No ar há menos de um mês, Cara e Coragem chegou para mostrar ao público que nem tudo é o que parece. Com personagens complexos e repletos de camadas, a história de Claudia Souto atiça a curiosidade dos telespectadores a cada capítulo, afinal, há muitos mistérios e enigmas a serem desvendados.
Rebeca, personagem de Mariana Santos, não é uma dondoca amalucada como Moa (Marcelo Serrado) dava a entender ao falar sobre a ex. Na luta pela guarda do filho pequeno, ela tem várias questões mal resolvidas do passado antes de seguir em frente. Neste misto de drama e comédia, a atriz conta que se diverte, celebra o reencontro com Marcelo e a chance de mergulhar em uma trama cheia de altos e baixos.
Depois do sucesso de #Malapia (o casal Malegueta e Maria Pia em "Pega Pega", em 2017), como é o reencontro cênico com Marcelo Serrado?
O reencontro é ótimo, né? A gente veio de um par romântico e, agora, a gente vem com outros personagens para contar outra história, com outras camadas. Muito legal trabalhar com um parceiro com quem você já tem intimidade.
Em Pega Pega, Maria Pia ainda tinha um pé no humor, e você já vinha de uma experiência longeva na comédia. Agora, precisa mostrar uma pegada mais dramática com a Rebeca. Como você se preparou para essa transição?
Eu sempre estou aberta às histórias que os personagens querem, né? A Maria Pia tinha um pé na comédia e também um pé no drama. Eu gosto de personagens que tenham essas possibilidades. A Rebeca tem uma história dramática, mas ela também tem momentos engraçados. A comédia da Rebeca está em outro lugar. Ela tem um tom meio cômico. Isso é muito interessante, porque a comédia passeia em vários locais das personagens, assim como o drama. Eu me preparo sentindo e vendo o que ela quer de mim.
Moa pintava Rebeca como uma mãe desnaturada, mas agora o público sabe que há mais coisas por trás dessa história. Como foi para você construir essa personagem com tantas camadas?
Rebeca é uma personagem muito controversa. Existem muitas Rebecas por aí, ela é uma personagem muito real. Ela acerta e erra muito, e isso divide o público. Ao mesmo tempo em que ela quer o filho de volta, chega do nada, depois de anos, querendo ser mãe, assumir uma maternidade de uma maneira rápida, sem passar pelas etapas que precisaria passar. Está muito confusa, eu sinto que ela está num momento confuso em relação à maternidade. A Rebeca é uma personagem muito rica, que divide opiniões do público, que fica tentando entender o que tem por trás dessa pressa. Ela mete os pés pelas mãos, tenta prejudicar o Moa, vai fazer muita besteira… É uma personagem que vai dar muito pano para a manga.
Nas redes sociais, muita gente defende Rebeca, que já tem uma boa torcida a favor. Você esperava essa repercussão positiva?
De fato, ela divide muito as opiniões. Porque a Rebeca, ao mesmo tempo em que tem o direito de ser mãe, está agindo, neste momento da trama, de maneiras muito imaturas. Tem gente que acha a Rebeca absurda, mas tem gente que a defende com unhas e dentes, que mãe pode tudo… Mas é uma personagem complicada nesse sentido, porque tem sentimentos confusos, comportamentos que, às vezes, não se justificam. E aí, é só esperar a história andar para a gente entender mais a Rebeca. Eu acho muito importantes as discussões que eu estou vendo nas redes sociais, essa coisa da mulher que abandona o filho, que vai embora para cuidar da saúde, porque não teve como ser mãe. Isso gera muita polêmica, porque é um assunto muito delicado. Quando eu vejo pessoas discutindo sobre isso, a favor ou contra, acho muito interessante. Eu acho que não tem certo ou errado, mas comportamentos inadequados. No fundo, a Rebeca só quer ser mãe, ela precisa ser mãe.
Como você definiria a personalidade de Rebeca em poucas palavras?
Eu acho que a Rebeca é obstinada, misteriosa. Está sendo um pouco egoísta, porque ela volta só pensando nela. Egoísta é um termo um pouco forte: ela é um pouco individualista, porque está olhando só para o que precisa, para o que quer de volta, para o que ela quer agora.
Como tem sido o clima nos bastidores com o pequeno Guilherme Tavares (intérprete de Chiquinho)? É mais difícil construir uma parceria com uma criança em cena?
Pelo contrário! Construir uma parceria com uma criança pequena, pura e encantadora como o Guilherme... Me apaixonei por ele quando eu o vi: então, você ter uma criança em cena, que é um ser humano tão aberto a contar sua história, se torna muito mais fácil. Ele é muito atento, muito carinhoso, é uma graça.
O público torce para um "revival" entre Rebeca e Moa. Você acha que ainda existe um sentimento forte entre os dois personagens?
O que existe agora, nesta história que a gente está contando, são sentimentos do passado. Claro que as pessoas, os fãs de “MalaPia”, torcem para que eles fiquem, porque existe um saudosismo, uma nostalgia, porque foi um casal que deu muito certo. Mas o público tem que entender que o interessante para nós, atores, para os próprios personagens, é desenvolver outras camadas, outras histórias, sabe? Vamos ver como o público vai recebendo esse ex-casal. Acho que o sentimento forte que une o Moa e a Rebeca foi esse amor que eles viveram, a mágoa, eles precisam resolver essa mágoa. Essa separação que foi muito abrupta.