), Flávio Bauraqui (Gentil) e Rafael Cardoso (que interpreta Antônio na juventude).