Poucas atrações da TV aberta sobreviveram tanto tempo no ar quanto Malhação. Após 27 temporadas e muitas histórias contadas, a novelinha adolescente deixa a grade de programação nesta sexta-feira (28).
A produção moldou gerações e deixou um legado importante na televisão brasileira: é possível, sim, dialogar com o público jovem sem subestimar suas angústias, alcançando, assim, diversas faixas etárias. Vai deixar saudade!
Confira abaixo os motivos pelos quais sentiremos falta:
Papo de jovem
Há poucas opções de entretenimento, na TV aberta, direcionadas para o público adolescente. Malhação sempre teve uma conexão forte com a juventude, desde sua estreia, em 1995.
Renovação
Poucas produções se mantiveram no ar por tanto tempo. O segredo de Malhação era a renovação, a cada ano, dando espaço para um elenco totalmente novo e histórias diferentes. Muitas vezes, o cenário também mudou: academia, colégio, faculdade e até o quarto de Mocotó (André Marques) já tiveram espaço nas tramas.
Escola de atores
Muitos artistas que hoje em dia brilham nas TV começaram em Malhação, que sempre serviu como uma porta de entrada para quem estava começando na carreira. Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Nathalia Dill, Caio Castro e Sophie Charlotte foram alguns dos artistas lançados na novelinha.
Encontro de gerações
Além do elenco iniciante, veteranos passaram pela novelinha, alguns mais de uma vez, como Tato Gabus Mendes (em 1997, 2001 e 2019), Totia Meirelles (em 1995, 1998 e 2003) e Paulo Betti (em 2001 e 2005). Foram marcantes também as participações de Luis Gustavo (1934 – 2021), Nair Bello (1931 – 2007) e Nicette Bruno (1933 – 2020).
Famílias
Desde a primeira temporada, as relações familiares foram exibidas em todas as suas nuances ao longo do tempo. A instituição familiar mudou nos últimos anos, e Malhação acompanhou tudo: das "famílias tradicionais", passando pelos filhos de pais separados, criados pelos avós ou tios, o desafio sempre foi o de orientar os jovens a seguirem seus caminhos.
Muito além dos romances
Os casaizinhos fofos sempre tiveram destaque nas temporadas, mas outras relações roubavam a cena. Um bom exemplo foi a amizade das Five em Malhação – Viva a Diferença (2017). Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski) tinham seus interesses românticos, mas o foco principal sempre foi a amizade das meninas.
Representatividade
Protagonistas negros, com deficiência física ou intelectual, LGBT+, de diferentes classes sociais: todos tiveram voz em Malhação. Para minorias até então invisibilizadas, foi de fundamental importância ver, por exemplo, duas meninas namorando ou o bullying sofrido por uma autista. O jovem em suas múltiplas realidades conseguiu se enxergar na ficção, se identificando com os dilemas dos personagens.
Filhotes
Por falar nas Five, Malhação termina, mas o seriado das cinco amigas segue firme e forte na Globo. Pelo menos, mais duas temporadas já estão garantidas, ou seja, os "órfãos" da produção têm uma ótima opção na ausência da novelinha.