Depois do tom soturno e dramático de Nos Tempos do Imperador, a mudança foi radical no horário das seis. Além da Ilusão começa com truques de mágica, exalta a elegância dos anos 1930 e ressuscita expressões antigas que provavelmente cairão na boca do povo. "Supimpa", "ora, pipocas" e "abespinhado", que faziam parte do vocabulário de nossos avós, estão incorporadas aos belíssimos diálogos.
Logo no primeiro capítulo, um Rafael Vitti maduro e confortável no papel de mocinho de época foi um dos destaques. Davi é o típico herói atrapalhado, mas com tantas qualidades que o tornam adorável. Do mesmo modo, Larissa Manoela está à vontade como Elisa, uma jovem que, apesar da época, tem ideias progressistas e feministas. Resta saber como a atriz conseguirá diferenciar esta de sua outra personagem, Isadora, na próxima fase.
E por falar em Isadora, a fofíssima Sofia Budke roubou a cena como a caçula de Matias (Antonio Calloni). A sintonia com Davi, ainda na infância, pode ser fundamental na construção dessa história no futuro.
No núcleo do engenho da família Camargo, foi um presente para o público matar a saudade de Lima Duarte em cena. A conturbada relação do patriarca Afonso com a filha Heloísa (Paloma Duarte, neta do artista na vida real) é rica em traumas e mágoas do passado. Já Violeta (Malu Galli) é o fio que tenta unir a família, apesar dos erros de todas as partes. O capítulo ainda trouxe uma prévia do que deve ser a conturbada relação de Violeta com Eugênio (Marcello Novaes).
Ainda há muito o que se ver nos próximos capítulos, mas a julgar pelas cenas da estreia, Alessadra Poggi deu um ótimo pontapé inicial. Mais do que ilusão, a trama vai além das questões de afeto e de uma sociedade em transformação. Vale conferir.